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15 de novembro de 2020

Violência obstétrica: mal do nosso tempo?

 Na nossa sociedade, as queixas das mulheres muitas vezes são desvalorizadas, principalmente quando se relacionam com seu corpo e sua sexualidade. O que as mulheres pensam e sentem quando têm relações sexuais, quando ficam grávidas, quando estão parindo e quando cuidam de suas crias – ninguém parece se preocupar com isso. Então, quando uma mulher se sente meio esquisita depois de ter seu bebê, com uma sensação de ter sido abusada, há sempre uma multidão de pessoas para dizer que ela deveria se sentir feliz, pois afinal está viva, segurando seu recém-nascido. Mas quando as mulheres rompem com esse silêncio, e conseguem narrar suas experiências, muitas vezes descobrimos histórias de sofrimento, solidão, medo e dor, alinhavadas por ameaças, silenciamentos, chantagens, humilhações.  Hoje, aprendemos a nomear essas situações como "violência obstétrica", seguindo o exemplo das companheiras venezuelanas. Mas se o termo é relativamente novo, as situações de desrespeito, abuso e maus-tratos acontecem nas maternidades há muito tempo! Na década de 1950, por exemplo, uma revista estadunidense para donas de casa recebeu uma enxurrada de cartas falando sobre a situação degradante a que as mulheres eram submetidas nos hospitais. Na época, isso foi chamado de “crueldade”. No Brasil, nos anos 2000, muitos estudos direcionaram o olhar da academia para esse problema, chamando a atenção para a violência contra a mulher nos serviços de saúde (D’OLIVEIRA; DINIZ; SCHRAIBER, 2002); para a desqualificação e infantilização das parturientes, com desrespeito aos seus direitos e violência simbólica (TORNQUIST, 2003); para a banalização da violência institucional, com a deterioração da relação profissional-paciente (HOTIMSKY, 2007) e para a violência institucional em maternidades, de modo amplo (AGUIAR; D’OLIVEIRA, 2011). Esses estudos não mencionam o termo “violência obstétrica”, mas é disso que falam! A violência obstétrica não é uma invenção desta década, nem deste século! Ao contrário, já faz muito tempo que as mulheres denunciam essa forma de violência de gênero, mesmo sem usar esses termos. 



 

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