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19 de outubro de 2013

Ativista nega que mulheres preferem a cesariana


Do Diário Regional
19/10/2013
Por Aline Melo

A alegação de muitos profissionais para justificar as altas taxas de cesarianas dos hospitais privados – no ABC, nos estabelecimentos particulares, 87,5% dos nascimentos até agosto de 2013 foram por via cirúrgica – é por escolha das mulheres. A editora e ativista do parto natural, Denise Niy, contesta essa afirmação. “Há estudos brasileiros muito bem realizados que provam que a maioria das mulheres quer parir. Contudo, as pesquisas também são bastante contundentes ao mostrar que a preferência por via de nascimento muda ao longo do pré-natal e que o principal agente a influenciar essa mudança de opinião é o próprio médico”, afirmou.
Denise é uma das coordenadoras do grupo de apoio à maternidade ativa Maternamente, de Santo André, e entende essa questão como um alinhamento de interesses operado pelo médico: como para o profissional a cesariana é mais conveniente, mesmo que de modo indireto, vai fazendo com que a mulher adote seu ponto de vista.
“Em alguns casos, esse alinhamento de interesses sequer acontece, mas diante de uma indicação de cesariana no fim da gestação, verdadeira ou não, a mulher não se sente habilitada a recusar a cirurgia”, explicou. Além disso, a ativista destaca que, atualmente, o parto normal disponível à maioria das mulheres é um muito ruim. “A mulher não tem direito a acompanhante – mesmo existindo uma lei que deixa isso claro. Não tem direito a se movimentar, nem a escolher a posição em que deseja ficar”, justificou.
Direitos negados
A editora destaca que, além da enorme lista de direitos negados, o parto normal nas maternidades brasileiras, em geral, é cheio de intervenções desnecessárias e dolorosas, como ocitocina (o “soro”) durante todo o trabalho de parto, episiotomia (“pique” no períneo) de rotina, manobra de Kristeller (quando se empurra a barriga da mulher), entre muitas outras.
“É muito comum que o parto normal seja associado à dor e ao sofrimento. Porém, é importante dizer que a maior parte desse sofrimento se deve ao modo como a mulher é atendida, não ao parto em si, que quando tratado como evento fisiológico, de modo respeitoso e baseado em evidências, constitui uma experiência prazerosa e enriquecedora”, finalizou.





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