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7 de junho de 2011

Relato de parto da Alícia - por Erika

Há muitos anos eu sou mãe, a exatos, 21 anos eu sou mãe, minha mais velha, Mimi, era a felina mais amada do mundo, ela se foi em 2008, quando me tornei mãe pela 2 e 3ª vez, das gêmeas Annie Francisca e Pink Maria, sempre meninas, minhas gatas sempre foram minha vida. Mãe de coração. Mas mãe. Com direito a presente de dia das mães e tudo mais.

Conheci o Rodrigo em 1999, já era mãe, ela tinha certidão de nascimento, era engraçado que no “campo” PAI estava escrito “Pai ignorado”. Mimi era minha vida, e passou a dividir com meu namorado o meu coração.

Os anos foram passando, namoro, noivado, e se foram 6 anos! Até que em 2005, nós oficializamos nossa união que já era tão linda. Tão intensa. Descobrimos o câncer no Rodrigo em 2006. Apenas com um ano de casada me vi diante da doença que poderia destruir meu sonho. Um tumor, maligno, alojado no testículo. Operamos, e tivemos a certeza do medico que nada mudaria nosso sonho. Que conseguiríamos formar uma família..

Entre ovários policísticos e anticoncepcionais pra tomar, eu desenvolvi pressão alta. Estava acima do peso, com obesidade grau 1... E frente ao cardiologista, tive uma indagação:

- Não pode engravidar com essa pressão alta! Temos três opções que não a favorecem, cigarro, anticoncepcional e peso.

Nós fomos radicais aqui em casa, paramos de fumar (e eu era uma fumante compulsiva), parei de tomar o anticoncepcional e resolvi operar o estomago. (nada fácil principalmente por não ser obesa mórbida, principalmente porque estava 15 quilos acima do peso só) ao meu favor só tinha a pressão alta, histórico de diabetes, problemas de coração e colesterol na família. E o câncer, do meu marido, que a cada dia que passava era um dia a menos que poderia gerar meu bebe, enfim, foi uma luta, digamos que de uma maneira “diferente” eu consegui a minha cirurgia bariátrica. Operei em 2008. Graças a Deus correu tudo bem, e eu me adaptei a nova vida, e a nova condição alimentar.

Os anos se passaram longos, arrastados, e em 2009, finalmente depois de uma árdua luta. Árdua mesmo só nós sabemos quanto, pegamos nosso positivo no dia 10 de agosto. A sensação de pegar um Beta HCG positivo é indescritível. Eu não conseguia falar, eu tremia. De cima abaixo eu tremia. O RO chorava me apoiou me abraçou e saímos bobos e felizes.

Desde antes de engravidar, bem antes, eu procurei saber tudo o que podia e que não podia para ser uma boa mãe, ter uma gestação tranqüila, feliz, bem, procurei me informar, entrar em grupos de discussão, procurei mães, tinha dentro de mim que meu bebe, carinhosamente chamado de Emby, nasceria de parto normal.

Achei as meninas do Parto do Principio, Maternamente, Deborah, Denise, Aline que por email, assim como uma Doula a Rebeca, que foi muito importante numa conversa por telefone uma vez, me diziam e amparavam com muitos relatos de parto, e também diziam que tudo dependia única e exclusivamente de mim, a cada dia eu conhecia mais meu corpo e mais de como eu poderia ter sim, da minha maneira meu bebe. Fui a um encontro do grupo, que mantinham sempre encontros para debater sobre parto, amamentação e etc., neste dia, meu marido me acompanhou. Todas simpáticas ao extremo, tiraram muitas duvidas que eu tinha em relação a essa hora, que era tão especial. O jornal estava La no dia do nosso encontro, ABCD maior, e documentaram esse dia, com uma matéria sobre parto normal e aumento de cesáreas desnecessárias
no ABC.

Minha gestação foi tranqüila, tranquilissima, a cada semana eu tirava uma foto. As 40 semanas foram documentadas com fotos, reações. Nossa família e amigos só souberam depois da 12ª semana. Precaução. Todos comemoraram. O nosso bebezinho crescia forte e saudável a cada consulta e ultrassom nós percebíamos sua evolução! E como evoluía bem. A médica insistia em trocar a data da semana pela evolução do tamanho, mas sabia exatamente o tamanho do meu bebe, e tinha a data prevista, apenas como prevista, fixada em mim. Tinha a certeza que poderia passar 2 semanas tranquilamente. Emby então estava previsto para 18/04/2010, mas poderia esperar tranquilamente até 02/05/2010.

Dizem que grávidas são iluminadas, e eu fui mesmo. Muito iluminada, irradiava alegria por onde eu passava. O primeiro trimestre passou voando e não tive os enjôos que a maioria das mulheres relatam. O segundo trimestre foi ótimo, só a barriga crescia, e meu bebe mexendo, era a melhor sensação do mundo! Falei com pessoas que infelizmente não tiveram a mesma sorte que eu de não ter uma gestação tranqüila, e me assustaram sobre o ultimo trimestre. Confesso que entrei preocupada, achando que teria as cólicas terríveis ou o inchaço e a indisposição. Mas novamente, minha vontade em ser mãe acho que era tão grande, que meu corpo obedeceu, e não tive nada. Absolutamente.

No final da gestação, na ultima pesagem, engordei exatos 4 kilos. Trabalhei até a 39ª semana, dirigindo até São Paulo e fazendo pós graduação na Liberdade, com 2 cm de dilatação desde as 37ª semana e feliz. No dia 18/04 data prevista para o parto, estava num churrasco, com a família do meu marido, sendo fuzilada pelos parentes por “esperar tanto”. A ansiedade era mais deles do que a minha.

Alícia já era seu nome desde a 24ª semana foi quando ela resolveu se “mostrar” e eu escolhi esse nome por significar A VERDADEIRA. Emby passou a ser chamado de Alícia,
Com 40 semanas e 4 dias no dia 22 de abril de 2010 as 2:10 da manhã, eu acordei com um barulho enorme. Annie e Pink estavam jogando coisas de cima da sapateira no chão... Acordei pra fazer um sonoro shiuuuuuuuuuuuuuuuuuu, e demorou pra eu pegar no sono de novo.... Comecei a sentir umas contrações, mas achei que poderia ser a posição na cama, e me virei, uma, duas, três vezes, olho para o relógio de novo, (mania da madrugada) e começo a perceber que as contrações estão diferentes. Mais
agudas.

Já tinha contrações de Braxton a muitas semanas, mas aquela era diferente. Já tinha ouvido falar que quando fosse a hora eu ia saber, então, não fui nenhuma vez pro hospital com falsas contrações, pois nenhuma delas, me fez sentir de fato que era a hora. Virei-me na cama, e procurei dormir, o Rodrigo trabalhava no turno da noite, e
eu estava sozinha em casa. Com minhas filhas gêmeas apenas que dormiam comigo naquela noite gostosa de outono.

2:40 novamente senti uma contração forte, e me virei novamente na cama, passei a prestar atenção. Conversei com a Alicia, como conversávamos todos os dias, perguntei varias vezes se era a hora dela nascer pra ela me avisar, Senti de novo uma contração forte, achei que fosse vontade de ir ao banheiro, me levantei. Senti uma pressão na bacia, difícil de andar, parei e respirei, observei quanto tempo ia durar. No caminho do banheiro parei pra uma outra contração, e sorri. Meus olhos se encheram de água, chegou a hora!

Fui ao banheiro tentar ver se talvez não fosse um alarme falso. Tenho prisão de ventre, então poderia ser isso... Como ainda era 3 da manha achei melhor não fazer alvoroço. Voltei pra cama e tentei dormir, mas as contrações ficaram mais constantes, e levantei novamente. A pressão na bacia foi maior As 4 da manha passei a contar as contrações e anotar em um papel exatamente a hora que tinha a contração. Enquanto isso andei pela casa, acendo as luzes.

Fui pro quarto da Alicia, ele estava vazio, de decoração, e comecei a arrumar o berço, colocar o lençol os protetores e demais adereços do berço, pois como era em branco e lilás, não quis deixar montado.

A esta hora todas as luzes do meu apartamento estavam acessas, e entrou uma mariposa enorme no quarto da Alicia, as gatas ficaram alvoroçadas tentando pegar. Quanto eu tinha uma contração a reação era segurar a base da barriga, e respirar fundo, logo passava. Coloquei minha mala, a mala dela e a sacola com as lembrancinhas na sala.
Tentei ligar no celular do Rodrigo, não atendeu. Resolvi ir tomar banho, queria estar desperta.

Entrei no chuveiro me banhei lavei o cabelo e tive duas contrações em baixo da água. Tranqüilas, intensas, mas tranqüilas. Minha bolsa não havia rompido, então procurei marcar os tempos. No banho eu imaginava como seria o momento do parto e se era esse o momento mesmo, que maravilha que ia ser! Abaixei-me no Box senti a bacia aberta tive a curiosidade de por a Mao em baixo e sentir, e se ela nascesse ali? Eu sozinha.. Com ela em casa! Já pensou!? Pensei nisto. Mas resolvi que seguiria meus planos A e B! Sim era hora hoje! Sim hoje é meu dia! Pensei em comer, tinha que fazer um lanche estar pronta para parir minha filha. E pensei nisto que ia fazer quando saísse do banho.

Procurei a maquina de tirar fotos e deixei tudo a postos. Liguei na empresa dele, já que não conseguia falar no celular, e o colega de trabalho falou que no momento ele não podia me atender, falei que precisava falar meeesmo, e ele foi chamar, enquanto isso tive uma contração. Foi quando ele atendeu

- RO acho que vou precisar que venha estou com contração está na hora!
- o que você esta sentindo!?
- são contrações fortes e diferentes!
- Ta to indo.

Essa foi nossa conversa, enquanto isso me preocupei com a casa, passei uma vassourinha, capturei a mariposa e deixei as gatas felizes. Desliguei o telefone e conversei com as crianças (as gatas) me sequei e dei mais uma espiada no quarto dela, orgulhosa pelo meu trabalho e do RO, de fato o quartinho que montamos pra ela estava lindo, no lugar certinho, perfeito!

Tenho certeza que ele veio feito um louco no transito, pois não demorou muito pra porta abrir – Eu moro em São Bernardo e ele trabalhava em Mauá, mais ou menos uns 20 Km de distancia. Pelo menos 25 minutos, mas ele chegou antes disso.

Quando ele entrou era quase 6 da manhã, e ele já foi pegando as coisas, esbaforido, suando querendo sair, e ir embora rápido, disse não, que queria que ele fosse tomar banho, afinal trabalhou a noite toda precisava tomar um banho.

Estava na sala e tendo contrações mais fortes, mas se eu respirasse profundamente, elas passavam. Enquanto isso eu tentava ligar pro pessoal que ia tirar foto e filmar o parto mas não conseguia, talvez porque era muito cedo, talvez porque mudaram... Isso me intrigou. Quando estava gestante, fui a dois hospitais ver como funcionava a “logística” para partos, e me encantei com um hospital do SUS hospital da Mulher, que foi onde fiz o curso pra gestante, se por ventura, o hospital do meu convenio
insistisse com alguma “palhaçada” eu iria pra lá com certeza.

Saímos de casa as 6 e 20 da manha. Tirei a ultima foto nesta hora. Meu parto seria com plantonista do hospital, saímos essa hora de casa, pois os intervalos das contrações já estavam em 4 minutos, me adiantei até, mas estava com medo porque moro no 3º andar de um prédio antigo sem elevador. A Anchieta estava com um pouco de transito enquanto isso eu liguei pra minha mãe, para dar a noticia, quem atendeu foi o Maurílio, meu padrasto, eu disse que estava indo pra maternidade, não falei nada que estava a mais de 4 horas com contrações já...

Chegando ao hospital, paramos o carro do outro lado da rua, atravessamos a rua, fui tranqüila. Chegando à recepção disse a moça que estava ali pra parir, ela quis saber que horas estava marcado, eu disse que não, que não estava marcado que seria normal.
Vendo a cara de espanto da moça, que pegou o telefone pra ligar pra alguém, eu vi como é burocrático o sistema, ouvi dela um

- Então veio passar em consulta? É isso?
- Não.. O bebe realmente vai nascer....
- é que a senhora precisa passar com o medico antes...
- Tudo bem.. Então vamos passar! Que horas é a troca de plantão?
- Trocou agora senhora as 7 horas.

Isso foi um alivio, o plantão tinha acabado de trocar, ou seja, o medico teria 12
horas pra me atender, sem querer me rasgar... Estava bem feliz. Preenchemos a papelada, e fui pra “consulta”. Primeiro dois enfermeiros me levaram pra uma salinha e mediram pressão perguntaram, e etc.

- mas você já está com contração a tanto tempo porque não veio antes? Não está com dor?
- Não.. É só contração.
- Mas não dói?
- Não... Era pra doer?
- Nossa.. Tem gente que chega aqui berrando..... Espera no corredor que o doutor já vai te chamar.

O Corredor estava vazio, aparentemente mães, não parem, elas marcam os horários dos bebes nascerem, isso me fez ter a certeza que muitos bebes não nascem mais. São tirados. Lembrei de muita gente nesta hora, reli meu plano de parto. Li uma oração que minha amiga Claudia Neves me mandou de Nossa Senhora do Bom parto, fiz o RO ler também.

O Doutor Edoardo me chamou na sala, as 7:20 da manha, entrei com meu marido.

-Pois não?
- Então Doutor, estou com contrações ritmadas desde as 4 da manha (que estou contando) mas começaram antes, mas não contei antes. Passei a contar as 4 da manha – E MOSTREI O PAPEL.
- quantas semanas?
- 40 semanas e 4 dias! – Falei orgulhosa.
- Sua médica não vai vir fazer o parto?
- Não, não marquei, quero normal.
- Vamos lá deixa examinar, tira a calcinha e deita na maca por favor.

Olhou o cartão do pré natal e viu a evolução da gestação. Ficou feliz. Não era
de mostrar muita emoção não e mandou eu me deitar na maca. Entrei na sala, tinha diversos instrumentos, e uma maca, deitei e coloque as pernas no apoio. A sala era de um azul claro e pude perceber que tinha algodão dentro de um pote e alguns instrumentos a direita.

Ele entrou colocou uma luva de látex e fez o exame de toque, mediu a dilatação, virou pra mim e disse:

- Só no toque você aumentou de 2 para 6 cm de dilatação, está mesmo em
trabalho de parto! Vou pedir sua internação.
- Desde que horas está tendo contrações?
- Desde as 2.
- e estão ritmadas?
- de três em três minutos mais ou menos.

Ele pegou um instrumento como se fosse um vidro e falou

- nossa é cabeludo, eu to vendo aqui.
- e vai ser normal né doutor?
- eu sou super a favor de parto normal, a menos que você queira a cesárea
- não doutor cesárea não!!! Eu tenho medo de cesária!
- Então não vejo empecilho, pode levantar, você tem bacia boa, gestação super
tranqüila, vai sim ser parto normal.

Levantei abaixei o vestido, senti um “molhado”, mas como já ia internar nem
calcinha eu coloquei.

- agora vai fazer um exame cardiotoco para ouvir os batimentos do bebe.
- Ta bom,

Fiquei em pé sentindo as contrações e RO esperando com as três malas. Sai da sala dele feliz e confiante, o RO também carregando três malas, uma minha, uma da Alicia e uma de tralhas...rsrs

Liguei para Dani, uma outra grande amiga minha e contei o que estava acontecendo, a Dani me incentivou muito no parto normal. Entrei em contato de novo com o pessoal da foto e filmagem descobri que já estavam no hospital e o RO foi falar com eles. Fui fazer o cardiotoco. Entrei na sala com aquele primeiro enfermeiro que me explicou como seria. Fui seguindo e fazendo tudo que ele pedia apertando o botão na contração.
Estava com o celular, minha sogra ligou, falei que estava em trabalho de parto
e na sala de cardiotoco fazendo exame para ela ligar depois, o RO devia estar La fora ligando pra todo mundo já. - ela me desejou uma boa hora.

Estava com meu celular tentava ligar pro RO, e estava na caixa postal, ai uma hora consegui falei pra ele ligar pra mãe dele. Enquanto isso eu no cardiotoco não entendia nada do exame, mas percebi que as contrações continuavam ritmadas fiquei ali um tempão entrou uma faxineira, elogiou a barriga, saiu entrou o enfermeiro, perguntou se estava tudo bem e saiu, enfim, acabou tudo, liguei para o RO perguntei onde ele estava, ele disse que estava na sala do lado o enfermeiro entrou e veio tirar as coisas do exame.

Me deu a Mao pra eu descer da maca e viu sangue no meio das minhas pernas, fez uma cara feia. Sai da sala do cardiotoco. Fui pra recepção encontrei o RO ele estava assustado, muito assustado, perguntou varias coisas principalmente se eu não estava sentindo nada. Ele disse que já tinha ligado pra meio mundo, meus irmãos, irmãos dele, mãe, rsrs todo mundo!

O enfermeiro veio com uma cadeira de rodas pra eu subir, disse que não, que queria ir andando e que precisava resolver um assunto lá em baixo ainda, ninguém acreditava na minha cara de sossegada com contrações e dilatação...rsrs

Fui falar com a moça, ela me mostrou como seria as fotos, a filmagem e já fechamos o pacote lá na recepção mesmo. Eles iam filmar e fotografar a Alícia. Subi pro centro cirúrgico, o RO ficou pagando taxas pra subir depois, queria que ele assistisse ao parto.

Subi fui andando, entrei em um corredor, e fui direcionada pra uma sala, lá 2 enfermeiras me pediram pra entrar no banheiro e tirar toda a roupa e colocar num saquinho, e por um avental (desses que deixam o bumbum a mostra) entrei.

Tomei o cuidado de olhar pra ver se estava escorrendo liquido ou alguma coisa e vi sangue na perna mais vivo, acho que quando o medico fez o toque, deve ter sido ali, por isso o sangue, subi na maca, as contrações estavam bem freqüentes naquela hora.
Ia ter que repetir o cardiotoco, mas parece que não estava funcionando a maquina lá de cima pois ela começava e parava varias vezes. O Doutor entrou na sala, perguntou se estava tudo bem e fez um exame de toque, neste momento entrou uma outra doutora, se apresentou com “Dra Roberta” e disse que também ia acompanhar o parto. Ta tudo bem, ele virou as costas e ela também fez um toque.... A esta hora minhas contrações ainda estavam ritmadas e eu conseguia controlar a respiração.

Mais duas enfermeiras entraram na sala, uma delas colocou soro perguntou quanto eu tinha comido (DROGA! SABIA QUE TINHA ESQUECIDO DE ALGO.. COMER!) Disse que tinha sido ontem a noite. Para o espanto delas, ou alivio não sei, me deram glicose, falei que não queria nada no soro, nada de ocitocina, nada disso, elas disseram “que ainda não precisava”. Foi quando uma enfermeira disse para a outra

- Vamos levá-la pra a quatro ta?
- Não mas a quatro é para cesária, o dela é parto normal.- disse a enfermeira que estava comigo.

Ai eu me intrometi:

- isso mesmo, não me levem pra quatro não que o meu parto é normal.

Veio uma outra enfermeira colher sangue e colocar a pulseira, mostrar as pulseiras que iriam pra Alicia a do braço e a da perninha também. Foi ai que a Dra Roberta entrou novamente e me disse.

- Vou estourar sua bolsa pro processo ser mais rápido ok?
- Antes doutora deixa eu colocar o acesso nela, pra por o sorinho.- disse a enfermeira

Pude ver que o soro era glicose, pois não havia comido, (DEVIA TER COMIDO QUE DROGA!
Ao estourar a bolsa com uma espátula acho, uma agulha, branca senti um desconforto foi quando o “meu” doutor entrou na sala e os dois disseram

- Mecônio

Ele:
– Não está espesso, acabei de olhar lá em baixo, vou seguir com parto normal.

Ela – Eu faria uma cesária! Tem mecônio!

Ele – Ainda não é indicação de cesária, preparem ela e levem para o centro cirúrgico.

A menina que estava fazendo o exame de cardiotoco estava a essa altura batendo na maquina porque ela não funcionava, eu comecei a respirar alto, não tinha mais controle das contrações e da do meu corpo.

Percebi que a fotografa estava na porta, mas comecei a me desesperar vendo os dois médicos discutindo. Eu estava na maca, encostada na parede, colocava a Mao na parede, no colchão esticava os brancos, abraçava a barriga, não sabia o que fazer.
Perdi os sentidos, perdi a noção de espaço era só contrações uma atrás da outra.
Pedi ajuda. Não sabia o que fazer, não parava quieta na maca, e sentia um liquido escorrendo entre e minhas pernas e falava pra enfermeira

- Tem alguma coisa saindo.
- Não tem nada saindo! Ainda não começou.
- O que eu faço? Não consigo respirar,
- você tem que ficar calma.
- Mas eu estou calma, só não sei o que fazer!

E eu respirava fundo mas a contração vinha mais forte o respirar não ajudava pior, atrapalhava... Pedi meu marido, queria uma mão ali.

- Ele esta se arrumando ele precisa por a roupa esterilizada.

Entrou uma enfermeira correndo na sala, disse que minha internação estava liberada, percebi que o fato de eu não ter ido para o centro cirúrgico parir, era essa maldita burocracia de planos, como eu tinha vontade de “empurrar” mas tinha medo da minha filha nascer ali naquela maca... Sei lá! Hoje penso que deveria ter feito a força que estava sentindo...Eu não estava mais com os sentidos no lugar, tinha algo estranho. Eu sabia onde estava mais não sabia, eu tinha medo de fazer a força necessária, eu tinha medo de não fazer a força, queria uma mão me amparando, um carinho. Alguém conhecido. Passava mil coisas pela minha cabeça e uma delas foi que
não deveria ter deixado “estourarem” minha bolsa, ela ia estourar sozinha, eu
estava Parindo! As contrações começaram a doer, porque eu não tinha mais controle do meu corpo, sentia minha bacia abrir, e minha vontade era de abrir as pernas, eu
sabia o que deveria fazer eu sabia, meu osso estava “descolando” Me levaram de maca pelos corredores do hospital, fiz ela me garantir que eu não ia pra sala quatro, e ela garantiu. (Não queria passar perto de salas de cesária).

Enquanto a maca andava pelos corredores, minhas contrações aumentavam e eu hoje. Eu urrei.. Sei lá deu vontade eu urrei... Me lembro vagamente disso era uma vontade interna. Queria o Rodrigo agora de vez.

- Onde está meu marido???
- Calma já vai vê-lo
- Eu quero meu marido!!!!! Lagrimas escorriam do meu rosto.

Foi quando eu vi do lado de fora da sala. Meu olhos encheram de lagrimas de
novo... Era ele! Ele me deu a mão era isso que eu queria.

- agora ele precisa ficar aqui fora
- mas
- já já ele entra

Entramos no centro cirúrgico. As 9:10 tinha um relógio bem na minha frente. Uma sala branca, nem tão pequena nem tão grande, tinha uma luz grande em cima da maca, muitas maquinas, uma janela lá no alto entreaberta. Som ambiente, mas infelizmente não me lembro da musica que tocava.

- cadê meu marido!? Perguntei logo que entrei.
- Ele já vai entrar - disse o Doutor Edoardo!
- Erika agora vou te pedir pra sentar pra tomar a anestesia..
- Doutor, não precisa esta quase saindo estou sentindo, não vou conseguir sentar

E realmente foi difícil, as contrações agora eram a cada 30 segundos.. Muitas muitas Alicia ia sair, e foi difícil de encontrar a espinha para a anestesia, demandou uns 15 minutos nisso. Acho que cheguei na partolandia essa hora, eu sentia minha filha se mexer, querer sair, pensava só nela, eu ouvia as pessoas mas não compreendia.
Pensei em tudo que passei para chegar até ali.

Quantos anos, quanto sofrimento, quantas tentativas.. Quantas coisas! Meus aborrecimentos, contratempos... Brigas com familiares... Nossa.. A novela da minha vida, escrita em um milhão de capítulos foi passada em flashes de momentos marcantes... Muito marcantes.... Lembrei dos Ultrassons... Lembrei do primeiro ultrassom. Me lembrei de coisas. Que só eu e meu marido sabemos. E ele também estava
pensando nisto. E percebi o quanto estava emocionado. Chorei ali. Era meu sonho quase saindo por onde entrou... Era meu sonho que agora ia ser real, tocável, pleno.
Olhei para o RO e ele estava fazendo um carinho na minha cabeça, o medico limpou com alguma coisa gelada, falei que estava gelado ele olhou pro anestesista como quem diz, não pegou a anestesia... O anestesista mandou eu sentar e respirar, segurar um pouco que ele ia aplicar, o fiz, ele injetou, mas acho que não pegou porque sentia tudo naturalmente, disseram que iam aplicar a raque. Olhei para os lados, tinha mais gente que o necessário.

Eu
RO
Dr. Edoardo
Dra Roberta
Anestesista
Câmera
Fotografa
Enfermeira de apoio ao Anestesista
Enfermeira para pegar o bebe
Pediatra,
Mais três enfermeiras olhando e depois da filmagem contei mais umas 4 pessoas que quando eu estava lá, não tinha percebido a presença. A Dra Roberta começou a falar que eu tinha que prestar atenção nela e quando ela mandasse que eu fizesse a força.
Lembrei da enfermeira que mandava eu ficar calma, que se eu não tivesse calma e não respirasse fundo só ia atrapalhar e não ajudar. Ela dizia

- esta vindo a contração faz força (eu sei que esta vindo a contração.. estou
sentindo darrrrrrr)
- Não! Num é assim!

Minha boca secava, eu dizia que precisava beber.. Sentia uma pessoa molhando minha boca, vinha de cima O RO estava La mandava eu respirar, outra contração. Faz força!!!! Sentia alguém embaixo uma dor, e ela dizendo que não tinha dado certo. O medico falava que estava indo bem, eu estava bem, me elogiava, mas que ele precisava de ajuda (ele?) e senti uma nova contração, senti que a medica tentava empurrar sem sucesso. Escutei ao longe ele dizendo que a Alicia já tinha rodado e encaixado, estava no canal mas não estava conseguindo ajudar com a força. Ouvi uma voz atrás de mim, uma voz que dizia que eu estava fazendo força no pescoço que eu tinha que jogar a força para baixo.

Nesta hora Dr. Edoardo fez a episio, sem minha autorização, sem meu consentimento... Enfim, senti pois a anestesia não tinha pegado, ou pegado pouco, senti o corte. Veio uma outra contração.Eu empurrei, fiquei sem respirar para fazer a força segurando forte no braço da cama, eu puxei aquele ferro, forte, muuuuuuuuito forte até começar a perder os sentidos, ficou tudo preto, desfaleci. Ouvi o RO me chamar lá longe... Me deu tapinhas no rosto pra eu voltar... Comecei ouvir lá looonge, muito bem é isso mesmo, vamos lá, mais uma vez. Os dois médicos não estavam se entendendo, a Dra Roberta, me orientava errado e eu estava descarregando minha força e “perdendo” a contração pela inexperiência dela. O Dr Edoardo, estava amparando mas como a contração tinha sido perdida, a bebe não descia.

Dr Edoardo disse ao senhorzinho que estava atrás de mim me orientando e me dando de beber que estava precisando do auxilio dele para “fazer a maquina andar”. Dra Roberta não gostou do comentário os dois estavam visivelmente irritados um com o outro. Ele foi contra a cesárea que ela queria fazer, e ela estava brava com isso. (mas não precisa estragar meu momento por isso né... que raiva)

Mais uma contração perdida, era uma atrás da outra e eles não se entendiam, até que ele mudou de lado, ela foi pra baixo e ele foi pra cima me orientar na contração.
Segurei aquele ferro com toda minha força, tamanha que nunca fiz na minha vida, ele me ajudou, me orientou corretamente

- Está vindo
- Esta nascendo Erika força

Eu busquei a força mais intensa e mais profunda da minha vida, novamente um filme começou a passar na minha cabeça, a vontade de ser mãe, meu empenho, meu casamento, a gravidez toda, tudo começou a rodar a rodar e eu senti a cabeça saindo, os ombros e foi tudo. Senti a passagem toda, foi agudo, mas uma dor linda, nunca senti nada
parecido com aquilo era mágico era indolor aquela dor, era a dor da vida, a dor
não.. A passagem pra vida, era isso! Era uma alegria não era uma dor.

- Pronto! Ela nasceu, vocês não ouviram ela chorar, porque a água estava com mecônio, isso foi bom ela não ter chorado assim não aspirou nada, eles vão limpa-la e ela já vem para cá fica tranqüila.
- eu quero ver minha filha – falei angustiada
- espera só um pouquinho ela já esta vindo.

Olhei para o RO pedindo com o olhar desesperada pra que ele fosse atrás dela, ele não foi ficou ali do meu lado .
- Guerreira, você é uma guerreira e eu te amo!

Eu chorei ali. Quero minha filha agora!

- calma amor ela já esta vindo.

Fiquei ouvindo o barulho interno, agora a anestesia pegou, e não sentia mais as minhas pernas e nem mais nada da cintura pra baixo. O choro dela não acontecia parecia que tinha passado uma hora e nada. Eu apertava a mão do Rodrigo com força, eu quero muito minha filha, onde está o meu bebe!!!??? Foi quando eu a ouvi.
Um chorinho forte, olhá lá! E lá veio ela, foi quando a vi, ela estava enroladinha
num pano azul e com uma touquinha... Colocaram ela perto de mim.. Não consigo descrevê-la perfeita. Linda. Rosa, toda rosa, bochechas narizinho.. Cabecinha tudo rosa.

Tiramos foto o RO pegou ela no colo. Tão pequena tão sensível tão nossa, cheirei ela, queria amamentar, pegar no colo, mas precisava terminar ali, me tiraram ela de novo, a minha placenta precisava nascer também e era preciso fazer os pontos da episio que nem deveria ter existido (...) O RO ficou ali do lado, me acarinhando, o medico pediu pra que eu fizesse força, eu fiz, a placenta nasceu integra. Ele mostrou para o RO que saiu inteira Fez os pontos. 3 pontinhos. (pelo menos ele não fez um corte do tamanho do mundo)

52 centímetros
3.610 Kgs

Exatamente 9 horas e 41 minutos ou seja desde o momento que entrei no centro cirúrgico foram apenas 30 minutos de expulsivo, descontando o tempo que tentaram me anestesiar.... Foram 15 minutos de trabalho de parto expulsivo... Uma eternidade pra mim, pela inexperiência, entretanto foi muito rápido perto das demais mulheres. Eu estava longe, era como eu imaginava que fosse o parto, mas não totalmente. Queria ter podido ficar com ela ali, acalentar seu choro, eu queria pega-la mas não pude. Isso me deixou triste por um instante.

- agora você vai pra sala de recuperação
- mas
- nada de mais, você não comeu, fez muita força, ela esta bem. Já já voce vai estar com ela.

De repente, cadê o Rodrigo? Sumiu? Cadê o velhinho que foi a peça chave no meu parto? Sumiu também, ele falou tanto no meu ouvido, que ouvi a voz dele por mais alguns dias, como um anjo no meu ouvido, me orientando. As enfermeiras dentro daquela sala nova, umas escreviam, outras conversavam, ninguém prestava atenção em mim.

Enquanto isso meu ego estava nas alturas. EU PARI! Eu a fiz nascer! É sim, eu mesma! Eu consegui! Na sala de recuperação tinha duas enfermeiras que começaram a me
questionar o porquê do parto normal.

- porque é normal! Melhor pra mim, melhor para minha filha.... É o correto, não?
- você é a única aqui que fez normal sabia? Todas as outras mulheres e todos os bebes do berçário são de cesária.
- Jura!!

Pensei nas mães, e nos bebes, em diversas coisas que tinha lido de partos marcados. Mas preferi guardar pra mim.

- sua filha é linda, você é muito corajosa, porque ela nasceu muito grande! Com mais de 3600 kgs!
- Isso não é tão grande não.. Conheço mulheres que pariram bebes com mais de 4 kilos...
- Nossa! Mas ai coitada da mãe!
- Porque coitada?
- Ah.. Sei lá.. Acho que deve doer muito, meus 3 nasceram graças a deus de cesárea, não senti nada na hora...

Aquele “na hora” me fez entender que o pós operatório deve ter sido barra pesada para aquela moça, mas mesmo assim, ela tinha orgulho de ter a vagina “integra”

- Obrigada, .. Mas que horas eu vou pro quarto? Quero ver a minha filha...
- Já já...

O Já já durou cerca de 40 minutos uma eternidade... Fiquei deitada na cama vendo o teto, olhando o soro cair e pensando. Chorei de novo, queria ter ficado mais com minha filha! Perguntei do Apgar me falaram 3/8 questionei o porquê, não me disseram.
Intriguei. Porque não me disseram? Que droga. Quero saber.! Fiquei lá na sala sendo monitorada, pressão, glicose, olhos. (que coisa, era tão perigoso assim ser normal??? Afff achei um exagero)

Pedi desculpas a enfermeira, sei que não deveria ter pedido, mas quando estouraram minha bolsa e eu pedi ajuda, ela não me deu, mas acho que dei umas patadas nela... devo ter sido grossa.. Nem sei se fui porque não me lembro, mas mesmo assim pedi desculpas. Ela aceitou e disse que entendia. O meu tempo naquela sala foi enorme!
Eu pensei em muita coisa, principalmente na palavra família, o que isso significava pra mim. A minha maca começou a andar de novo, fui sendo arrastada pelos corredores
daquele hospital procurando por alguém, me senti sozinha. Eu queria ver minha filha, meu coração acelerava quando pensava nela. A maca passou pelo berçário, onde estava minha mãe babando no vidro e o RO filmando. Minha cunhada e meu afilhado já tinham passado por lá, mas já tinham ido. Eles me acompanharam até o quarto.

Chegando lá eles me bombardearam de informações, que ela é linda, que era o maior bebe do berçário, que estava comendo os dedos, que era boazinha, estava quietinha...
Minha mãe levantou o lençol pra olhar, eu estava nua com um outro lençol amparando como um gigante absorvente! Que fome que eu estava.

Fui orientada a não levantar por causa da anestesia, ia sentir uma forte dor de
cabeça caso levantasse. Então obedeci. E ela entrou... No quarto! Com duas enfermeiras! Toda rosinha com a roupa que eu escolhi pra ela.. Ômeudeuuuuuuuuuuuuus!!!! Eu queria levantar mas fui impedida, eu queria pega-la... Mas não podia levantar a cabeça... C@#$%LH#

A enfermeira a colocou no meu seio, e disse que eu não tinha bico... =’( enfiou o meu bico na boca dela mas tadinha, ela não conseguia mamar! Ela tinha vontade, tinha força mas não conseguia porque meu peito não ajudava.... e eu não conseguia levantar pra ficar em uma posição pra ajudá-la também, fomos assim drenando o seio, para sair o colostro e ela foi mamando. Entrou um outro enfermeiro e disse que era pra gente comprar um bico de silicone para formar o bico, falei pro RO ir na farmácia atrás de disso!!

Minha mãe estava maravilhada com ela, não sabia se chorava, se ria, o RO me falou como ela chegou no berçário ele foi seguindo, esperta com as mãozinhas na boca de fome..hehe. Eu queria vê-la, como eu queria pega-la mas a maldita anestesia fez efeito depois do parto..e eu não poderia me levantar. O quarto estava com tudo no lugar, o enfeite na porta as malas e tudo mais, pulei pra cama da maca quando voltei da sala de recuperação mas não podia levantar a cabeça. Que fome! Chegou uma sopinha pra mim, o RO me contou do parto, os minutos em que eu não tinha consciência, contou da briga dos médicos, e tudo mais. Eu estava na partolandia, isso era uma certeza! Queria muito me lembrar da musica que tocava, mas não conseguia me lembrar, estava mas não estava lá. Ela chegou toda pequenina na roupinha que escolhi, rosinha, a enfermeira a aconchegou ela, não fosse o problema do meu bico retrovertido, ela teria
mamado com mais avidez. Ela voltou pro berçário após mamar. Muitas ligações das minhas amigas, alguns parentes. A tarde recebi visita do Marcio, Maurilio e Darlene, não viram a Alicia pois ela tinha acabado de ir para o berçário. A noite ela voltou, para mamar mais, eu comi também.

Estava cansada. Mas feliz. Minha filha estava comigo, meu marido também. Só
faltava as gêmeas que estavam em casa. O RO acompanhou tudo foi um grande companheiro.

Mais ou menos umas 7 da noite, a enfermeira veio me ajudar a tomar banho (mal sabe ela que já tinha levantado pra fazer xixi...rsrsrs) insinuei que teria feito isso e levei uma bronca... (credo) Na sexta feira pela manhã o RO foi na nossa casa, levou a roupinha suja da Alicia pras gêmeas cheirarem e foi mandar email pro pessoal, mas tinha um email errado no meio e não conseguiu enviar. Falou que as gêmeas estavam ansiosas e carentes. Neste segundo dia, Alicia já pega bem o bico e agora o colostro já está saindo mais. Recebi mais algumas ligações, avisei na Agencia onde trabalhava, meu cunhado e a família vieram a noite, e a minha cunhada e meu sobrinho
também. As Enfermeiras davam o banho nela e a traziam, mas fiz questão de trocar
fraldas também, não queria essa distancia, pedia ela o mais tempo possível.
Quando ela não estava com a gente o RO estava babando no vidro do berçário
e eu também, já que já andava normalmente.

Falei com o pediatra e pedi explicação do apgar, ele me disse que pelo fato dela ter nascido branca (alouuuuu eu sou branca.... óbvio que minha filha iria ser branca... não?) que foi a avaliação do pediatra, que segue uma lista com diversos fatores.. O fato de não ter chorado, brancura, enfim, avaliação daquele momento... Mas disse para não me preocupar pois a segunda nota foi 8 e a terceira 10. Mas me preocupei, e pedi pra ver o prontuário, ele me falou que não precisava mesmo me preocupar, com isso, e que a bebe estava saudável, que amanha teria alta. Tranqüilizei.

As enfermeiras vinham falar comigo sempre, trazer medicação, dar comida, querer conhecer “a moça do parto normal” rsrs me senti uma celebridade. Gostoso é sentir o cheirinho dela, um cheiro gostoso, um cheiro meu, passar o dedo por cada dobrinha, pegar a mãozinha, o pezinho. Morder as bochechas. Poder abraçar acalentar, não tem preço. Como é pequena, como é rosinha, como é delicia essa menina! Sábado pela manha tive a visita do ginecologista que olhou os pontos e me deu alta, logo de pois o pediatra deu alta pra ela, fomos embora daquele hospital. A enfermeira desceu com ela nos braços e foi até a porta do carro. Nos despedimos, cheguei em casa, subi os três lances de escada tranquilamente. Parto normal é isso.

Normal. Pra mim, pra ela, pra todo mundo. Não fosse a inconveniência dos 3 pontinhos, não doíam, mas eu sabia que eles estavam ali, então, tinha que me preocupar com eles... Mas foram absorvidos pelo corpo, e em pouco tempo... As gêmeas ficaram curiosas quando chegamos com nosso novo pacotinho em casa, cheiraram ficaram perto, e tinham muito ciúmes quando vinha alguém em casa pega-la. Irmãs são assim né!
Foi isso. Tenho certeza que esqueci um monte de coisas, mas o parto como um todo esta ai. A sensação é indecifrável. Eu passaria dias, semanas, meses escrevendo e reescrevendo e teria mais detalhes pra acrescentar. Estou feliz. Agora tenho uma família. E não vejo a hora de passar por tudo novamente, quem sabe agora, no aconchego do meu lar.

Erika Mattes Bittencourt – que nem de perto transcreveu toda sensação sentida, mas que está feliz por poder compartilhar seu momento. Mãe de coração da Annie Francisca e a Pink Maria de três anos E da Alicia – PNH de um ano e um mês

4 comentários:

Anônimo disse...

Que relato emocionante!
Parabens pela força e pela filha!
Um abraço
Socorro

Anônimo disse...

Isso que chamo de mãe! Uma mãe de coração e de um bebe.
Parabens, são histórias como essas que dão mais emoção nas nossas vidas.

Beijos, beijos, parabens pelo blog

Maria Fernanda

Bya disse...

Pura energia adorei! Sempre acompanho

Anônimo disse...

Meu Deus, que intensidade de detalhes!
Parabens a mãe da Alícia, voce definitivamente é uma mãe!

Re do Lucas

 

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