Mamãe, você tem Aids?

Tenho uma camiseta da campanha "Fique sabendo", do Ministério da Saúde, que chama a atenção para a importância do teste de Aids. Nessa camiseta, há fotos de várias pessoas, de cores, cabelos e roupas os mais diversos possíveis. E, no centro dela, o símbolo da campanha:

Fique sabendo: Fazer o teste de Aids mostra como você se preocupa
com sua saúde - e com a do seu filho, se você estiver grávida

Meu filhote sempre ficou curioso com essa carinha e com tantas fotos de pessoas, e não tardou para que ele me perguntasse do que se tratava.

Se por um lado fico contente com a curiosidade dele, por outro lado, como explicar a um garoto de 7 anos o que é a Aids? Como se "pega"? E como fazer para não ficar com essa doença? Dei minhas reboladas e no fim ele só não conseguiu entender a relação disso tudo com a carinha, com a qual ele tanto simpatiza. "Mas e se tiver Aids, vai ficar com o olhinho assim?" (apontando para o símbolo de mais)... "E quem não tem a doença vai ter sempre olhinho assim?" (pro símbolo de menos)...

Curioso foi quando ele me perguntou "e você fez esse exame?", ao que respondi "sim, quando você estava na minha barriga!". Ele continuou: "e você tava com Aids?". E então: "e eu, já fiz esse exame?". "Por que eu não fiz? Criança não tem Aids?" e as perguntas avançaram, cada vez mais complexas.

Fiquei particularmente tocada quando me dei conta de que eu jamais tive esse tipo de conversa com minha mãe, meu pai, meus irmãos, minhas amigas... JAMAIS! Parece-me bastante absurdo pensar que mesmo entre minhas amigas nunca surgiu a conversa sobre camisinha e outros métodos de bloqueio, DST, hepatite...

Ao longo da minha vida, fiz o teste de Aids três vezes, durante o pré-natal, antes dele e depois. Casei-me e separei-me duas vezes nesse período: tive duas relações estáveis, com parceiros fixos. Mas hoje, enxergando melhor a epidemia de Aids e as suas características no Brasil, em especial no Estado de São Paulo, penso que me testei pouco e me expus demais. Pois é justamente entre mulheres como eu, com relações estáveis, que a epidemia mais cresce.

Acho que as informações dos dois últimos parágrafos se relacionam... a falta de informação, a hipocrisia, o preconceito, o machismo, a arrogância, o moralismo, aquela mania de achar que "coisas assim" só acontecem com o vizinho, entre outros fatores, colaboram para que a epidemia continue aí, ativa, e cada vez mais feminina. Mas o que eu queria dizer aqui é que, independentemente do que você ache sobre Aids e sobre seu parceiro, se estiver grávida, faça o teste! É rápido e grátis e ficar sabendo é a melhor maneira de cuidar de seu filho, antes mesmo que ele nasça!

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AMANHÃ TEM ENCONTRO!
Das 14h às 16h, em Santo André
R. das Monções, 1.109