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27 de março de 2014

Vamos pensar sobre o parto, sim!

Os estudos sobre sexualidade são bastante recentes na história da ciência. Somente a partir da década de 1980 passaram a ser uma preocupação para os pesquisadores, muito por causa do  HIV/Aids. O discurso inicial de que havia "grupos de risco" de acordo com a sexualidade individual mostrou-se equivocado. As estratégias até então conhecidas para conter epidemias falharam e o HIV/Aids avançou rapidamente, o que passou a motivar a realização de estudos mais focados na saúde sexual.



Antes disso, os poucos estudos relacionados ao tema focavam ou a transmissão direta de doenças por via sexual ou a reprodução, mais especificamente a produção de crianças saudáveis. Embora esta área temática se chamasse "saúde materno-infantil", as pesquisas de maneira geral buscavam modos mais eficientes para "produzir" cidadãos que mais tarde integrariam a força de trabalho. Ou seja, mesmo o componente materno desse campo de estudo girava em torno do feto ou recém-nascido, como se a mulher só existisse para isso e por isso.

A saúde da mulher definia-se, assim, pelos eventos gravidez, parto, amamentação e puericultura, como se fossem esferas meramente biológicas. Era "natural" que a mulher menstruasse, depois casasse, engravidasse, desse à luz, amamentasse, cuidasse de suas crias. As dimensões psicológicas, sociais e culturais do ciclo de vida da mulher jamais eram colocadas em cena. Do mesmo modo, outras questões relativas à saúde da mulher não mereciam atenção dos cientistas.

Esse panorama ainda é bastante válido, ainda que tenhamos avançado. De fato, com a popularização da pílula anticoncepcional, foi possível enxergar a sexualidade como algo descolado da reprodução. Esta última passou a ser uma parte da primeira, o que de certo modo subverteu a ordem até então vigente. Contudo, o campo de estudos fortaleceu-se apenas na década seguinte (1980), com o HIV/Aids e o consequente reconhecimento de diferentes aspectos da sexualidade.

Conhecer esse contexto das pesquisas científicas ajuda a compreender por que, na assistência ao parto típica, as mulheres são tratadas como meros receptáculos de bebês. Com a predominância dos modelos biológicos, a subjetividade e a individualidade permaneceram apartadas das discussões sobre o gestar e parir. É assim, pois, que a maioria dos profissionais de saúde aconselha a mulher a não pensar sobre o parto, uma vez que constitui prerrogativa do médico determinar como e quando processos "biológicos" (como o nascimento) devem ter lugar. Trata-se de uma questão social, histórica e cultural, que está estabelecida, mas pode ser modificada.

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Sábado é dia de encontro, coloque na agenda:
29 de março - das 14h às 16h - R. das Monções 1.109 - Santo André

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