Eram 17:40, quinta-feira.
Chegava ao fim o processo que havia começado quase 18 horas antes. Vozes ao redor, várias. Um cansaço extremo, um torpor. De repente, uma dor lancinante: extensão da episiotomia para uma área não anestesiada. Neocórtex ativada pela dor, ela se recorda das cenas recém vividas, como em um filme. O jipe voltando aos sacolejos da casa da amiga na cidade vizinha, o trabalho de parto que engrena assim que se deita, o retorno à mesma cidade de onde acabara de chegar, a internação, decúbito dorsal eterno, o acesso venoso para o soro com ocitócito. As horas a passar, a solidão, a dor, o medo.
E agora todos se apavoravam a seu redor, tensão, algo vai errado. Alguém lhe diz para fazer muita força, que o bebê está em risco, o útero parou de contrair, e lá está a cabeça coroada. Cabeça de quem, meu deus? Menina ou menino? Corre-corre, vozes. Alguém se joga sobre sua barriga e a empurra, com muita força. "Pareciam tenazes, ferro em brasa...". A manobra se mostra eficaz em substituir o trabalho do incompetente útero, da ineficiente mulher. O bebê desliza para fora do corpo açoitado, demora um pouco a chorar, mecônio escorrendo. O médico diz em voz bem alta: "Nasceu o filho da Júlia!". Uai, é menino? Epa, eu não me chamo Júlia!!!
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Daqui a pouco serão 17:40 novamente, só que é quarta-feira. Desde a cena parcamente descrita acima, já se passaram quase - faltam alguns minutos - 49 anos. No entanto, outras não-Júlias passam, agora mesmo, pelo mesmo infortúnio: violência obstétrica institucional, destituição do ser. Detalhes aqui e ali podem ter mudado: o catéter do acesso venoso agora é flexível, a USG pode já ter dectado o sexo do bebê antes do nascimento. Mas na essência, o sentimento é o mesmo. A não-Júlia da história, tem hoje quase 76 anos, e me disse nessa manhã, ao me dar parabéns de mãe pelo meu aniversário, que se lembra de tudinho que aconteceu naquele dia, de bom e de ruim. Detalhes que fizeram de sua história mais uma de início de maternagem em meio a um coro de vozes autoritárias e violentas. Ah, sim, a Júlia. Foi a enfermeira que realizou aquela manobra de Kristeller.
21 de março de 2012
19 de março de 2012
Dados ocultos, dados significativos
Nem sempre o mais importante numa comunicação está naquilo que foi dito de fato. Muitas vezes, o não dito é ainda mais revelador. É o caso, por exemplo, do que vem acontecendo no Estado de São Paulo quanto aos dados sobre nascimentos e mortes.
A Fundação Seade é responsável por coletar, processar, analisar e divulgar as "estatísticas vitais" paulistas. Essas informações compreendem os dados sobre os nascimentos, as mortes, os casamentos e as separações. Como se pode imaginar, são de fundamental importância aos gestores públicos, para que possam planejar seus programas, e também à sociedade, para que se mantenha à par da realidade.
Pois bem. Segundo os dados da Fundação Seade, as mulheres têm mais acesso ao pré-natal em todo o Estado. A região que registra a pior assistência tem também maior proporção de mães com menor escolaridade e mais filhos. Surpreendentemente, porém, é nessa região onde ocorrem relativamente mais partos normais (equivocadamente chamados de naturais na publicação do Seade), e menor proporção de nascidos com baixo peso. Surpreendentemente? Que nada...
A Região Administrativa de Registro é das mais pobres do Estado, com problemas em diversas áreas, pouca renda, pouca escolaridade... mas é também a única região do Estado, repito, ÚNICA REGIÃO DO ESTADO MAIS RICO DA NAÇÃO onde a proporção de partos normais supera a de partos cesáreos. E, por isso mesmo, tem também a menor proporção de crianças nascidas com baixo peso. Isso quem conclui sou eu, não o Seade. Mas não é preciso pesquisar muito para descobrir essa associação, há vários estudos sérios e bem conduzidos que chegam a essa conclusão.
Outro dado alarmente por estar ausente diz respeito à mortalidade - materna e neonatal. O boletim do Seade limita-se a indicar a redução da mortalidade infantil no Estado, já sabida e conhecida e amplamente divulgada. Aborda rapidamente a mortalidade perinatal, ou seja, os nascidos mortos e aqueles que morrem com até seis dias de vida. Não destaca, desse modo, a crescente participação das mortes neonatais, especialmente as mortes neonatais precoces, na mortalidade infantil. Atenção, São Paulo, a mortalidade infantil diminuiu bastante por aqui, mas só continuará descrescendo se as mortes neonatais receberem a atenção devida. Felizmente, ano a ano, menos crianças morrem por diarreia ou desnutrição, por exemplo, o que indica melhoria das condições gerais de saúde e saneamento. Mas as mortes dos pequeninos, com menos de 28 dias, e especialmente daqueles com menos de uma semana, só serão evitadas se maior atenção for dada à assistência pré-natal, ao parto e ao puerpério. Com mais da metade dos partos ocorrendo por via cirúrgica, vai ser bem difícil reduzir essa fatia das mortes infantis.
Enfim, mas não menos importante, resta o grande enigma: onde foram parar as mortes maternas? Nada é dito a respeito. Hum... será que é por causa da estagnação dessas mortes em patamar tão elevado que o Estado passará longe de cumprir a meta número 5 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ("Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna")? Em 2008, no Estado de São Paulo, a razão de mortalidade materna equivaleu a 36,1 óbitos por 100 mil nascidos vivos, ao passo que a Organização Mundial da Saúde considera até 20 mortes por 100 mil um número aceitável, embora os países desenvolvidos registrassem, em 2005, 9 mortes maternas por 100 mil. Os gestores paulistas certamente se apressariam a apontar os dados nacionais, ainda mais vergonhosos, mas isso não os exime de responsabilidade. Mais uma vez, com o atual modelo de assistência ao parto, vai ser muito difícil reduzir as mortes maternas. Aliás, nem parece que tem tanta mulher morrendo por causas obstétricas... infelizmente elas deixaram de ser notícia, por ser informação repetida há tantos e tantos anos...
A Fundação Seade é responsável por coletar, processar, analisar e divulgar as "estatísticas vitais" paulistas. Essas informações compreendem os dados sobre os nascimentos, as mortes, os casamentos e as separações. Como se pode imaginar, são de fundamental importância aos gestores públicos, para que possam planejar seus programas, e também à sociedade, para que se mantenha à par da realidade.
Pois bem. Segundo os dados da Fundação Seade, as mulheres têm mais acesso ao pré-natal em todo o Estado. A região que registra a pior assistência tem também maior proporção de mães com menor escolaridade e mais filhos. Surpreendentemente, porém, é nessa região onde ocorrem relativamente mais partos normais (equivocadamente chamados de naturais na publicação do Seade), e menor proporção de nascidos com baixo peso. Surpreendentemente? Que nada...
A Região Administrativa de Registro é das mais pobres do Estado, com problemas em diversas áreas, pouca renda, pouca escolaridade... mas é também a única região do Estado, repito, ÚNICA REGIÃO DO ESTADO MAIS RICO DA NAÇÃO onde a proporção de partos normais supera a de partos cesáreos. E, por isso mesmo, tem também a menor proporção de crianças nascidas com baixo peso. Isso quem conclui sou eu, não o Seade. Mas não é preciso pesquisar muito para descobrir essa associação, há vários estudos sérios e bem conduzidos que chegam a essa conclusão.
Outro dado alarmente por estar ausente diz respeito à mortalidade - materna e neonatal. O boletim do Seade limita-se a indicar a redução da mortalidade infantil no Estado, já sabida e conhecida e amplamente divulgada. Aborda rapidamente a mortalidade perinatal, ou seja, os nascidos mortos e aqueles que morrem com até seis dias de vida. Não destaca, desse modo, a crescente participação das mortes neonatais, especialmente as mortes neonatais precoces, na mortalidade infantil. Atenção, São Paulo, a mortalidade infantil diminuiu bastante por aqui, mas só continuará descrescendo se as mortes neonatais receberem a atenção devida. Felizmente, ano a ano, menos crianças morrem por diarreia ou desnutrição, por exemplo, o que indica melhoria das condições gerais de saúde e saneamento. Mas as mortes dos pequeninos, com menos de 28 dias, e especialmente daqueles com menos de uma semana, só serão evitadas se maior atenção for dada à assistência pré-natal, ao parto e ao puerpério. Com mais da metade dos partos ocorrendo por via cirúrgica, vai ser bem difícil reduzir essa fatia das mortes infantis.
Enfim, mas não menos importante, resta o grande enigma: onde foram parar as mortes maternas? Nada é dito a respeito. Hum... será que é por causa da estagnação dessas mortes em patamar tão elevado que o Estado passará longe de cumprir a meta número 5 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ("Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna")? Em 2008, no Estado de São Paulo, a razão de mortalidade materna equivaleu a 36,1 óbitos por 100 mil nascidos vivos, ao passo que a Organização Mundial da Saúde considera até 20 mortes por 100 mil um número aceitável, embora os países desenvolvidos registrassem, em 2005, 9 mortes maternas por 100 mil. Os gestores paulistas certamente se apressariam a apontar os dados nacionais, ainda mais vergonhosos, mas isso não os exime de responsabilidade. Mais uma vez, com o atual modelo de assistência ao parto, vai ser muito difícil reduzir as mortes maternas. Aliás, nem parece que tem tanta mulher morrendo por causas obstétricas... infelizmente elas deixaram de ser notícia, por ser informação repetida há tantos e tantos anos...
15 de março de 2012
Pano pra manga
A busca por um parto "humanizado", "natural", "respeitoso" ou com muitos outros rótulos é tema cada vez mais recorrente na universidade. Isso é ótimo porque, de um lado, mostra o interesse da academia pelo tema e, de outro, gera a expectativa de que o conhecimento sirva para modificar o atual modelo de assistência ao parto.
As pesquisas recentes, no Brasil, abordam o nascimento a partir das mais diferentes áreas do conhecimento: saúde da mulher, saúde coletiva, epidemiologia, psicologia, comunicação, antropologia...
Lá da Unicamp chegou a notícia de um estudo etnográfico com gestantes que procuraram o "parto humanizado". Esses termos podem se revestir de significados diversos, divergentes até, mas fica aqui o registro de que esse tema dá pano pra manga!
As pesquisas recentes, no Brasil, abordam o nascimento a partir das mais diferentes áreas do conhecimento: saúde da mulher, saúde coletiva, epidemiologia, psicologia, comunicação, antropologia...
Lá da Unicamp chegou a notícia de um estudo etnográfico com gestantes que procuraram o "parto humanizado". Esses termos podem se revestir de significados diversos, divergentes até, mas fica aqui o registro de que esse tema dá pano pra manga!
8 de março de 2012
Elas ajudam bebês a vir ao mundo
Do Diário do Grande ABC
Camila Galvez
Camila Galvez
A
pequena Elis, 9 meses, precisou de apenas quatro horas para vir ao
mundo, em 13 de junho de 2011. Foram as quatro horas mais intensas da vida
da jornalista Carolina Robortella Valente, 30 anos. Elis resolveu que
seu momento havia chegado em sua própria casa. E ela não quis nem saber:
simplesmente não deu tempo para a mãe ir até a casa de parto. "Ela foi
rapidinha", brinca Carolina.
A jornalista e moradora de São Bernardo não estava sozinha durante o parto domiciliar, cada vez mais raro em grandes cidades. Ela contou com a ajuda da parteira Mariane Menezes, 26, em seu procedimento de estreia. "Antes havia acompanhado o trabalho de parto de mulheres até a hora de ir para o hospital. Nunca tinha feito sozinha. É uma honra estar lá nesse momento tão importante para a mãe."
Formada em Obstetrícia, Mariane conheceu Carolina no dia do nascimento de Elis, uma segunda-feira. Até então, quem acompanhava o desenvolvimento da gravidez desde o quinto mês era a educadora perinatal e doula Deborah Delage. "A Carol nem cogitava a ideia de parir em casa, e a Mari também ficava apreensiva. Só topou acompanhar porque o plano era que fossem para a casa de parto. Mas lá no fundo eu sabia que o que elas não queriam era exatamente o que aconteceria."
No dia 12 de junho, Deborah fazia churrasco com amigos em casa e teve pressentimento: precisava ligar para Carolina. "Ela perguntou se estava tudo bem, e eu disse que sim, que havia ido à casa de parto e estava tudo certo para quando a Elis resolvesse chegar." Deborah pensou, então, que sua intuição havia falhado.
A segunda-feira chegou como um dia normal para Carolina. Ela acordou, lavou as roupinhas de Elis e pensou que logo elas vestiriam o corpo pequeno e frágil de sua filha. "Sempre sonhei em ser mãe. Tanto que, quando o médico falou que eu precisava perder 30 quilos antes de engravidar, não pensei duas vezes em fazer a cirurgia de redução de estômago."
A cirurgia não impediu a chegada de Elis de forma natural. O primeiro sinal de que aquela segunda-feira seria especial aconteceu por volta do meio-dia, quando a camada gelatinosa que recobre o útero, chamada de tampão, se desprendeu. "De manhã eu havia sentido que a bebê estava encaixada e mandei e-mail para a Deborah. Desde então ela acompanhou passo a passo."
Elis nasceu por volta das 16h, no chão de um dos quartos da casa, amparada por Mariane. "Eu estava ali apenas para dar apoio, pois o processo foi totalmente natural." Deborah se perdeu e chegou apenas depois do nascimento da menina.
Após o parto, Carolina amamentou por 50 minutos, tomou banho e comeu um pedaço de pizza. "A sensação era de que, depois disso, eu seria capaz de qualquer coisa."
A cumplicidade entre as mulheres foi decisiva para que tudo corresse bem. Mas o fato de estar bem informada sobre o parto ajudou. "Não me senti insegura. Foi tudo natural."
A jornalista e moradora de São Bernardo não estava sozinha durante o parto domiciliar, cada vez mais raro em grandes cidades. Ela contou com a ajuda da parteira Mariane Menezes, 26, em seu procedimento de estreia. "Antes havia acompanhado o trabalho de parto de mulheres até a hora de ir para o hospital. Nunca tinha feito sozinha. É uma honra estar lá nesse momento tão importante para a mãe."
Formada em Obstetrícia, Mariane conheceu Carolina no dia do nascimento de Elis, uma segunda-feira. Até então, quem acompanhava o desenvolvimento da gravidez desde o quinto mês era a educadora perinatal e doula Deborah Delage. "A Carol nem cogitava a ideia de parir em casa, e a Mari também ficava apreensiva. Só topou acompanhar porque o plano era que fossem para a casa de parto. Mas lá no fundo eu sabia que o que elas não queriam era exatamente o que aconteceria."
No dia 12 de junho, Deborah fazia churrasco com amigos em casa e teve pressentimento: precisava ligar para Carolina. "Ela perguntou se estava tudo bem, e eu disse que sim, que havia ido à casa de parto e estava tudo certo para quando a Elis resolvesse chegar." Deborah pensou, então, que sua intuição havia falhado.
A segunda-feira chegou como um dia normal para Carolina. Ela acordou, lavou as roupinhas de Elis e pensou que logo elas vestiriam o corpo pequeno e frágil de sua filha. "Sempre sonhei em ser mãe. Tanto que, quando o médico falou que eu precisava perder 30 quilos antes de engravidar, não pensei duas vezes em fazer a cirurgia de redução de estômago."
A cirurgia não impediu a chegada de Elis de forma natural. O primeiro sinal de que aquela segunda-feira seria especial aconteceu por volta do meio-dia, quando a camada gelatinosa que recobre o útero, chamada de tampão, se desprendeu. "De manhã eu havia sentido que a bebê estava encaixada e mandei e-mail para a Deborah. Desde então ela acompanhou passo a passo."
Elis nasceu por volta das 16h, no chão de um dos quartos da casa, amparada por Mariane. "Eu estava ali apenas para dar apoio, pois o processo foi totalmente natural." Deborah se perdeu e chegou apenas depois do nascimento da menina.
Após o parto, Carolina amamentou por 50 minutos, tomou banho e comeu um pedaço de pizza. "A sensação era de que, depois disso, eu seria capaz de qualquer coisa."
A cumplicidade entre as mulheres foi decisiva para que tudo corresse bem. Mas o fato de estar bem informada sobre o parto ajudou. "Não me senti insegura. Foi tudo natural."
Dia Internacional da Mulher: apoio que fortalece
Elas ajudam bebês a vir ao mundo
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
A pequena Elis, 9 meses, precisou de apenas quatro horas para vir ao mundo, em 13 de junho de 2011. Foram as quatro horas mais intensas da vida da jornalista Carolina Robortella Valente, 30 anos. Elis resolveu que seu momento havia chegado em sua própria casa. E ela não quis nem saber: simplesmente não deu tempo para a mãe ir até a casa de parto. "Ela foi rapidinha", brinca Carolina.
A jornalista e moradora de São Bernardo não estava sozinha durante o parto domiciliar, cada vez mais raro em grandes cidades. Ela contou com a ajuda da parteira Mariane Menezes, 26, em seu procedimento de estreia. "Antes havia acompanhado o trabalho de parto de mulheres até a hora de ir para o hospital. Nunca tinha feito sozinha. É uma honra estar lá nesse momento tão importante para a mãe."
Formada em Obstetrícia, Mariane conheceu Carolina no dia do nascimento de Elis, uma segunda-feira. Até então, quem acompanhava o desenvolvimento da gravidez desde o quinto mês era a educadora perinatal e doula Deborah Delage. "A Carol nem cogitava a ideia de parir em casa, e a Mari também ficava apreensiva. Só topou acompanhar porque o plano era que fossem para a casa de parto. Mas lá no fundo eu sabia que o que elas não queriam era exatamente o que aconteceria."
No dia 12 de junho, Deborah fazia churrasco com amigos em casa e teve pressentimento: precisava ligar para Carolina. "Ela perguntou se estava tudo bem, e eu disse que sim, que havia ido à casa de parto e estava tudo certo para quando a Elis resolvesse chegar." Deborah pensou, então, que sua intuição havia falhado.
A segunda-feira chegou como um dia normal para Carolina. Ela acordou, lavou as roupinhas de Elis e pensou que logo elas vestiriam o corpo pequeno e frágil de sua filha. "Sempre sonhei em ser mãe. Tanto que, quando o médico falou que eu precisava perder 30 quilos antes de engravidar, não pensei duas vezes em fazer a cirurgia de redução de estômago."
A cirurgia não impediu a chegada de Elis de forma natural. O primeiro sinal de que aquela segunda-feira seria especial aconteceu por volta do meio-dia, quando a camada gelatinosa que recobre o útero, chamada de tampão, se desprendeu. "De manhã eu havia sentido que a bebê estava encaixada e mandei e-mail para a Deborah. Desde então ela acompanhou passo a passo."
Elis nasceu por volta das 16h, no chão de um dos quartos da casa, amparada por Mariane. "Eu estava ali apenas para dar apoio, pois o processo foi totalmente natural." Deborah se perdeu e chegou apenas depois do nascimento da menina.
Após o parto, Carolina amamentou por 50 minutos, tomou banho e comeu um pedaço de pizza. "A sensação era de que, depois disso, eu seria capaz de qualquer coisa."
A cumplicidade entre as mulheres foi decisiva para que tudo corresse bem. Mas o fato de estar bem informada sobre o parto ajudou. "Não me senti insegura. Foi tudo natural."
6 de março de 2012
Diga-me o que lê...
E eu lhe direi como dará à luz!
Obviamente é uma brincadeira, mas como toda brincadeira, tem lá seu fundo de verdade.
Minha pesquisa de mestrado envolve a leitura de livros para gestantes - livros comuns, encontrados em qualquer livraria do país. E de tanto ler e manusear esses livros, estou cada vez mais abismada com o baixo nível das obras editadas por aqui.
Sobram erros, falta precisão. Para dizer o mínimo.
Então, nunca é demais reforçar que sim, há livros bons sobre gravidez e parto no mercado brasileiro!
Primeira indicação: Parto normal ou cesárea? O que toda mulher deve saber - e todo homem também, das digníssimas Ana Cris Duarte e Simone Diniz. Esse livrinho pequenino, barato e muito fácil de ler mudou o meu rumo em direção a um parto respeitoso. Encontrei-o por acaso, nas prateleiras da livraria do local onde trabalho. Diga-se de passagem que eu nunca entro nessa livraria, porque ela comercializa basicamente obras editadas pelo governo do Estado de São Paulo (que em geral não me interessam muito). Mas eis que firmou-se uma parceria com as editoras universitárias e surpresa! Quase tropecei ao passar diante da vitrine e enxergar, de soslaio, uma barriga grávida, linda, enorme, dando sopa por ali. Comprei, sem titubear, pois foi barato e prometia me explicar tudo o que eu desejava saber naquele momento.
Pois bem, o livro bendito me trouxe muito mais do que informação de qualidade e sem viés sobre um assunto muito pouco debatido no plano racional. O livro me trouxe um guia para testar meu médico. Junto com as perguntas ao ginecologista, várias questões foram despertadas dentro de mim. Afinal, quem é que decide o quê na história da minha gravidez?
E foi assim que comecei a caminhada em busca de um parto respeitoso. O percurso e o "grande desfecho" vocês podem ler no meu próprio livro, Lembranças Fecundas: meu diário afetivo da gravidez. (Que também é baratinho e ainda tem lucro revertido para a Parto do Princípio!)
Mas outro dia escrevo mais sobre esse aí. Hoje queria mesmo era expressar minha indignação com tanta abobrinha que os livros para gestantes trazem. Quem não quer ser coadjuvante no próprio parto que leia com atenção as palavras da dupla Ana Cris e Simone - e que mexa as cadeiras, se mexa nas cadeiras! Nem só de internet se faz um parto respeitoso!
Obviamente é uma brincadeira, mas como toda brincadeira, tem lá seu fundo de verdade.
Minha pesquisa de mestrado envolve a leitura de livros para gestantes - livros comuns, encontrados em qualquer livraria do país. E de tanto ler e manusear esses livros, estou cada vez mais abismada com o baixo nível das obras editadas por aqui.
Sobram erros, falta precisão. Para dizer o mínimo.
Então, nunca é demais reforçar que sim, há livros bons sobre gravidez e parto no mercado brasileiro!
Primeira indicação: Parto normal ou cesárea? O que toda mulher deve saber - e todo homem também, das digníssimas Ana Cris Duarte e Simone Diniz. Esse livrinho pequenino, barato e muito fácil de ler mudou o meu rumo em direção a um parto respeitoso. Encontrei-o por acaso, nas prateleiras da livraria do local onde trabalho. Diga-se de passagem que eu nunca entro nessa livraria, porque ela comercializa basicamente obras editadas pelo governo do Estado de São Paulo (que em geral não me interessam muito). Mas eis que firmou-se uma parceria com as editoras universitárias e surpresa! Quase tropecei ao passar diante da vitrine e enxergar, de soslaio, uma barriga grávida, linda, enorme, dando sopa por ali. Comprei, sem titubear, pois foi barato e prometia me explicar tudo o que eu desejava saber naquele momento.
Pois bem, o livro bendito me trouxe muito mais do que informação de qualidade e sem viés sobre um assunto muito pouco debatido no plano racional. O livro me trouxe um guia para testar meu médico. Junto com as perguntas ao ginecologista, várias questões foram despertadas dentro de mim. Afinal, quem é que decide o quê na história da minha gravidez?
E foi assim que comecei a caminhada em busca de um parto respeitoso. O percurso e o "grande desfecho" vocês podem ler no meu próprio livro, Lembranças Fecundas: meu diário afetivo da gravidez. (Que também é baratinho e ainda tem lucro revertido para a Parto do Princípio!)
Mas outro dia escrevo mais sobre esse aí. Hoje queria mesmo era expressar minha indignação com tanta abobrinha que os livros para gestantes trazem. Quem não quer ser coadjuvante no próprio parto que leia com atenção as palavras da dupla Ana Cris e Simone - e que mexa as cadeiras, se mexa nas cadeiras! Nem só de internet se faz um parto respeitoso!
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