Em 2005, éramos apenas um bando de loucas querendo mudar o modo de nascer no Brasil. Acreditamos na máxima do francês Michel Odent e metemos as caras a estudar evidências científicas e legislações. Com muito trabalho qualificado e voluntário de mulheres de diversas partes do país, conseguimos entregar ao Ministério Público Federal uma denúncia sobre as altas taxas de cesariana no setor suplementar de saúde. Essa denúncia foi um das sementes de onde estão brotando algumas mudanças efetivas no nosso país.
Audiências e ações no judiciário são apenas alguns dos aspectos da militância. Precisamos de uma mudança radical na assistência ao parto, devolvendo à mulher seu papel de protagonista. Para que isso aconteça, precisamos lutar e muito para fissurar o paradigma atual, baseado na desigualdade de gênero e na visão da tecnologia como grande índice do desenvolvimento humano. E isso se faz também no âmbito das leis, mas principalmente na dimensão sociocultural.
www.partodoprincipio.com.br |
Assim, nesse clima de "tudo ao mesmo tempo agora", o novo site da Parto do Princípio está no ar! E para a nossa grande satisfação, as cartilhas sobre violência obstétrica e sobre episiotomia também estão disponíveis para quem quiser consultar esse material divino, organizado pela companheira Cris Kiki. Quem tiver interesse em imprimir as cartilhas deve entrar em contato com a Parto do Princípio para saber dos combinados.
Cartilhas: consulte a PP! |
Eu tive a felicidade de participar dos últimos 8 ou 9 anos dessa pequenina história e posso dizer que me sinto muito privilegiada - tanto pelo crescimento que empreendi nesse período como também pelas pessoas que conheci e pelas amizades que tenho fomentado. De fato, quantas pessoas neste país têm essa "acabativa"?! Precisamos da teoria, mas sem o engajamento de tanta gente linda, teríamos avançado muito pouco ou, muito provavelmente, teríamos retrocedido um bocado.
Convido, então, a acompanharem os desdobramentos da denúncia da Parto do Princípio ao Ministério Público Federal sobre o excesso de cesarianas, por aqui, pelo site da PP e pelas fanpages, tanto do MaternaMente como da PP.
Um comentário:
Eu sou uma dessas mulheres que pode através da PP, no grupo MaternaMente ABC, conhecer meus direitos e planos de ação para o enfrentamento de um sistema que vitimiza e desconstrói a autonomia da mulher no momento do parto.
Quando eu conheci o MaternaMente eu tinha acabado de passar por um parto traumático e violento, eu sabia teoricamente é também na prática o que era o parto no sistema vigente e a violência naturalizada pelo sistema e aceita pelas pessoas, mas eu não aceitava isso como natural, eu não podia deixar que aquela violência fosse apenas mais uma, e, fui buscando através de contatos de várias partes do Brasil, grupos de apoio que pudesse me orientar nesse sentido, pois eu parecia uma louca, sentindo uma dor invisível a olhos nu, carregando uma marca que só eu tinha e sentia, e as pessoas ao meu redor não entendiam o que havia de errado comigo. Quando a enfermeira obstétrica que me acompanhava no pós parto me deu referências do MaternaMente dizendo que era um grupo muito bom Coordenado pela Deborah, da Parto do Princípio, eu tive certeza que teria o apoio e as orientações necessárias para a jornada que eu escolhi trilhar.
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