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13 de maio de 2013

Mães possíveis fazem o impossível

Picasso, "Maternidade"

Poucos dias atrás postei no Facebook um evento cotidiano com meu filho. Mais ou menos assim:

- Mamãe, eu quero dar um presente de dia das mães pra vc.
- É mesmo?! Que legal! E o que vc vai me dar?
- O que vc quer ganhar?
- Hum... pra mim, o melhor presente é você!
- Eu?
- É. Se não fosse você, eu não seria mãe, não é?

[ele pensa. aí para no meio da calçada e se abaixa.]

- Ô mamãe... Puxa a fita aí pra abrir o seu presente!

Um monte de gente apareceu pra curtir e comentar o ocorrido. Não estou acostumada com tanta popularidade nessa rede social, ainda mais nos últimos tempos, que têm sido de um autoexílio tão consciente quanto involuntário. Fiquei espantada!


Queria passar o dia escrevendo sobre a sensibilidade e doçura do meu filho. E levaria o dia todo, escreveria ainda durante a tarde e vararia a noite teclando mais e mais palavras, sem encontrar o fim para um jeito de dizer como ele é "o" tudo pra mim. E qual seria a novidade? 

Todo ano, no dias mães, chovem comerciais exaltando a importância da mãe, ressaltando sua abnegação no cuidado com a família, entre tantos outros elogios deslavados, ou melhor, excessivamente usados, gastos, desgastados. Como se nesse dia em especial fosse necessário mostrar nosso amor a essa pessoa de aura encantada, que se derrete por toda e qualquer qualidade de seus descendentes. Nem vou tocar as questões consumistas aí, pois o apelo da data é tão grande que influencia os resultados da economia do país. Mas considerando apenas as ideias que são exploradas nessa ocasião, fico a pensar... que mãe idealizamos? e que mãe somos ou podemos ser de fato?

Independentemente da resposta traduzida pelos neurônios de cada preciosa leitora (ou eventual precioso leitor), tenho certeza de que a mãe idealizada distancia-se E MUITO daquela que somos ou podemos ser de fato.

No episódio vivido com meu filho, assim que ele se abaixou, eu parei e fiquei a observá-lo, já pensando que precisaria chamá-lo pela enésima vez, pois estávamos atrasados para a escola e blablablá... e então, quando ele se revelou como presente, eu corri e, claro, desembrulhei e enchi de beijos e abraços o meu melhor presente de todos os tempos.

O filhote se divertiu com a minha alegria, riu um bocado, e em segundos já estava tentando se desvencilhar dos meus braços, como faz toda criança quando é esmagada pela mãe em espaço público. Mas a mãe é tão hábil e esperta quanto a criança, e dá um jeito de prolongar mais um tiquinho a sessão de afagos, só para não perder o costume.

Quem não me conhece muito bem ou não convive com meu filhote talvez não entenda o meu ponto aí... mas o fato é que dia após dia meu filhote me mostra o quanto eu sou importante para a vida dele - e vice-versa. A relação que construímos todo santo dia tem se mostrado uma via de mão dupla muito enriquecedora, em que tanto eu como ele nos achamos protagonistas de uma linda história. Que, como toda boa história, tem um tanto de aventura, de emoção, um pouquinho de tristeza, e mais um tanto de improviso e de revés. Mas que, no cômputo geral, tem mais coisas boas e felizes. Muito mais.

Ah, e será que eu sou "a" mãe para ele? Puxa, com todos os meus limites, com todos os erros que já cometi até hoje e com os que ainda cometerei ao longo da vida (e que serão muitos, tenho certeza), com tudo o que eu tenho de louca varrida, de irresponsável, de bobinha, de pisciana... puxa, ainda assim, eu sei que sou "a" mãe para o meu filho. Eu sou a mãe possível para o Murilo. E como toda mãe possível, eu faço o impossível por ele - do meu jeito, mas faço!

4 comentários:

Marcelo "Muta" Ramos disse...

Lindo texto Dê, emocionou! Sem mais para o momento. :o)

Anônimo disse...

Sniff

Deborah Delage disse...

Eu em tudo me identifiquei com seu texto, Dê. Conheço você, conheço - e adoro! - o Murilo, e afirmo que você e eu somos mães e tanto!!! No "tanto", coloco tudo e mais um pouco, e a cada dia penso em como andamos sempre no fio da navalha em nossos papeis. Queremos ser a mãe total de um jeito que imaginamos ser necessário, mas acabamos sendo mesmo é a mãe maravilhosamente real e (im)perfeita de que noss@s filh@s precisam!!

Carol Valente disse...

Lindo texto. E eu, vou aprendendo com vocês cada vez mais. Sou só uma mãe de quase dois anos. rsrs

Beijos, lindas ♥

 

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