Neste sábado acontece o último encontro "oficial" do ano do nosso grupo - o que não significa, como podem imaginar, que encerramos nossas atividades nesse dia. Não fiquem na curiosidade, não passem vontade, venham conversar conosco sobre gestação e parto! Basta aparecer, com crias, companhias e coração aberto.
24 de novembro de 2015
21 de outubro de 2015
Encontro de outubro
Sei que é um tanto clichê dizer que os dias têm passado rapidamente, mas enfim, a minha sensação é de que o Marty McFly vai chegar e eu vou pedir a ele que volte daqui a dez anos - quem sabe até lá teremos mais centros de parto normal, mais serviços com apoio de doulas, mais mulheres parindo seus filhos mediante o apoio e o cuidado de uma equipe respeitosa e craque em evidências. Enquanto isso não acontece, preparamo-nos para a chegada do cara que vem do passado anunciando que nosso encontro de outubro será antecipado para este sábado, no mesmo horário de sempre. É gratuito e não precisa de inscrição prévia, basta aparecer!
22 de julho de 2015
Encontro de julho: férias pra quem?
Como mãe solo e em tempo integral, vivo por vezes agruras com o menino em casa, de férias. O que deveria ser motivo pra festa, bagunça, descanso, passeio, acaba se tornando preocupação, correria, malabarismo... esta semana (sim, isso tem acontecido numa base semanal, pobre guri) foi a reunião em Brasília. E lá fui eu participar de mais uma reunião para elaboração das diretrizes nacionais para assistência à cesariana.
Essas diretrizes estão sendo elaboradas pelo Ministério da Saúde faz algum tempo e há um ano, mais ou menos, foi formado um grupo consultivo para debater as recomendações desse documento. Participam desse coletivo o Conselho Federal de Medicina, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, a Associação Médica Brasileira, entre muitas outras entidades médicas, além de entidades ligadas à enfermagem, aos hospitais, aos convênios médicos e, claro, às mulheres. Minha reverência ao Ministério da Saúde por incluir as usuárias nesse debate e que iniciativas semelhantes a essa possam se repetir em outras áreas, em outras instâncias, com outros coletivos.
Enfim, sobrevivi. O debate em Brasília foi tenso e não creio que tenha se encerrado. As diretrizes representam apenas uma partezinha de um contexto complexo, que requer muitas ações, nas mais diversas áreas, para favorecer a autonomia da mulher no que diz respeito às decisões sobre seu corpo. Não se trata apenas de escolher entre parto normal e cesariana - isso também, mas não só isso. Tanto que entre hoje e o fim de semana, Deborah estará na etapa estadual da Conferência Nacional de Saúde.
Torço para que ela tenha muita saliva pra gastar nas articulações possíveis e necessárias, de modo que nossas pautas sigam para a etapa nacional. Não vai ser fácil, pois há tempos que o corpo da mulher deixou de ser dela mesma e, mais grave que isso, um forte conservadorismo tomou conta de nossa sociedade, o que por sua vez apenas recrudesce ainda mais as interdições e violências a nós, mulheres.
É nesse clima de luta e solidariedade que realizaremos, no sábado, nosso encontro sobre gestação e parto. Vamos conversar sobre a nossa realidade, sobre nossos planos, nossos sonhos, nossos desejos. Todas as pessoas são bem-vindas e o respeito ao coletivo e às individualidades, fundamental.
Essas diretrizes estão sendo elaboradas pelo Ministério da Saúde faz algum tempo e há um ano, mais ou menos, foi formado um grupo consultivo para debater as recomendações desse documento. Participam desse coletivo o Conselho Federal de Medicina, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, a Associação Médica Brasileira, entre muitas outras entidades médicas, além de entidades ligadas à enfermagem, aos hospitais, aos convênios médicos e, claro, às mulheres. Minha reverência ao Ministério da Saúde por incluir as usuárias nesse debate e que iniciativas semelhantes a essa possam se repetir em outras áreas, em outras instâncias, com outros coletivos.
Enfim, sobrevivi. O debate em Brasília foi tenso e não creio que tenha se encerrado. As diretrizes representam apenas uma partezinha de um contexto complexo, que requer muitas ações, nas mais diversas áreas, para favorecer a autonomia da mulher no que diz respeito às decisões sobre seu corpo. Não se trata apenas de escolher entre parto normal e cesariana - isso também, mas não só isso. Tanto que entre hoje e o fim de semana, Deborah estará na etapa estadual da Conferência Nacional de Saúde.
Torço para que ela tenha muita saliva pra gastar nas articulações possíveis e necessárias, de modo que nossas pautas sigam para a etapa nacional. Não vai ser fácil, pois há tempos que o corpo da mulher deixou de ser dela mesma e, mais grave que isso, um forte conservadorismo tomou conta de nossa sociedade, o que por sua vez apenas recrudesce ainda mais as interdições e violências a nós, mulheres.
É nesse clima de luta e solidariedade que realizaremos, no sábado, nosso encontro sobre gestação e parto. Vamos conversar sobre a nossa realidade, sobre nossos planos, nossos sonhos, nossos desejos. Todas as pessoas são bem-vindas e o respeito ao coletivo e às individualidades, fundamental.
4 de julho de 2015
23 de junho de 2015
Encontro de junho, em julho
Neste sábado estaremos mobilizadas na Plenária da Saúde de Santo André, portanto, nosso encontro ficará para a semana seguinte. Dia 4 de julho está reservado para nossa conversa sobre gestação, parto e puerpério, apareçam!
23 de abril de 2015
As novidades de abril
Eu particularmente tenho a sensação de que o tempo está voando! Imagino, então, como se sentem as mulheres que estão gestando, em busca de uma assistência respeitosa, e ainda cuidando do trabalho, da vida que não para, das finanças... enfim, sábado agora, dia 25, tem mais um encontro!
É mais uma oportunidade para conversarmos sobre gestação e parto, sobre os medos, sobre as dúvidas, sobre os desejos, sobre os sonhos! Não precisa se inscrever nem pagar nada, basta aparecer! Companheiros e companheiras são bem-vindos!
26 de março de 2015
Dê uma pausa na correria e venha nos encontrar!
Este sábado tem mais um encontro gratuito sobre gestação e parto. Todos e todas podem participar, não precisa se inscrever nem pagar nada. Basta aparecer na data e no local indicados no convite. Encontrar outras pessoas que já trilharam o caminho em busca de um bom parto ou então aquelas que estão na caminhada é sempre uma oportunidade para rever os próprios valores e se firmar em suas decisões. Arrume um tempinho, é das 14h às 16h, e o tempo voa nos encontros.
15 de fevereiro de 2015
A dureza da verdade
Estava em busca de uma imagem para ofertar a uma amiga que está de aniversário hoje. Para ela, feminista como eu, desejava encontrar algo que juntasse meus desejos de uma vida feliz
às nossas ideias libertárias sobre a vida das mulheres no mundo. E foi durante essa procura que encontrei a imagem que ilustra esta postagem, e que também a inspira.
Há alguma controvérsia sobre a autoria original desta frase, mas o fato é que ficou mais famosa por ter sido dita em palestras pela feminista americana Gloria Steinem, que em março completará 81 anos de idade. No momento em que bati o olho na figura, um filme passou na minha cabeça, e me lembrei das minhas próprias sensações de raiva e desencanto nas muitas descobertas de verdades insuspeitadas, mas especialmente daquelas relacionadas com minha vida de mulher em uma sociedade patriarcal. Dentre essas, aquelas verdades duras sobre o nascimento de crianças no Brasil, que a maioria das mulheres só descobre vivenciando-as da pior maneira possível.
Ao longo dos últimos nove anos de militância nesta área, conheci muitas mulheres que, como eu, ao se depararem com os fatos, não conseguiram evitar o sentimento de revolta. Para muitas, é tão impactante, que a negação é a saída imediata. Eu, pelo menos, fiquei assim por quase três anos, imersa em tudo que de bom a maternagem trazia, evitando problematizar ou mesmo me lembrar das circunstâncias do nascimento da minha filha. Se tivesse permanecido nesse estado, obviamente não estaria agora compartilhando estes pensamentos. Mas, em algum momento, por alguma razão desconhecida, passei para a raiva e depois para a libertação que a verdade traz.
Então, essa postagem é para lhe dizer que eu prefiro saber que médic@s e hospitais privados do ABC Paulista beiram a marca dos 100% de cesarianas. Que os poucos partos vaginais que ocorrem em hospitais privados são ainda mais violentos que os que acontecem no setor público. Que a única casa de parto do SUS, próxima da nossa região, tem tido dificuldades em se manter como um local com assistência atípica e adequada. Que as taxas de intervenções e cesarianas não têm caído nos hospitais públicos da região. Que a maioria das maternidades do ABC está entregue à gestão da mesma instituição de ensino, o que as torna maternidades-escola, fazendo com que as mulheres e os bebês se tornem mais expostos a intervenções desnecessárias, abusivas e dolorosas. Que as poucas iniciativas de gestões simpáticas a mudanças de paradigma andam como tartarugas, porque se quer fazer omeletes sem quebrar ovos.
Sim, eu prefiro a verdade. O que não quer dizer que goste dela. É que, exposta, inegável, a verdade nua e crua nos deixa com duas alternativas: ou a gente se conforma e aceita passivamente; ou a gente fica movida por uma indignação tal que quer virar de ponta-cabeça o sistema, quer seja só pra nós, quer seja para todas as irmãs. Dando de cara com a verdade em uma esquina, eu poderia correr no sentido oposto, por me julgar incapaz de lidar com ela ou enfrentá-la. Afinal, fui ensinada a ser assim desde pequenina. Interessante que, mesmo que ninguém tenha me "educado" para o parto, eu sabia direitinho que tinha que obedecer ao que me fosse prescrito. Da mesma forma que aprendi que eu não posso fazer xixi na rua mas os homens podem, que "homens são assim mesmo" (sei lá o que isso significa...), que preciso me vestir de forma "segura" etc.
Portanto, não é sem sofrimento que vem a parte da liberdade. Sentir-se livre para olhar na cara de enfermeir@s e médic@s e dizer "não, obrigada" a qualquer coisa que venham lhe impor requer trilhar um caminho árduo, pedregoso, imprevisível, solitário, acidentado e, muitas vezes, sem saída. Da mesma forma que não é nada fácil assentar-se a uma mesa cercada de pessoas poderosas de uma instituição hospitalar e soltar meia dúzia de palavras na contramão. Sozinha, a sensação de ser inadequada e desobediente pode nos assaltar, e assim nos encarcera. Por isso a imagem acima me inspirou - além da frase, a ideia de luz. Quando a gente sabe o que nos espera, sai do caminho escuro. E o caminho não fica iluminado só pra nós, mas também pra quem segue junto ou perto. E é por isso que se, para você, é difícil demais encarar essas verdades, a gente te diz: você não está só!
PS: minha amiga ganhou uma imagem bem bonita, que pode ser vista aqui
às nossas ideias libertárias sobre a vida das mulheres no mundo. E foi durante essa procura que encontrei a imagem que ilustra esta postagem, e que também a inspira.
"A verdade te libertará. Mas antes vai te deixar (muito, muito, muito) chateada" Esta imagem veio daqui |
Há alguma controvérsia sobre a autoria original desta frase, mas o fato é que ficou mais famosa por ter sido dita em palestras pela feminista americana Gloria Steinem, que em março completará 81 anos de idade. No momento em que bati o olho na figura, um filme passou na minha cabeça, e me lembrei das minhas próprias sensações de raiva e desencanto nas muitas descobertas de verdades insuspeitadas, mas especialmente daquelas relacionadas com minha vida de mulher em uma sociedade patriarcal. Dentre essas, aquelas verdades duras sobre o nascimento de crianças no Brasil, que a maioria das mulheres só descobre vivenciando-as da pior maneira possível.
Ao longo dos últimos nove anos de militância nesta área, conheci muitas mulheres que, como eu, ao se depararem com os fatos, não conseguiram evitar o sentimento de revolta. Para muitas, é tão impactante, que a negação é a saída imediata. Eu, pelo menos, fiquei assim por quase três anos, imersa em tudo que de bom a maternagem trazia, evitando problematizar ou mesmo me lembrar das circunstâncias do nascimento da minha filha. Se tivesse permanecido nesse estado, obviamente não estaria agora compartilhando estes pensamentos. Mas, em algum momento, por alguma razão desconhecida, passei para a raiva e depois para a libertação que a verdade traz.
Então, essa postagem é para lhe dizer que eu prefiro saber que médic@s e hospitais privados do ABC Paulista beiram a marca dos 100% de cesarianas. Que os poucos partos vaginais que ocorrem em hospitais privados são ainda mais violentos que os que acontecem no setor público. Que a única casa de parto do SUS, próxima da nossa região, tem tido dificuldades em se manter como um local com assistência atípica e adequada. Que as taxas de intervenções e cesarianas não têm caído nos hospitais públicos da região. Que a maioria das maternidades do ABC está entregue à gestão da mesma instituição de ensino, o que as torna maternidades-escola, fazendo com que as mulheres e os bebês se tornem mais expostos a intervenções desnecessárias, abusivas e dolorosas. Que as poucas iniciativas de gestões simpáticas a mudanças de paradigma andam como tartarugas, porque se quer fazer omeletes sem quebrar ovos.
Sim, eu prefiro a verdade. O que não quer dizer que goste dela. É que, exposta, inegável, a verdade nua e crua nos deixa com duas alternativas: ou a gente se conforma e aceita passivamente; ou a gente fica movida por uma indignação tal que quer virar de ponta-cabeça o sistema, quer seja só pra nós, quer seja para todas as irmãs. Dando de cara com a verdade em uma esquina, eu poderia correr no sentido oposto, por me julgar incapaz de lidar com ela ou enfrentá-la. Afinal, fui ensinada a ser assim desde pequenina. Interessante que, mesmo que ninguém tenha me "educado" para o parto, eu sabia direitinho que tinha que obedecer ao que me fosse prescrito. Da mesma forma que aprendi que eu não posso fazer xixi na rua mas os homens podem, que "homens são assim mesmo" (sei lá o que isso significa...), que preciso me vestir de forma "segura" etc.
Portanto, não é sem sofrimento que vem a parte da liberdade. Sentir-se livre para olhar na cara de enfermeir@s e médic@s e dizer "não, obrigada" a qualquer coisa que venham lhe impor requer trilhar um caminho árduo, pedregoso, imprevisível, solitário, acidentado e, muitas vezes, sem saída. Da mesma forma que não é nada fácil assentar-se a uma mesa cercada de pessoas poderosas de uma instituição hospitalar e soltar meia dúzia de palavras na contramão. Sozinha, a sensação de ser inadequada e desobediente pode nos assaltar, e assim nos encarcera. Por isso a imagem acima me inspirou - além da frase, a ideia de luz. Quando a gente sabe o que nos espera, sai do caminho escuro. E o caminho não fica iluminado só pra nós, mas também pra quem segue junto ou perto. E é por isso que se, para você, é difícil demais encarar essas verdades, a gente te diz: você não está só!
PS: minha amiga ganhou uma imagem bem bonita, que pode ser vista aqui
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