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27 de abril de 2010

Por que tanta pressa?

É o que me pergunto toda vez que fico sabendo de bebês nascidos de cesárea antes de a mãe entrar em trabalho de parto ou mesmo antes de a gravidez chegar a 40 semanas. A impressão que eu tinha - de bebês sendo retirados da barriga da mãe cada vez mais cedo - confirma-se por dados de uma pesquisa da Unifesp.

E a velha balela de que é a mãe ou a família que pressionam o médico para fazer a cesárea continua sendo usada como justificativa para o parto cirúrgico. O que diz o Dr. Renato de Sá, no fim da matéria, é a mais pura e vergonhosa mentira, conforme diversos estudos sérios já comprovaram.

Atenção, senhores doutores, nós queremos ter parto normal. Atenção, famílias grávidas, não se deixem operar sem justificativa embasada cientificamente. Afinal, tudo o que queremos é o melhor para nossas crias, não é mesmo? E nada mais justo que elas possam nascer no dia em que estiverem prontas, não na próxima quarta, porque no fim de semana o médico viaja para um congresso na conxinxina.


23/04/2010 - 08h37
Maioria das cesáreas é marcada para antes da hora no Brasil

GABRIELA CUPANI
da Reportagem Local

Cresce no Brasil a prática de marcar o parto para assim que a gestação completa 37 semanas, momento em que o bebê deixa de ser considerado prematuro.

Um estudo da Unifesp mostra que cerca de 60% dos nascimentos acontecem com 37 ou 38 semanas de gestação --quando a gravidez dura cerca de 40 semanas. Segundo consensos internacionais, o ideal é esperar no mínimo 39 semanas. Antes disso, aumentam as chances de complicação para o recém-nascido, como desconforto respiratório e icterícia.

"A tendência é mundial. Está havendo uma antecipação do parto. Antes, os bebês nasciam com 39 ou 40 semanas", diz Cecília Draque, neonatologista do departamento de pediatria e neonatologia da Unifesp, uma das autoras do estudo.

Segundo a pesquisa, o número crescente de cesáreas eletivas (aquelas em que é possível escolher a data) tem levado ao aumento dos partos com idade gestacional inferior à ideal.

"Hoje não se espera a mulher entrar em trabalho de parto", diz o obstetra Marcos Tadeu Garcia, diretor da clínica de ginecologia, obstetrícia e neonatologia do Hospital Ipiranga. "Médicos e mães optam pelo conforto da agenda. Isso nos assusta, porque esses bebês nascem sem estarem prontos."

Bebês que nascem antes do término da trigésima-nona semana têm mais risco de precisarem de intervenções terapêuticas do que os que nascem bem no fim da gravidez. O estudo mostra que ficam mais dias internados e vão mais para a UTI. "A interrupção da gestação antes de 39 semanas só deve ser feita com estritas indicações médicas", diz Draque.

A pesquisa seguiu mais de 6.000 recém-nascidos em uma maternidade particular de São Paulo. Os bebês não tinham anomalias congênitas e as mães passaram por pré-natal.

"Conheço casos de médicos que marcam até para a 35ª semana. Qualquer coisa é desculpa: ou vão viajar para algum congresso, ou não querem que a mãe encha a paciência deles ligando às duas da manhã. A mulher também pode insistir, às vezes a avó manda marcar, ou a mulher não aguenta mais o fim da gravidez... enfim. O bebê vai precisar de um atendimento, mas o médico já passou a responsabilidade para o berçário", diz Renato Kalil, obstetra do Hospital Albert Einstein. Segundo Kalil, 12% dos bebês não prematuros nascidos de cesárea passam pela UTI. De parto normal, só 3%. "O parto normal está mais falado, mas a indicação de cesárea continua a mesma baixaria", afirma.

"Muitas vezes a própria família pressiona o médico", afirma Renato Augusto Moreira de Sá, presidente da comissão de perinatologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

Antecipar o parto também é perigoso porque há chance de erro de cálculo da idade gestacional. Se a mulher não fez um ultrassom no início, que estima com maior precisão essa idade, ela pode estar grávida há menos tempo do que pensa.

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