Relato de Parto: Tatiana Santiago parindo Nina

Hoje, compartilhamos com vocês mais uma história de busca pela melhor forma de trazer ao mundo um bebê. Agradecemos à Tati Santiago pela grandeza da partilha desse momento tão íntimo e especial. Ao final, não deixe de assistir ao lindo vídeo.

Relato de Parto da Nina

Bem, para começar essa história, é bom dizer que tudo começou bem antes de eu engravidar do Ian, meu primeiro filho. Desde sempre, eu dizia que quando tivesse um filho, faria tudo o que fosse comprovadamente o melhor para ele, e isso incluía um parto normal! Em meio a essa convicção, fiz uma lipo de abdômen – nunca senti tanta dor! A partir daí eu tive a certeza de que a cesariana não seria parte do meu destino.

Também tenho que lembrar do parto do Ian, um parto normal hospitalar – sim, teve anestesia. O parto do Ian foi um parto bom, e vc me pergunta, porque não foi melhor? Por que vc não o considera perfeito? Bem, porque mãe cabeção, tem parto cabeção! No parto dele, não teve entrega, fui eu brigando com o meu cabeção, tentando controlar o incontrolável, e com isso, sentindo dor de morte e não dor de vida! Foi um parto prematuro, na 34ª semana de gestação, cheia de medos, receios, e brigando com o mundo, afinal, eu fui a precursora dessa ideia no meu meio. Resultado: Excelente! O Ian nasceu bem, períneo integro, nenhuma laceração e no dia seguinte eu já subia e descia escadas!

Ahhhh a Nina... Bem, eu não tinha certeza se queria um outro filho... Já meu marido, tinha isso como certo! Bem, decidi dar um tempo de 1 ano para engravidar... se eu engravidasse, bem, se não, foi porque Deus não quis! Eis que 3 meses depois, uma vontade de comer pão com mortadela, bingo! Estava grávida!

Passei super bem por toda gestação, e dessa vez, foi bem confortável pro pai, que não foi tão exigido quanto da primeira vez... Eu estava muito mais tranquila e sabia qual seria o desfecho da história... Fazia pré-natal light pq não tinha dúvidas e o monte de questionamentos da primeira vez. É segundo filho é sim mais fácil!

38ª semana – começo a sentir contrações mais fortes, mas sem dor... Começava a contar, e não tinha ritmo... nem alarmava o marido... Durante tres noites foi assim. Na quarta eu tinha consulta com o médico e falei pro meu marido que eu não sairia do consultório sem um exame de toque, pq eu achava que estava próximo e estava ansiosa! Bem, fui à consulta e pedi pro marido ir comigo pq eu já não estava muito confiante prá dirigir uma distancia mais longa. Chegando no médico, ele me pergunta: “Vc quer fazer o toque?” e eu respondo: SIMMMM. Prá que? Bem, não sei descrever o exame, mas sei que foi bem desconfortável e de certa forma, dolorido, porém com 4 cm de dilatação... Saí de lá com cólicas... O marido perguntou: “Nasce hoje?” e o médico respondeu que até meia-noite, não!

Fui prá casa com muita cólica e reclamando... sentia fome, mas não conseguia comer... Pegamos um transito daqueles... Chegando perto de casa, liguei para a minha mãe ficar com o Ian pq eu não conseguiria cuidar dele. Chegando em casa, me enfiei no chuveiro e fiquei lá um tempo – eu não pensava estar em trabalho de parto. Entrei na banheira e foi insuportável, não dava para sentar, doía demais. Foi então que o Fabio ligou para a Doula Vivi e pediu que ela viesse para casa. Ela chegou, e me acordou que eu estava em TP. Monitorou algumas contrações e ligou pro médico para falar da situação e decidimos ir para o Hospital... Bem, o hospital era bem longe da minha casa... Tipo, 1 hora, com sorte! E lá fomos nós... Eu com dor, que não conseguia me sentar, porém, com a cabeça boa, em paz, concentrada na respiração e no relaxamento muscular. No  meio do caminho a bolsa rompeu, aí o marido ficou nervoso... Dirigia enlouquecidamente... e eu, quieta, mas prestando atenção em tudo... não conseguia desligar... e ele, com medo da Nina nascer no caminho, pertinho da maternidade senti a vontade de fazer a força, mas a controlei.

Foi tudo bem, chegamos na maternidade, o manobrista trouxe uma cadeira de rodas, mas não dava para sentar. Fui para a admissão, e o médico já estava lá. A enfermeira fez o toque e eu já estava com 9 de dilatação, ela disse: “Já vai nascer!”.

Fui para a sala de pré-parto e ficamos lá... de repente, me deu uma preguiiiiiiça... não queria nada... estava na tal da “calmaria”. Num dado momento, fui pro chuveiro e fiz o parto do cocô, sim, essa é a vontade, é o que o corpo pede. Depois, voltei para a cama, e decidimos começar a fazer força pro expulsivo. Fiquei com medo que doesse, afinal, no primeiro parto, eu estava anestesiada, mas me concentrei em ajudar a Nina a nascer. Olhei pro relógio e faltavam 15 minutos para a meia-noite... Vocês se lembram que o médico havia dito que até a meia-noite não nasceria? Pois bem, decidi que iria nascer no mesmo dia só para contrariá-lo – só eu mesmo!

Fiquei na cama posicionada de joelhos com os braços apoiados na cabeceira da cama. Não sei dizer quantas forças eu fiz, mas posso afirmar que fiquei concentrada e simplesmente respirava, sem falar nada, quietinha no meu mundo, ou melhor, na Partolandia. A Nina foi descendo, pude sentir o cabelinho dela. Num dado momento, parecia que ela havia entalado, mas me concentrei e a ajudei a sair... Uma coisa linda, é como se o mundo parasse! Ela veio direto pro meu peito e incrivelmente procurou pelo seio e mamou! Ficou comigo ali, sem pressa, mamou o tanto que conseguiu, o quanto quis. Não sei quantas pessoas tinha na sala, pois brotaram enfermeiras curiosas na sala – fato raro, um parto tão lindo, tão sereno e sem intervenção alguma.  Mais uma vez, períneo integro e sem laceração.

Veio ao mundo as 23:58, do dia 10/10/2012, Pesando 3.625 e medindo 50 cm. Ficamos todos ali, admirando o milagre da vida, da natureza, porque vida é isso! Deus é maior que tudo e temos que confiar na perfeição da Criação. Eu simplesmente agradeci, agradeci pela saúde da minha filha, pelo parto perfeito e por todas as possibilidades que a vida me deu. Nesse momento tive a confirmação de que fiz as melhores escolhas, e de que tudo sempre vale a pena!