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4 de março de 2013

Renascer mulher-mãe

Imagem daqui
Quando sei que uma criança nasceu, eu fico feliz demais. Mas a felicidade não é só porque a criança nasceu, é também porque uma mãe nasceu junto. Só depois de ser mãe, entendi a intensidade disso. Eu tenho uma visão um pouco radical, talvez pela minha vivência real de gravidez, parto e puerpério, mas eu acredito que, para nascer uma mãe e um bebê, tanta luz, algo precisou morrer, porque nada nasce sem que nada morra. Para que venha a luz, a sombra precisou aparecer. 


Quando nasce uma mãe, morre uma mulher. Sim, aquela, que não era mãe. Mas nós temos que ser muito gratas a esta mulher que morreu e que tanto nos ensinou, e nos levou até onde estamos. Sem ela, não estaríamos aqui. 

Quando a morte acontece, precisa haver o luto, certo? Caso contrário, esta morte não ficará bem resolvida dentro de nós, como em todas as mortes (acredito que o luto é algo muito importante). Pois bem, para mim, essa é a explicação para a depressão pós-parto. E é por isso que eu acho natural que ela apareça, porque algo realmente morreu, e nós temos sim que viver esse luto, temos que enterrar aquela mulher que morreu dentro de nós. E isso muitas vezes, pode ser doloroso, algumas mulheres não querem ver isso, e acho que isso dificulta ainda mais as coisas.

O que tenho falado para recém-mães que têm depressão pós-parto é: que bom! Porque seu coração entendeu que algo realmente morreu. E digo para viver este momento, mesmo sendo ruim. Nós, principalmente aqui no ocidente, não gostamos de falar de dor sentimental, adoramos mandar tudo pra debaixo do tapete, porque assim é mais fácil, né? Só que, aí, algo fica faltando, fica um vazio. Quando digo "viva o pós-parto", quero dizer: busque ajuda. Fale dos seus sentimentos. Chore. Não deixe esse sentimento aí guardado, não. Ele quer sair, e quer se transformar em algo novo e bom mas, para isso, é preciso que a mulher que nasceu, deixe. E deixar significa entender que o sentimento está aí, que você precisa olhá-lo de frente, e buscar ajuda em grupos de mães, ou em terapia mesmo, se for o caso. Mas não esconda este sentimento, queira se cuidar, porque o seu filho, recém-chegado a este mundo, precisa de você inteira, despida e sem medo de olhar pra você, porque para sempre você precisará se olhar. Caso contrário, sua sombra ficará escondida, e não é justo com nossos filhos, que eles carreguem nossas sombras. Eles já terão as deles.

Não digo que isso irá resolver 100% dos problemas, mas posso garantir: olhá-los de frente, encarar a sombra, é um ato de extrema coragem e irá te despir e re-energizar para as coisas boas que a vida guardou, com a chegada desse novo ser ao mundo. :) 

Por Carol Valente - que recomenda a todas a leitura de "A maternidade e o encontro com a própria sombra", de Laura Gutman

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