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19 de dezembro de 2013

Num piscar de olhos


Então você se descobre grávida. Sentimentos se misturam, hormônios correm pelo corpo, logo a barriga começa a se arredondar. Com a nova silhueta, avolumam-se também os movimentos do bebê, é um oceano de novidades inundando o seu âmago. Então chega o dia P, ué, ué, ué... nasceu!

Parece até leviano descrever em um parágrafo tão singelo o desenrolar de uma gravidez. Mas a vida se desenvolve assim mesmo, eventos únicos e importantes passam por nós tão rapidamente que corremos o risco de perdê-los, caso tenhamos o azar de piscar os olhos justamente nesse momento. Como no bater de asas do beija-flor, movimentos quase imperceptíveis são os que nos mantêm flutuando no ar, e nos levam adiante na vida, de flor em flor, de beijo em beijo, de amor em amor.

13 de dezembro de 2013

Parto: assunto de todos e de todas

Quem frequenta nossos encontros, nosso blog, nosso grupo no facebook e outros locais (virtuais ou não) que discutem assistência ao parto já está cansadx de ouvir falar de violência obstétrica ou violência institucional no parto. Infelizmente.

26 de outubro de 2013

May Pazinato - conveniências, desrespeito e violência no Santa Joana

Relato do meu parto no Santa Joana- SP 02/09/13

Aqui vou escrever como meu sonho de parto normal foi destruído pela maternidade Santa Joana. Durante a gestação do Felipe, fui atrás de informação e descobri o grande mercado lucrativo das cesáreas... as desculpas dadas para que o GO faça e as desvantagens e riscos de uma cesárea eletiva. Eu e meu marido optamos pelo parto normal, queria que o Felipe viesse ao mundo da forma mais natural possível, com bastante amor, vindo direto para os meus braços e meu peito para se aconchegar e mamar. 
Comecei a sentir as contrações e cólicas no domingo, dia 01/09 pelas 06h da manhã. Imaginei que estava chegando a hora mas segui meu dia normalmente. Fui almoçar na casa dos sogros, ao mercado, recebi minhas amigas no fim do dia mas, nesse momento, já estava com contrações mais doloridas e a cada 20 minutos. De noite assisti ao fantástico e resolvi tomar banho para relaxar... Por volta das 23h já estava com contrações a cada 8 min e bem doloridas. Foi então que depois de um tempo ainda, resolvi ir para a casa de parto do Sapopemba. Deixo claro que as minhas contrações estavam totalmente suportáveis e estava totalmente preparada para o meu parto normal. 

19 de outubro de 2013

Famílias fazem Marcha pela Humanização do Parto em S.André


Do Diário Regional
19/10/2013
Por Aline Melo

Hoje (19), no período da manhã, famílias, ativistas e profissionais de Saúde farão ato pacífico em diferentes cidades do país, entre elas, Santo André. O protesto tem como pauta a Humanização do Parto, com enfoque na melhoria das condições da assistência obstétrica e neonatal no país e na valorização dos profissionais e dos estabelecimentos de saúde onde mulheres e bebês são respeitados.
“Na nossa região não dispomos de nenhuma maternidade, privada ou pública, com atendimento humanizado e, por isso, também estamos nos mobilizando,” afirmou Carla Capuano, uma das coordenadoras da atividade. A concentração para a marcha será às 9h30, em frente ao Shopping ABC (avenida Pereira Barreto, 41). Os manifestantes sairão em caminhada até o Hospital e Maternidade Brasil.

Implementada em 2011, Rede Cegonha trouxe poucas mudanças


Do Diário Regional
19/10/2013
Por Aline Melo

O programa do governo federal Rede Cegonha, conjunto de ações que visam à qualificação do atendimento à gestante desde o início da gravidez e ao bebê até os 2 anos de vida, começou a ser implementado em 2011 na região. Entre os objetivos, está a redução da taxa de cesarianas nos hospitais públicos. No ABC, até agosto de 2013, nos estabelecimentos municipais e estaduais, a taxa de nascimentos por via cirúrgica foi de 43,6%, mais que o dobro da recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS, que é 15%.

Ativista nega que mulheres preferem a cesariana


Do Diário Regional
19/10/2013
Por Aline Melo

A alegação de muitos profissionais para justificar as altas taxas de cesarianas dos hospitais privados – no ABC, nos estabelecimentos particulares, 87,5% dos nascimentos até agosto de 2013 foram por via cirúrgica – é por escolha das mulheres. A editora e ativista do parto natural, Denise Niy, contesta essa afirmação. “Há estudos brasileiros muito bem realizados que provam que a maioria das mulheres quer parir. Contudo, as pesquisas também são bastante contundentes ao mostrar que a preferência por via de nascimento muda ao longo do pré-natal e que o principal agente a influenciar essa mudança de opinião é o próprio médico”, afirmou.
Denise é uma das coordenadoras do grupo de apoio à maternidade ativa Maternamente, de Santo André, e entende essa questão como um alinhamento de interesses operado pelo médico: como para o profissional a cesariana é mais conveniente, mesmo que de modo indireto, vai fazendo com que a mulher adote seu ponto de vista.
“Em alguns casos, esse alinhamento de interesses sequer acontece, mas diante de uma indicação de cesariana no fim da gestação, verdadeira ou não, a mulher não se sente habilitada a recusar a cirurgia”, explicou. Além disso, a ativista destaca que, atualmente, o parto normal disponível à maioria das mulheres é um muito ruim. “A mulher não tem direito a acompanhante – mesmo existindo uma lei que deixa isso claro. Não tem direito a se movimentar, nem a escolher a posição em que deseja ficar”, justificou.
Direitos negados
A editora destaca que, além da enorme lista de direitos negados, o parto normal nas maternidades brasileiras, em geral, é cheio de intervenções desnecessárias e dolorosas, como ocitocina (o “soro”) durante todo o trabalho de parto, episiotomia (“pique” no períneo) de rotina, manobra de Kristeller (quando se empurra a barriga da mulher), entre muitas outras.
“É muito comum que o parto normal seja associado à dor e ao sofrimento. Porém, é importante dizer que a maior parte desse sofrimento se deve ao modo como a mulher é atendida, não ao parto em si, que quando tratado como evento fisiológico, de modo respeitoso e baseado em evidências, constitui uma experiência prazerosa e enriquecedora”, finalizou.





Por parto normal, gestante troca plano de saúde pelo SUS

Do Diário Regional

19/10/2013
Por Aline Melo

Com 37 semanas de gestação, Juliana interrompeu acompanhamento com obstetra particular.
Foto: Arquivo pessoal

As altas taxas de cesarianas dos hospitais privados – a rede particular do ABC teve até agosto de 2013 87,5% de nascimentos por via cirúrgica – tem levado mulheres a procurar o atendimento público, mesmo contando com convênio médico. É o caso da bancária Janaina Lino Pereira, moradora de Diadema, que deu à luz seu primeiro filho em julho deste ano.

Taxa de cesariana na rede privada do ABC é de 87,5%

Do Diário Regional
19/10/2013
Por Aline Melo 

Na rede pública 43,6% dos bebês nasceram por meio de cesarianas. Foto: Divulgação


Levantamento realizado pela reportagem do Diário Regional junto às prefeituras do ABC identificou que, em 2013, dos 10.891 nascimentos ocorridos em hospitais privados até agosto, 87,5% foram por via cirúrgica. A taxa é quase seis vezes maior do que a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirma que as cesarianas não devem ultrapassar 15% do total dos nascimentos. Na rede pública, o número é menor, mas ainda longe do ideal: 43,6% dos bebês nasceram em cirurgias. A taxa total da região é de 65,2% de cesáreas, no total de 22.066 nascimentos. Em 2011, a taxa ficou em 64,68%.Lançado este ano, o documentário O Renascimento do Parto, apresenta diversos relatos de mulheres que foram submetidas a cesarianas, não por opção, mas porque foram induzidas de alguma forma pelos médicos, com alegações não baseadas em evidências científicas. Mães, pais e profissionais que apoiam o parto normal relatam como essa experiência pode ser traumática e a cesárea sem indicação médica clara é classificada como violência obstétrica.

12 de setembro de 2013

É preciso uma aldeia!

Voltando de uma visita a uma mulher parida, muitos pensamentos  me assaltando. Tinha ido lá para passar uns minutos, agenda apertadíssima - cronograma de estudos estourado, aniversário da filha no dia seguinte, mãe visitando, a casa de pernas para o ar (como sempre, aliás!)...
Havia combinado com outra companheira de jornada e vizinha da moça, e lá fomos nós, a pequena dela literalmente a tiracolo no sling. 

Importante dizer que a mulher parida, no penúltimo minuto da prorrogação, ganhou a partida sem ir para os pênaltis: correu da assistência tradicional e do maravilhoso convênio no finalzinho da gestação e foi parir na Casa de Parto de Sapopemba.


5 de setembro de 2013

29 de agosto de 2013

Programa Pra Você Ver - Parte 2

Na segunda parte do programa, o foco são as doulas e os centros de parto normal. Fala-se, especificamente, da Casa de Parto de Sapopemba - fiquei emocionada com a divulgação da CP.

23 de agosto de 2013

31/08 é dia de Encontro MaternaMente!

Na próxima semana, temos encontro presencial! Se você está grávida, pretende ficar, já esteve mas não consegue ficar longe deste mundo, aqui é seu lugar!!

Venha se encontrar com a gente para mais uma tarde de conversas e trocas de informações!

Nosso tema para o dia 31/08 é a presença d@ companheir@ na cena do parto. Muitas mulheres se deparam com dificuldades quando se vêem grávidas pois nossa cultura superestima os riscos do parto e subestima os riscos da cesárea. Assim, não é incomum haver discordância com familiares sobre as escolhas para esse momento, particularmente quando queremos ir na contramão dessa cultura.

Portanto, este encontro é sob medida para quem quer se fortalecer e também uma boa oportunidade para trazer seu/sua companheir@!

Vejo vocês lá!

22 de agosto de 2013

Programa Pra Você Ver - Parte 1


Nesse programa em três blocos, a TVT aborda a situação atual do nascimento do Brasil e mostra alguns caminhos que as mulheres têm trilhado para conquistar um parto seguro e respeitoso.

9 de agosto de 2013

Memória e Contexto - Parte 3:

No final de 2012, o Grupo MaternaMente foi convidado a falar sobre gestação e parto no programa Memória e Contexto, da TVTO Memória e Contexto tem por objetivo ativar o pensamento e a ação crítica por meio de conteúdos apresentados com o apoio do acervo da TVT e através dos testemunhos de quem viu ou viveu os fatos. No estúdio, convidados e apresentadora refletem sobre a conjuntura atual em um bate-papo informal mesclado com música. No programa que foi ao ar em 12 de dezembro de 2012, com uma hora de duração, a repórter Maria Amélia Rocha Lopes nos recebeu junto à pedagoga Fátima Gonçalves Benevides, integrante do Projeto Menina Mãe da Associação Paulista de Medicina, subsede Santos. A discussão sobre humanização da assistência foi intercalada com deliciosas intervenções musicais ao vivo do artista João Macacão. Recentemente os links para o programa foram disponibilizados online pelo canal, o que nos motiva hoje a refletir sobre os temas novamente. Convidamos você a pensar junto com a gente sobre os nós-críticos que ainda precisamos desatar para termos assistência digna, respeitosa e segura para mulheres nesta etapa de suas vidas.





O que mais me chama a atenção nesse bloco do programa são as imagens do parto hospitalar. Nelas é possível perceber várias intervenções sendo executadas sobre os corpos das mulheres. A gente poderia brincar de um "jogo dos 7 erros"... Pause o filme nas imagens de mulheres parindo e anote tudo que conseguir identificar como procedimento desnecessário, inseguro, doloroso e/ou não baseado em evidência. Eu já contei bem mais que sete...
É comum, entre nós, as mulheres pensarem que tais procedimentos ou condutas são tecnologia agregada para o bem da dupla mãe-bebê, pois são executadas por profissionais de saúde de alta qualificação e dentro de espaços destinados a cuidar das pessoas. Visto que parece ser impossível dissociar parto e esse pacote de intervenções, é também comum que as mulheres que já passaram por uma experiência ruim de parto ou ouviram o relato de alguém, passem a desejar para si a possibilidade de excluir esse sofrimento no nascimento de seus filhos.
Esse é o contexto ideal para a propagação da ideia da cesárea eletiva como alternativa "respeitosa" e indolor. Não fossem as intervenções danosas criadas pela própria assistência, seria bem mais difícil convencer mulheres a terem seus corpos abertos por uma cirurgia altamente invasiva e de grande porte para trazer seus bebês ao mundo. Esse é portanto um cenário duplamente perverso, pois impõe sofrimento para vender conveniências.
Ainda assim, é uma falácia afirmar que as mulheres desejam as cesáreas que por isso abundam no setor privado. Durante a conversa, quis mencionar dois estudos brasileiros que mostram claramente que a maioria das mulheres, no início da gestação, deseja parir. Entretanto, ao final, muitas mudam de ideia e desejam cesáreas. O que lhes acontece durante o trajeto do pré-natal que propicia essa mudança no desejo? Acho que você já sabe a resposta.
Caso queira aprofundar a leitura no tema, recomendo ler os estudos sobre os quais não houve tempo pra falar durante o programa. Nos links abaixo, você os encontra. Boa leitura e boa reflexão!

www.scielosp.org/pdf/csc/v13n5/17 - Estudo executado em hospitais privados da cidade do Rio de Janeiro

www.scielo.br/pdf/rsp/v38n4/21076.pdf - Estudo executado em hospitais públicos dos estados de São Paulo e Pernambuco

7 de agosto de 2013

Há uma década...

Para Sophia, em seu décimo aniversário.

Você e eu, desde então...

Você já me ouviu contar, sei lá quantas vezes. Sem nunca pedir sua permissão, as palavras que contam como você chegou saem da minha boca com certa facilidade. Venho assim relatando como tudo aconteceu em situações as mais diversas. Até em evento científico já contei. Mas não, nunca consegui escrever. Será que hoje dou conta?

Não dá para começar sem dizer que eu tinha um pouco menos idade que você quando pedi à minha mãe - enfermeira de maternidade em hospital militar na época, coração temporal da ditadura - que me levasse para assistir a um parto. Ela não era de me fazer vontades se fosse para comprar alguma coisa - mas movia o mundo para me conceder espaço para crescer. Foi até o chefe e pediu: minha filha quer ver um parto. Ele, oficial-médico do exército, pragmático, perguntou minha idade, sorriu e respondeu: peça a ela que volte a me pedir isso daqui a nove anos. Passei um tempo ainda querendo e depois... esqueci. Foi bom não ter visto partos cheios de intervenção, a todo custo? Foi ruim não ter cumprido o desejo? Nunca vou saber.

Passei a vida adulta oscilando entre desejar ter cinco filhos e nenhum. Mas um  dia a vontade veio com força. Foram onze meses de tentativas, até que você apareceu. Eu estava para completar 40 anos e senti umas borboletas na barriga. Esperei mais uns dias e fiz o exame de sangue: pimba! Fiquei feliz, comemorei com seu pai e com os amigos, com quem tínhamos feito a famigerada aposta das fraldas. Ganhamos! ÊÊÊÊÊ!

Algumas semanas depois, um leve sangramento "velho", um exame de ultrassom e um diagnóstico temido: aborto em curso (papo para outra história...). Que não era, né? Muita apreensão, medo, solidão no repouso absoluto. Quando a gente tira 30 dias de férias, o tempo voa. Mas 30 dias de repouso em "ameaça de aborto" parecem não ter fim.

Dali pra frente eu e você vivemos um passeio! Náuseas e dois episódios mais sérios de vômito à parte, a vida de grávida estava ótima. Eu, sempre muito disposta, nada de cansaço, via minha barriga crescer cheia de energia. Soube que você era você na segunda USG morfológica, com cerca de 22 semanas. A bem da verdade, não sabia minha DUM, e a idade gestacional era datada pela primeira USG, com cerca de 8 semanas.

Li muita coisa na internet, mas não cheguei a descobrir grupos de apoio. Encontrei o site www.amigasdoparto.com.br mas não cheguei a entender que aquilo me dizia respeito. Via relatos e fotos, mas imaginava que não precisava aprender nada sobre aquilo, pois É CLARO que eu seria respeitada em minhas escolhas. Por outro lado, virei "mestra" em aleitamento, sabia tudo sobre pega, aleitamento materno exclusivo, ordenha, estocagem, relactação.

Os meses passaram lisos, até que um dia, por volta da 37.ª semana, senti que a dinâmica estava mudando. Chamei a obstetra, que era uma colega de trabalho, e ela ficou comigo por meia hora, acompanhando a dinâmica das contrações. Parecia preocupada... Tínhamos consulta de pré-natal naquele mesmo dia, no final da tarde. No consultório, o exame de toque revelou colo ainda grosso, mas com  cerca de 3,5 cm de dilatação e a amnioscopia  mostrou cabelos pretos e líquido com grumos. Você tinha cabelos, e eram escuros!!! E eu estava querendo muito te conhecer! No entanto, a obstetra ponderou que era cedo, que você poderia engordar mais e me prescreveu um inibidor de contrações e ... mais repouso.

Na semana seguinte, ela ficou muito surpresa de ver a dilatação do colo completamente regredida a zero. Até hoje me pergunto se era isso mesmo e porquê. Voltei para casa chateada por ter tomado o tal remédio e resolvi parar por conta própria. Não demorou muito, as contrações voltaram e, no dia 6 de agosto de 2003 passei o dia todo com elas, enquanto trabalhava em um projeto frila para um hospital da região, com a equipe deles se reunindo comigo em casa.

Na noite daquele dia 6, que você já sabe ser a véspera dos seu nascimento, fui encontrar minha obstetra para fazer um exame - cardiotocografia - no hospital onde ela estava de plantão.Não tínhamos combinado de você nascer lá, embora o plano fosse um outro hospital também público, mas eu não sabia de fatos que levariam à minha internação naquela noite. Ela tinha medo de me dizer que tinha um compromisso no fim de semana seguinte fora da metrópole, e resolveu aproveitar aquele plantão para "fazer" meu parto. Eu tinha ido para lá sem nada de meu, e duas amigas foram me acompanhando. Ao exame, as contrações que eu vinha sentindo durante todo o dia apareceram e os médicos - uns três, acho - decidiram que eu estava em trabalho de parto. Eu dizia que não, que você ainda ia demorar mais uns dias para nascer (não me pergunte porque, mas eu sabia, rsss...). Subi na maca para ser examinada e, sem ser avisada, tive as membranas descoladas e o tampão removido. Aquilo doeu muito e me senti abusada, violentada. Aquele procedimento me desgovernou e me calou. Saí dali em cadeira de rodas, já com soro de ocitocina ligado na veia, com aquela camisolinha de chita florida amarela. Minhas amigas mal tiveram tempo de se despedirem de mim, e lá fui eu para uma sala de observação lotada.

A obstetra me colocou na última maca, perto da janela, e um biombo me separava das outras. Acho que tinha umas doze no total daquele lado do corredor, e do outro, lá longe, devia ter mais ou menos a mesma quantidade. Um mundo de mulheres, só eu em trabalho de parto. Perdi a conta de quantas vezes vieram me tocar, a memória daquela madrugada é difusa, mas me lembro de algumas pérolas. Certa vez, alguém veio fazer o toque apenas alguns minutos depois de outro alguém - como eu disse que não, fui sutilmente ameaçada com "você precisa cooperar". Eu ainda estava bem "eu mesma" e mandei falar com a Dr.ª X. Ela era preceptora de alunos. Eu não tinha a menor noção, então, de como as coisas ficam violentas para mulheres que parem em hospitais-escola. Em outro momento, uma moça - provavelmente residente ou interna - disse para outra que o trabalho de parto tinha "miado". Em outra ocasião, as duas conversavam sobre como a vagina nunca mais era a mesma depois de um parto normal. Falavam essas coisas como se eu não estivesse ali. Toques sucessivos, frio vindo da fresta da janela, ocitocina com dose aumentada - muitos eram os desconfortos. Ao amanhecer, o inferno havia se aberto. As contrações ficaram muito próximas e duravam muito tempo. Eu sentia como se uma serra em formato de pêndulo passasse lentamente sobre minha cintura e me abrisse ao meio, mal me dando tempo de respirar entre idas e vindas. Ah, havia doulas. Sem nenhuma autonomia de trabalho, sem instrumentos, apenas seguravam minha mão e me olhavam com compaixão. Que dureza...

Nesse momento, a obstetra voltou. Como não havia progresso desde o início da noite - estacionado em 4 cm desde minha admissão às 22:00 h da noite anterior, ela resolveu utilizar comprimidos de misoprostol no canal. Se as coisas já estavam bem difíceis, ficaram piores. Das 7:00 h às 9:30 h, cada contração me fazia pensar que morreria. O plantão dela havia acabado e ela estava assentada ao meu lado, volta e meia me dizendo que eu era a única ali com escolha, que não precisava passar por aquilo, que era só dizer que ela resolvia tudo rapidinho para mim. Me lembro de repetir, com voz de bêbada, que aguentava mais uma. Várias contrações coladas uma na outra e um exame de toque depois, ela resolveu me colocar novamente na cardiotoco. "Hmmm... o nenê tá bradi". Essas foram as palavras mágicas. Acabou a luta - será mesmo que lutei contra alguma coisa? Num instante a maca estava sendo conduzida para o centro obstétrico e eu sendo preparada para a cirurgia.

Detalhes que ficaram na memória: o anestesista, competente, delicado e lindo - eu não estava morta, hehehe! - me cumprimentou, anunciou o procedimento, esperou passar mais uma contração, explicou cada movimento que fazia e acertou na primeira, antes de vir mais uma contração (os intervalos estavam durando menos de 50 segundos, pelo que diziam). Ah, sim: antes da anestesia, assim que cheguei na famigerada sala, vomitei no chão... e disparei a chorar. O bonitão me perguntou se estava com medo e eu: "nãããão, eu tô triiiiiste!". Demoraram a trazer campos e outros apetrechos. Por conta disso, minha camisolinha de chita florida foi suspensa na minha frente e presa no suporte - um campo floridinho... A essa altura já estava com os punhos contidos por faixas de couro e minha preocupação era que já estivessem querendo me cortar enquanto eu ainda sentia as coisas. Falei disso e o cirurgião auxiliar me pediu para levantar a perna - obviamente não consegui. Alguém perguntou como seria seu nome e quando eu disse começou a cantar "Sô fio da véia ô...". Engraçadinho. Daí pra frente tudo foi rápido. Ouvi seu primeiro "ruá!" e só então pareceu uma eternidade até que trouxessem você até o meu rosto.

Você chegou chorando com ritmo. Quando te colocaram perto do meu rosto, você parou. Nossos olhos se cruzaram por alguns segundos, seu cheiro doce impregnou minhas narinas para sempre: é o mesmo perfume que fica na raiz dos seus cabelos quando sai o cheiro do xampu. Mas te levaram, sem a menor chance de nos tocarmos. No segundo que te afastaram de mim, você retomou o choro ritmado e firme.

Não somos nós, mas foi bem assim
Imagem aqui

O que aconteceu depois merece outro relato. Ficaríamos afastadas ainda por 12 longas horas. Não tivemos nenhum registro do nascimento, nem da internação ou da primeira mamada. Tudo que resta é uma foto sua no berçário, tirada por papai. Muitas coisas aconteceram naqueles dias no hospital, que também precisam ser contadas... Prometo que ainda escrevo sobre isso um dia, ok?


1 de agosto de 2013

Memória e Contexto - Parte 2:

No final de 2012, o Grupo MaternaMente foi convidado a falar sobre gestação e parto no programa Memória e Contexto, da TVTO Memória e Contexto tem por objetivo ativar o pensamento e a ação crítica por meio de conteúdos apresentados com o apoio do acervo da TVT e através dos testemunhos de quem viu ou viveu os fatos. No estúdio, convidados e apresentadora refletem sobre a conjuntura atual em um bate-papo informal mesclado com música. No programa que foi ao ar em 12 de dezembro de 2012, com uma hora de duração, a repórter Maria Amélia Rocha Lopes nos recebeu junto à pedagoga Fátima Gonçalves Benevides, integrante do Projeto Menina Mãe da Associação Paulista de Medicina, subsede Santos. A discussão sobre humanização da assistência foi intercalada com deliciosas intervenções musicais ao vivo do artista João Macacão. Recentemente os links para o programa foram disponibilizados online pelo canal, o que nos motiva hoje a refletir sobre os temas novamente. Convidamos você a pensar junto com a gente sobre os nós-críticos que ainda precisamos desatar para termos assistência digna, respeitosa e segura para mulheres nesta etapa de suas vidas.



Neste bloco do programa, dois assuntos ficaram no foco: a Depressão Pós-Parto e a Humanização da Assistência.

Você se sentiu triste, incapaz, incompetente, logo que seu bebê nasceu? Sentia-se mal ao lembrar de como tinha sido tratada pelas equipes de atendimento durante o processo de gestação e nascimento? Conseguiu falar disso com as pessoas ao seu redor? Se venceu essa barreira e contou do seu mal-estar, sentiu-se acolhida?
A maioria das mulheres sente algum tipo de desconforto emocional quando nascem os filhos. Os desafios percebidos, o novo, a privação do sono, os receios ligados às responsabilidades que se apresentam, as dificuldades no relacionamento com @ parceir@, a assistência desrespeitosa e violenta no parto, a desconsideração de suas capacidades, e mais uma lista que você pode continuar escrevendo: tudo isso e muito mais pode desencadear um sentimento profundo de inadequação que, se não for acolhido com afeto, apoio, suporte e empatia pode levar a mulher a um estado depressivo. Estamos muito acostumadas a pensar em nós mesmas como causa e consequência dos problemas que nos acometem, mas precisamos romper com esse raciocínio: esse é um caso claro de responsabilidade coletiva! De sua parte, ponha a boca no trombone e fale do que te incomoda para quem estiver mais perto. Se encontrar um grupo de apoio para o pós-parto, tanto melhor. Conselho para todas as outras pessoas: olhem para a mulher - ela não é um recipiente de carregar bebê! Visitas, ao invés de presentes, levem sua mão-de-obra: passem um pano no chão, levem comida, lavem a louça empilhada na pia, pendurem a roupa no varal, levem o menor para passear na praça. Homens-pais, particularmente: usem este momento para rever tudo o que pensavam antes a respeito de tarefas domésticas e ponham a mão na massa - a casa é responsabilidade de quem nela mora. Pequenos atos que podem mudar o dia de cinza para azul e auxiliar uma mulher a se sentir capaz de dar conta da maternidade.

Quanto à humanização... sinto que temos um caminho longo, tortuoso e acidentado para trilhar. Se fosse fácil, não seria necessário militar por isso, certo? É justamente por estarmos imersas em uma cultura que parte do conceito do corpo feminino como imperfeito e perigoso, portanto objeto de correção necessariamente, que parece às vezes que clamamos no deserto. Assistência baseada em rótulos: adolescente, primípara idosa, com problemas de fertilidade. Todos adjetivos para apontar "defeitos" femininos que justificam uma série de intervenções sem qualquer base científica. Vamos combinar um mantra? "Assistirás com respeito aos direitos humanos e com base em evidências científicas". Simples, não?

29 de julho de 2013

A Violência Nossa de Cada Dia: Relato da Elis Almeida

Elis, grávida de Ester, com Pedro no colo
A violência institucional contra as mulheres em serviços de saúde é um fato tão negável quanto "invisível". Quando se trata de serviços destinados à assistência ao parto e nascimento, há ainda uma terrível naturalização dos atos e procedimentos executados pela equipe, que são vistos como inseparáveis da "situação parto". Para mudar essa cultura, é vital que mais e mais mulheres contem suas vivências e mostrem às outras e ao mundo que violência não é natural, que seus corpos lhes pertencem e não podem ser aviltados em nome do que quer que seja. Violência obstétrica é violência contra a mulher.

Elis Almeida é uma dessas mulheres, que cotidiana e diuturnamente são violentadas pelo sistema de saúde e pelos serviços obstétricos. Hoje ela compartilha conosco a história de violência que cercou sua gestação, e principalmente o parto de seu segundo filho, Pedro.


Parto do Pedro.

Junho de 2011: descobri a planejada gravidez e comecei o pré-natal na cidade que eu morava na época (Diadema), acompanhamento feito por Enfermeira Obstetra, e com GO a cada dois meses (em UBS).Todos os exames de rotina realizados no primeiro trimestre confirmando uma gravidez normal, e assim seguimos.
Segundo trimestre de gravidez, eu já estava morando em S. André, e transferi então o pré-natal para uma UBS próxima ao meu novo endereço.


25 de julho de 2013

Memória e Contexto - Parte 1: Temos direitos?

No final de 2012, o Grupo MaternaMente foi convidado a falar sobre gestação e parto no programa Memória e Contexto, da TVTO Memória e Contexto tem por objetivo ativar o pensamento e a ação crítica por meio de conteúdos apresentados com o apoio do acervo da TVT e através dos testemunhos de quem viu ou viveu os fatos. No estúdio, convidados e apresentadora refletem sobre a conjuntura atual em um bate-papo informal mesclado com música. No programa que foi ao ar em 12 de dezembro de 2012, com uma hora de duração, a repórter Maria Amélia Rocha Lopes nos recebeu junto à pedagoga Fátima Gonçalves Benevides, integrante do Projeto Menina Mãe, da Associação Paulista de Medicina, subsede Santos. A discussão sobre humanização da assistência foi intercalada com deliciosas intervenções musicais ao vivo do artista João Macacão. Recentemente os links para o programa foram disponibilizados online pelo canal, o que nos motiva hoje a refletir sobre os temas novamente. Convidamos você a pensar com a gente sobre os nós críticos que ainda precisamos desatar para termos assistência digna, respeitosa e segura para mulheres nesta etapa de suas vidas.



No primeiro bloco do programa, falamos de direitos. Fátima chamou a atenção para o fato de as escolas muitas vezes colaborarem para a evasão de adolescentes que engravidam, desestimulando-as a vir à escola para "evitar dar mau exemplo". As adolescentes têm o direito de se afastar da escola em licença-maternidade e podem fazer suas provas em casa, mas muitas vezes esses direitos lhes são negados. Tive um sentimento imediato de indignação ao ouví-la comentar sobre isso, e não pude deixar de pensar em como essa negação de direitos é fundamentada na visão de gêneros que temos na nossa sociedade. Lembrei-me também de uma professora que costuma dizer que, se a gravidez acontecesse no corpo dos homens, talvez aborto não fosse crime, mas um sacramento... De nossa parte, lembrei o quanto era importante estar ciente de que a assistência respeitosa e baseada em evidências científicas se inscreve no campo dos direitos humanos, mas gostaria de ter citado outras normas jurídicas além da Lei 11.108/05, conhecida como Lei do Acompanhante. Quem mandou falar demais? Rsss...

18 de julho de 2013

Relato de Parto: Tatiana Santiago parindo Nina

Hoje, compartilhamos com vocês mais uma história de busca pela melhor forma de trazer ao mundo um bebê. Agradecemos à Tati Santiago pela grandeza da partilha desse momento tão íntimo e especial. Ao final, não deixe de assistir ao lindo vídeo.

Relato de Parto da Nina

Bem, para começar essa história, é bom dizer que tudo começou bem antes de eu engravidar do Ian, meu primeiro filho. Desde sempre, eu dizia que quando tivesse um filho, faria tudo o que fosse comprovadamente o melhor para ele, e isso incluía um parto normal! Em meio a essa convicção, fiz uma lipo de abdômen – nunca senti tanta dor! A partir daí eu tive a certeza de que a cesariana não seria parte do meu destino.

28 de maio de 2013

Debate na Prefeitura de São Paulo

"Violência obstétrica e o modelo que queremos" foi o tema do debate, que aconteceu ontem, na prefeitura de São Paulo, com chamada pela vereadora Juliana Cardoso. O auditório ficou pequeno para tanta gente e foi preciso alocar uma sala com telão e transmissão ao vivo, inclusive via Internet, para dar conta do público.

26 de maio de 2013

Eu: que coisa é essa?

Estou caindo de sono, cansada e certa de que as horas passadas aqui, na frente dessa tela e não na cama, farão falta amanhã. Mas também sei que se não botar os dedos para trabalhar agora, vou me deitar, rolar para um lado, rolar para o outro e não vou adormecer.

Hoje foi um dia muito diferente de minha rotina, participei de um workshop sobre carreira e modelo de negócios. Pela primeira vez na vida. Comecei assim: carreira, o que é isso? Jamais tive uma. Modelo de negócios? Não tenho a menor ideia do que se trate. E a cada item que me era apresentado, eu me descobria mais e mais ignorante.

13 de maio de 2013

Mães possíveis fazem o impossível

Picasso, "Maternidade"

Poucos dias atrás postei no Facebook um evento cotidiano com meu filho. Mais ou menos assim:

- Mamãe, eu quero dar um presente de dia das mães pra vc.
- É mesmo?! Que legal! E o que vc vai me dar?
- O que vc quer ganhar?
- Hum... pra mim, o melhor presente é você!
- Eu?
- É. Se não fosse você, eu não seria mãe, não é?

[ele pensa. aí para no meio da calçada e se abaixa.]

- Ô mamãe... Puxa a fita aí pra abrir o seu presente!

Um monte de gente apareceu pra curtir e comentar o ocorrido. Não estou acostumada com tanta popularidade nessa rede social, ainda mais nos últimos tempos, que têm sido de um autoexílio tão consciente quanto involuntário. Fiquei espantada!


11 de maio de 2013

Lei do Acompanhante é descumprida em hospitais e maternidades brasileiras

Bruna Ramos
Portal EBC

Estudos apontam que os partos realizados com a presença de um acompanhante
trazem grandes benefícios e evitam problemas à saúde da gestante. (Radilson Carolos Gomes)

No último dia 22, o Ministério Público Federal determinou que hospitais e maternidades que descumprem a Lei do Acompanhante, no Pará, têm 45 dias para se adequar à lei. Mesmo após oito anos em vigor, a lei que garante às mulheres um acompanhante durante o trabalho de parto, durante o procedimento e no pós-parto imediato é descumprida por grande parte dos serviços de saúde.

6 de maio de 2013

Nascimento da Ester


Por Elis Almeida

Como a maioria sabe engravidei sem planejar qndo meu bebe (Pedro) estava com 4 meses, ai veio a linda Ester que eu queria muito para daqui uns dois anos.Rs.

3 de maio de 2013

5 de maio: Dia Internacional da Obstetriz

Obstetriz ou midwife ou sage-femme é a profissional de nível superior que estudou e praticou para atender a mulher em seu ciclo reprodutivo. Essa profissional acompanha o período pré-concepção, faz o pré-natal, atende o parto e o pós-parto. Representa a tecnologia mais avançada e eficaz nesse tipo de assistência - desde que, evidentemente, esteja inserida num modelo congruente com seu trabalho. E domingo, 5 de maio, é o Dia Internacional da Obstetriz. Nós nos reuniremos no Parque Mário Covas, às 9h da manhã, para manifestar nosso apoio e admiração por essas profissionais - as que já atuam "pegando bebês" e as que ainda estão se formando para isso.

26 de abril de 2013

Mamãe, você tem Aids?

Tenho uma camiseta da campanha "Fique sabendo", do Ministério da Saúde, que chama a atenção para a importância do teste de Aids. Nessa camiseta, há fotos de várias pessoas, de cores, cabelos e roupas os mais diversos possíveis. E, no centro dela, o símbolo da campanha:

Fique sabendo: Fazer o teste de Aids mostra como você se preocupa
com sua saúde - e com a do seu filho, se você estiver grávida

18 de abril de 2013

Barriga de grávida: de domínio familiar a domínio público


Minha rotina de mulher trabalhadora pouco se alterou quando me descobri grávida: continuei acordando cedo para pegar carona até o metrô e, depois do metrô, ainda tinha tempo para o pão na chapa e o suco de laranja antes de iniciar a jornada laboral.
No primeiro trimestre, minha barriga não passava de gordura localizada. Hoje em dia, um pouco antes de menstruar, certamente fico mais barriguda do que naquela época. Só lá pelo quarto mês é que minha prenhez se tornou perceptível, ainda assim muito mais pela minha insistência em acariciar a barriga do que pela sua proeminência.

11 de abril de 2013

As estrias na gravidez e as microdecisões no dia a dia

Aconteceu comigo. E se você está aqui, deve ter acontecido com você também.

Não sei em que ponto exatamente da gravidez caiu a ficha de que a assistência ao parto no nosso país é bem pouco comprometida com as evidências científicas. O resultado esperado do parto é que mãe e filho sobrevivam - e já está bom demais. Querer mais do que isso, em nosso país, é ser caprichosa.

8 de abril de 2013

Projeto estimula novas casas de parto humanizado em São Paulo

Do Jornal Brasil Atual


Publicado em 08/04/2013, 13:19
Última atualização às 13:31


Projeto de lei que visa a ampliar a rede de Casas de Parto em São Paulo foi aprovado em primeira votação na Câmara Municipal na semana passada. A expectativa de movimentos de humanização do nascimento e especialistas é que a gestão de Fernando Haddad priorize as Casas de Parto e estimule as mulheres a buscar esse tipo de atendimento. Quem procura as Casas de Partos opta por um modelo de atendimento mais humanizado, em um ambiente mais tranqüilo, onde é evitado o uso de intervenções obstétricas que interferem na evolução natural do trabalho de parto. Reportagem de Anelize Moreira 

27 de março de 2013

O que está escrito (e o que não está)

Eu já perdi a conta de quantas vezes contei essa historinha. Mas ela ainda me é útil, pois ajuda a recordar o meu caminho, para que eu não me perca dele.

Foi assim: descobri-me grávida! Uau! E aí, fui atrás de livros para ler e entender o que estava se passando dentro de mim. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que é prática comum, corriqueira, certeira e inevitável que a vagina da mulher seja cortada na hora do parto? O famigerado pique é também conhecido como episiotomia e - hoje sei - não tem qualquer outra função a não ser ocupar as mãos dos profissionais de saúde.

25 de março de 2013

Direitos da mulher na hora do parto são ignorados

Do ABCD Maior

24/03/2013 - Saúde
 Por: Carol Scorce

Deborah Delage diz que mulher não tem autonomia sobre escolhas na gestação e no parto. Foto: Adonis Guerra
Deborah Delage diz que mulher não tem autonomia sobre escolhas na gestação e no parto. Foto: Adonis Guerra
Maioria das gestantes é levada a optar por cesariana sem que o procedimento seja necessário
Deborah Delage é militante dos direitos da mulher no parto, causa muito atual no Brasil, País recordista mundial em cesarianas. De acordo com o Ministério da Saúde, 43% dos partos são cesarianas. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é que essa porcentagem não ultrapasse os 15%. Na rede médica privada, o percentual é maior ainda: cerca de 80% dos partos feitos por convênios ou particulares são cesarianas. Deborah é cirurgiã dentista por formação e se especializou em saúde pública. Quando engravidou da primeira filha, descobriu que a mulher não tem autonomia sobre as escolhas na gestação e no parto. Ela concedeu a seguinte entrevista ao ABCD MAIOR


21 de março de 2013

Venha!

Conversar sobre gravidez e parto com a gente!
Sábado, 23 de março, às 14h, na Clínica Spacci


Meus amigos Sérgio e Cláudio ainda não têm filhos, mas há mais de sete anos
me ouvem falar sobre parto ativo! Disseminar essa conversa entre homens
também se mostra importante: vamos mudar esse caldo cultural que nos envolve!
Deixe a preguiça, a vergonha e a insegurança em casa. Traga vontade, paciência e principalmente amor. Amor ao bebê que está gestando, à família que está se formando e principalmente amor a si própria. Traga também o companheiro, outros filhos, a mãe, a vizinha, ou quem mais você acha que lhe quer bem!



É grátis e não precisa se inscrever, basta aparecer!

13 de março de 2013

Nascimento da Luísa

Quando engravidei, simplesmente não imaginava o longo trajeto que percorreria até meu parto normal... Eu sinceramente achava que só precisava de um pouco de coragem, convênio médico, uma boa anestesia e tudo correria bem.  Nunca até então havia passado pela minha cabeça parto natural... Também não era simpática a cesárea, mas reconhecia que o medo da dor no final poderia acabar me levando pra ela e na verdade, por mim tudo bem... não eram questões importantes pra mim, pensava mais na saúde do bebe se desenvolvendo, me cuidar pra não engordar muito... coisas  comuns de uma mulher comum ao engravidar...


8 de março de 2013

Companheira, a luta é todo dia


Eu não posso, com a minha história e minha vida, fazer uma postagem fofinha nesta data. Acho que nem conseguiria, vocês não me reconheceriam, né? Então, assim de começo, peço perdão. Por não responder, exatamente o que você me perguntou. Por lhe perguntar coisas sobre as quais prefere não falar. Por responder algo que desestabiliza seu conhecimento e lhe causa desconforto. E por quaisquer outras situações...

Desta forma aberta, esta postagem não tem maiores pretensões. Apenas gostaria que você olhasse para si mesma e pensasse um pouco sobre cada luta que empreende após se levantar, todos os dias. Para dar conta, dentro do tempo que tem, de todas as tarefas que se propôs fazer e que seu companheiro não divide com você. Para educar de forma igualitária sua menina e seu menino, contra o que diz todo o seu entorno, e talvez até mesmo o seu companheiro. Para garantir que sua opinião sobre a vida e as coisas tenha o mesmo peso em casa. Para que o seu parto, que acontece no seu corpo, seja só do jeito que você deseja, sem concessões a quem quer que seja. Para que seu trabalho de maternagem seja tão reconhecido como útil para sua família e para a sociedade quanto qualquer trabalho remunerado. Para viver sua sexualidade de forma plena e sobre ela ter total poder de decidir.

7 de março de 2013

Cesáreas no ABC

Fonte: Fundação Seade.
Mais da metade das nossas crianças nasce por via cirúrgica, o que isso quer dizer?
Se você se interessa pelo tema "nascimento" e já conversou sobre o assunto com meia dúzia de pessoas, já deve ter percebido que na nossa região, assim como no conjunto do país, é um tanto difícil uma criança nascer de parto normal.

5 de março de 2013

Sobre mulheres

Hoje passei o dia respondendo a inúmeras felicitações que recebi, algumas por telefone, outras pessoalmente, mas principalmente pelo facebook, praga das nossas vidas!

Eu poderia até fazer uma crítica solene sobre a inutilidade das redes sociais e sobre o tempo perdido na frente do computador.

Mas não hoje.

4 de março de 2013

Renascer mulher-mãe

Imagem daqui
Quando sei que uma criança nasceu, eu fico feliz demais. Mas a felicidade não é só porque a criança nasceu, é também porque uma mãe nasceu junto. Só depois de ser mãe, entendi a intensidade disso. Eu tenho uma visão um pouco radical, talvez pela minha vivência real de gravidez, parto e puerpério, mas eu acredito que, para nascer uma mãe e um bebê, tanta luz, algo precisou morrer, porque nada nasce sem que nada morra. Para que venha a luz, a sombra precisou aparecer. 

25 de fevereiro de 2013

São tantas leituras

Foto: Carol Valente

Sábado tivemos a honra e o prazer de conhecer Bruna e Max, de rever Elis, Tiago e Sarah, de conversar e pensar sobre assistência ao parto, casa de parto, parto domiciliar, medo, julgamento... afe, tanta coisa!

Durante a reunião, mencionamos várias leituras bacanudas e aqui vão algumas das indicações. Se eu esqueci algo, puxem minha orelha!

18 de fevereiro de 2013

AGENDA 2013

Pesso@s amad@s,

O carnaval já se foi, então podemos declarar o ano oficialmente começado, não é mesmo? Porque extra-oficialmente, eu, Deborah e Carol estamos desde o ano passado confabulando sobre o grupo, o blog, as redes sociais e o que pretendemos com isso tudo.

Não vou me deter nos planos infalíveis para conquistar o mundo, mas aproveito o ensejo para convidar tod@s vocês para o primeiro encontro do grupo em 2013!

Neste sábado, 23 de fevereiro, às 14h, na Clínica Spacci.

Como sempre, o encontro é aberto e gratuito e não requer inscrição prévia. Companheir@s são muito bem-vind@s, assim como planos de parto para debater!

Até lá!

Esta ilustração foi gentilmente feita por Ana Carolina Oda,
pessoa linda que estagiou comigo na Fundação Seade.
Ana, obrigada! Esta foi a única maneira que encontrei
de homenageá-la, ainda que tardiamente.



***
PRÓXIMOS ENCONTROS

Pode deixar anotado na agenda: todo último sábado do mês tem encontro do grupo!
23 de março
27 de abril
25 de maio
29 de junho
27 de julho
31 de agosto
28 de setembro
26 de outubro
30 de novembro

Fique de olho aqui, no nosso blog, na página do grupo no Facebook ou no nosso grupo para conferir se houve alguma alteração de data!

4 de fevereiro de 2013

Doula a quem doer

O Grupo MaternaMente mobilizou-se e participou da manifestação pelo direito de toda mulher a ter uma doula no parto!

Com os dizeres "Minha escolha, minha doula", nós fomos à Av. Paulista e caminhamos com o grupo até a maternidade Santa Joana, que há anos hostiliza as doulas e as famílias que as contratam. Nos últimos dias, Santa Joana e Pro-Matre, que pertencem ao mesmo grupo, oficializaram que não mais permitiriam a entrada de doulas em seus estabelecimentos - a não ser que a parturiente abrisse mão da presença de seu acompanhante.

Doula é doula. Acompanhante é acompanhante. Pai não precisa sair da cena do parto pra doula entrar. E vice-versa. E doula é doula, não é fisioterapeuta, não é fonoaudióloga, não é psicóloga...




28 de janeiro de 2013

Em Ribeirão Pires

Venha assistir ao video-documentário Violência obstétrica: a voz das brasileiras!

O Lamparina Urbana vai reunir o pessoal da região e nós vamos estar lá, para ver o vídeo de novo e conversar sobre o assunto.


27 de janeiro de 2013

Entre eles e elas

Companheiros marcaram presença na reunião de janeiro!
Acompanhante é estratégia comprovadamente eficaz para melhorar a satisfação no parto.

 

Apoio

Aqui você encontra material sobre evidências e boas práticas relativas à saúde e ao bem-estar da dupla mãe-bebê. Fique à vontade e entre em contato, adoramos uma boa conversa! Envie um e-mail para grupomaternamente@gmail.com ou entre no grupo do Facebook.

Território

Atuamos principalmente em Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra (o ABC paulista), mas também na capital paulista e em outros municípios do Estado de São Paulo.

Articulação

Procuramos nos articular com outros movimentos sociais e com as instâncias gestoras, com o fim primordial de defender os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e de instaurar um novo paradigma de assistência à saúde da mulher.