Esse é o título do texto publicado no Guia do Bebê, de autoria da Dra. Melânia Amorim, em resposta a texto anterior divulgado nesse mesmo site.
No seu artigo, Dra. Melânia faz questão de frisar: a assitência à saúde precisa ter como ponto de partida os resultados de pesquisas científicas bem conduzidas. A prática do profissional de saúde não deve se basear meramente na sua opinião ou preferência pessoal.
Com essa premissa, ela mostra dados de pesquisas sérias e bem realizadas que comprovam a segurança do parto domiciliar. E como ela mesma é uma profissional responsável, deixa bem claro que isso vale para gestantes de baixo risco, ou seja, que não apresentavam problemas de saúde sérios antes da gravidez, que tiveram acompanhamento pré-natal e que não exibiram qualquer motivo impeditivo para o parto domiciliar. Além disso, as pesquisas que ela menciona também são honestas ao indicarem que o parto domiciliar seguro tem de ser planejado e bem assistido, no sentido de que os profissionais de saúde devem estar treinados e preparados para isso e o sistema de saúde também deve estar pronto para acolher a mulher e a criança nos raros casos em que há necessidade de atendimento hospitalar.
Lá vou eu ilustrar a questão com uma experiência pessoal: dei à luz num hospital bonitão de São Paulo. O trabalho de parto evoluiu de modo fantástico até eu ser internada, com 6 cm de dilatação. Aí, tudo ficou difícil. Avental de bunda de fora, enfermeiras fazendo perguntas e exigindo respostas rápidas e congruentes, vai e vem de pessoas desconhecidas... eu me enfiei no banheiro e de lá demorei muito pra sair. Ainda assim, dar à luz cercada de enfermeiras de olhos cheios de lágrimas foi impactante. Elas ficaram emocionadas de ver um parto normal, gente, em plena maternidade...
Leia o artigo da Dra. Melânia Amorim na íntegra.
E no meu livro, Lembranças Fecundas, você pode ver o meu relato de parto e muitas outras experiências vividas durante a gravidez.
29 de abril de 2011
28 de abril de 2011
Dia do Trabalho
Pode parecer incongruente pedir mais tempo longe do trabalho em pleno dia do trabalho! Mas não é, não. Muitas mulheres querem trabalhar e muitas o fazem porque precisam e mais ainda porque gostam. Porém, ser mãe e trabalhadora muitas vezes implica competição entre os dois papéis. Logo após o nascimento da criança, então, nem se fale! Eu mesma quase joguei a toalha e pedi demissão - voltei de licença quando meu guri tinha 4 meses e meio. Ele não aceitou meu leite - sem ser no peito - logo de cara e até que resolvesse mamar na minha ausência e começasse a se alimentar, passaram-se longas semanas de choro e tristeza durante minha jornada laboral. A amamentação exclusiva não durou seis meses, pois tive de introduzir alimentos bem antes disso. Mas eu sou privilegiada e contei com a brava ajuda da minha mãe nessa empreitada - e meu filho só foi tomar leite que não fosse materno com mais de um ano de idade, mantendo as mamadas no peito até quase dois anos.
Para que outras mães não precisem passar pela mesma agonia que eu e outras mulheres enfrentam e enfrentaram, vamos lutar para que a licença-maternidade de 6 meses seja consolidada em todo o país!
Vale lembrar, por fim, que essa luta deve ser emplacada por tod@s, é pelo bem de nossa sociedade. Mulheres mais pobres e com vínculos de trabalho mais frágeis (quando têm vínculo) sempre são as mais prejudicadas. Garantir a elas também os 6 meses de licença significa garantir crianças mais saudáveis e mais bem cuidadas, além de mulheres mais bem dispostas e focadas no trabalho.
27 de abril de 2011
Encontro de abril
É com grande pesar que comunico que este mês não poderemos realizar nosso encontro no ABC.
Isso não significa, porém, que nossas atividades estão paralisadas, ao contrário! Deborah e eu estamos totalmente mergulhadas em nossos projetos de pós-graduação. No próximo mês, nós duas passaremos pela banca de qualificação, o que tem consumido tempo razoável de nossa agenda.
Se você está grávida ou deseja ficar e quer trocar informações e experiências sobre gravidez e parto, não precisa esperar pelo próximo encontro do grupo! Mande um e-mail para a gente e teremos o maior prazer de começar esse papo virtualmente.
Mês que vem teremos ainda mais assunto pra tratar no nosso encontro presencial!
Isso não significa, porém, que nossas atividades estão paralisadas, ao contrário! Deborah e eu estamos totalmente mergulhadas em nossos projetos de pós-graduação. No próximo mês, nós duas passaremos pela banca de qualificação, o que tem consumido tempo razoável de nossa agenda.
Se você está grávida ou deseja ficar e quer trocar informações e experiências sobre gravidez e parto, não precisa esperar pelo próximo encontro do grupo! Mande um e-mail para a gente e teremos o maior prazer de começar esse papo virtualmente.
Mês que vem teremos ainda mais assunto pra tratar no nosso encontro presencial!
Lançamento de livro
Para quem deseja se inspirar, transpirar, e embeber-se em ocitocina, na quarta, 4 de maio, acontece o lançamento do livro Parto com Amor, de Luciana Benatti e Marcelo Min. Em fotos e textos, eles coletaram muito sensivelmente a energia e a positividade da experiência de parto de mulheres poderosíssimas!
Dá pra conferir algumas imagens no álbum virtual do Marcelo.
E também dá pra comprar o livro pelo ciadasmães.
Imperdível!!
4 de maio, às 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (SP)
21 de abril de 2011
O Brasil precisa de obstetrizes
Ontem, Janet Balaskas, autora do fantástico Parto Ativo, falou a um auditório cheio na Faculdade de Saúde Pública. Eu, como muitas outras pessoas, não pude participar, porque afinal de contas alguém precisa trabalhar neste país (ah, vá, eu preciso brincar um pouco para amenizar a dor de cotovelo!). Mas acompanhei alguns comentários via Facebook, já que o live streaming pretendido pela Raquel Marques não rolou (cobrança pública? que nada, mais uma brincadeira pra aplacar a inveja branca!).
Destaco aqui um comentário da Ana Cris:
"Há 30 anos também nao havia curso de obstetrizes na Inglaterra, até que a universidade liderou um movimento para abertura dessa carreira. Hoje existem as duas possibilidades, obstetrizes ou enfermeiros obstetras."
Vivemos um momento crucial no Brasil, com a possibilidade de estabelecermos uma nova ordem, ou ao menos com a ampliação de nossas possibilidades de parir. A meu ver, a formação de nível superior de profissionais como as obstetrizes é fundamental para que mais mulheres possam ter acesso a um parto ativo - e por isso mesmo, respeitoso, amoroso, fisiológico.
Deixo agora o vídeo que foi realizado "naquela" manifestação no Masp, pela manutenção do curso de Obstetrícia na USP Leste.
Destaco aqui um comentário da Ana Cris:
"Há 30 anos também nao havia curso de obstetrizes na Inglaterra, até que a universidade liderou um movimento para abertura dessa carreira. Hoje existem as duas possibilidades, obstetrizes ou enfermeiros obstetras."
Vivemos um momento crucial no Brasil, com a possibilidade de estabelecermos uma nova ordem, ou ao menos com a ampliação de nossas possibilidades de parir. A meu ver, a formação de nível superior de profissionais como as obstetrizes é fundamental para que mais mulheres possam ter acesso a um parto ativo - e por isso mesmo, respeitoso, amoroso, fisiológico.
Deixo agora o vídeo que foi realizado "naquela" manifestação no Masp, pela manutenção do curso de Obstetrícia na USP Leste.
20 de abril de 2011
Parto ativo na teoria e na prática
No dia em que Janet Balaskas fala em evento aberto na Faculdade de Saúde Pública, dedico uns minutos de post à colega Rosana Oshiro, que acabou de chegar ao Brasil com sua linda família.
Rosana é uma das blogueiras do Materna Japão e eu tive a honra de conhecê-la virtualmente faz já algum tempo, quando revisei os seus relatos de parto. Engraçado que as histórias dela me marcaram um bocado naquela época, porque me transmitiram um espírito de luta, de incerteza, de força, de sensibilidade. E só agora, ao conhecer um pouco mais da sua vida particular, compreendi essas sensações que apreendera do nascimento dos seus dois primeiros filhos.
Rosana agora é mãe de cinco, isso mesmo, cinco crianças muito lindas! E a última delas nasceu no Japão não faz dois meses, em um parto domiciliar repleto de emoção, de respeito, de gemidos, de amor. Como todo parto deveria ser. Bem, eu já a admirava antes, agora, então, ela é uma heroína para mim, como muitas outras mulheres que tive e tenho oportunidade de conhecer por conta da militância pró-parto ativo.
O termo "parto ativo" foi cunhado no Reino Unido, na década de 80, e resume aquilo que eu e Deborah entendemos que deva ser a busca da mulher em sua gravidez. Buscar um parto ativo compreende tomar conta do próprio corpo, tanto em sua dimensão fisiológica como em sua dimensão social. Para nós, a mulher e seu corpo não são objetos tampouco máquinas sob a tutela de profissionais da área da saúde, de familiares, de companheiros. Isso e um pouco mais a maravilhosa Janet Balaskas expõe no livro Parto Ativo, a segunda leitura que mais me marcou durante a gravidez. (Outro dia falo aqui do livro sobre gravidez e parto que eu considero mais importante, vital, fundamental e tudo o mais de bom neste mundo!)
Enfim, Rosana e família, sejam bem-vindos!
Rosana é uma das blogueiras do Materna Japão e eu tive a honra de conhecê-la virtualmente faz já algum tempo, quando revisei os seus relatos de parto. Engraçado que as histórias dela me marcaram um bocado naquela época, porque me transmitiram um espírito de luta, de incerteza, de força, de sensibilidade. E só agora, ao conhecer um pouco mais da sua vida particular, compreendi essas sensações que apreendera do nascimento dos seus dois primeiros filhos.
Rosana agora é mãe de cinco, isso mesmo, cinco crianças muito lindas! E a última delas nasceu no Japão não faz dois meses, em um parto domiciliar repleto de emoção, de respeito, de gemidos, de amor. Como todo parto deveria ser. Bem, eu já a admirava antes, agora, então, ela é uma heroína para mim, como muitas outras mulheres que tive e tenho oportunidade de conhecer por conta da militância pró-parto ativo.
O termo "parto ativo" foi cunhado no Reino Unido, na década de 80, e resume aquilo que eu e Deborah entendemos que deva ser a busca da mulher em sua gravidez. Buscar um parto ativo compreende tomar conta do próprio corpo, tanto em sua dimensão fisiológica como em sua dimensão social. Para nós, a mulher e seu corpo não são objetos tampouco máquinas sob a tutela de profissionais da área da saúde, de familiares, de companheiros. Isso e um pouco mais a maravilhosa Janet Balaskas expõe no livro Parto Ativo, a segunda leitura que mais me marcou durante a gravidez. (Outro dia falo aqui do livro sobre gravidez e parto que eu considero mais importante, vital, fundamental e tudo o mais de bom neste mundo!)
Enfim, Rosana e família, sejam bem-vindos!
13 de abril de 2011
Hospitais não poderão cobrar de quem acompanha parto
Do Diário do Grande ABC
Lei
publicada na segunda-feira no Diário Oficial do Estado de São Paulo
proíbe as maternidades particulares de cobrar taxas para permitir que o pai ou outro acompanhante escolhido pela gestante assistam ao parto no centro obstétrico.
De acordo com o texto, o veto se refere ?aos valores cobrados a título de higienização, esterilização e demais procedimentos necessários para que a pessoa possa adentrar o centro obstétrico, independentemente da nomenclatura dada à cobrança?.
A norma, no entanto, ainda precisa ser regulamentada pela Secretaria de Estado da Saúde, que deve determinar como será feita a fiscalização e qual será a punição para os hospitais que descumprirem a regra.
O direito a acompanhante durante o parto já era garantido por lei federal e estadual. Os textos, no entanto, não faziam menção à cobrança de taxas. Em 2008, uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que - no caso dos beneficiários de planos de saúde - as operadoras deveriam cobrir as despesas do acompanhante, ficando proibida qualquer cobrança aos usuários.
Nem todas as maternidades, porém, cumprem a determinação. ?A leis que existiam até agora davam margem a muitas interpretações. Muitos hospitais cobram taxas exorbitantes que, no fundo, têm o objetivo de coibir o direito da mulher de ter um acompanhante?, afirma Deborah Delage, da Rede Parto do Princípio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
AE
De acordo com o texto, o veto se refere ?aos valores cobrados a título de higienização, esterilização e demais procedimentos necessários para que a pessoa possa adentrar o centro obstétrico, independentemente da nomenclatura dada à cobrança?.
A norma, no entanto, ainda precisa ser regulamentada pela Secretaria de Estado da Saúde, que deve determinar como será feita a fiscalização e qual será a punição para os hospitais que descumprirem a regra.
O direito a acompanhante durante o parto já era garantido por lei federal e estadual. Os textos, no entanto, não faziam menção à cobrança de taxas. Em 2008, uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que - no caso dos beneficiários de planos de saúde - as operadoras deveriam cobrir as despesas do acompanhante, ficando proibida qualquer cobrança aos usuários.
Nem todas as maternidades, porém, cumprem a determinação. ?A leis que existiam até agora davam margem a muitas interpretações. Muitos hospitais cobram taxas exorbitantes que, no fundo, têm o objetivo de coibir o direito da mulher de ter um acompanhante?, afirma Deborah Delage, da Rede Parto do Princípio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
AE
12 de abril de 2011
AGORA É LEI!
Pelo menos no Estado de São Paulo, acabaram-se as desculpas. Maternidade não pode impedir a presença de acompanhante no parto, como já estabelecido por lei federal. Adiciona-se, agora, nova lei estadual, que deixa claro: o hospital não pode cobrar taxa de nada para o acompanhante! Que a lei se estenda a todo o país!
LEI Nº 14.396, DE 11 DE ABRIL DE 2011
( Projeto de lei nº 417/10,
do Deputado Conte Lopes - PTB)
Proíbe a cobrança por maternidades particulares,
para permitir que o pai ou acompanhante
assista ao parto no Centro Obstétrico..
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e
eu promulgo a seguinte lei:
Artigo 1º - Fica proibida, no âmbito do Estado, a
cobrança de qualquer valor ou taxa, pelas maternidades
particulares, para permitir que o pai ou acompanhante
assistam ao parto dentro do centro obstétrico.
Parágrafo único - A vedação do “caput” refere-se
aos valores cobrados a título de higienização, esterilização
e demais procedimentos necessários para que a
pessoa possa adentrar o centro obstétrico, independentemente
da nomenclatura dada à cobrança, excluídos
os valores cobrados a título de outros serviços ofertados
pela maternidade.
Artigo 2º - vetado.
Artigo 3º - Esta lei entra em vigor na data de sua
publicação.
Palácio dos Bandeirantes, 11 de abril de 2011.
GERALDO ALCKMIN
Giovanni Guido Cerri
Secretário da Saúde
Eloisa de Souza Arruda
Secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania
Sidney Estanislau Beraldo
Secretário-Chefe da Casa Civil
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 11
de abril de 2011.
LEI Nº 14.396, DE 11 DE ABRIL DE 2011
( Projeto de lei nº 417/10,
do Deputado Conte Lopes - PTB)
Proíbe a cobrança por maternidades particulares,
para permitir que o pai ou acompanhante
assista ao parto no Centro Obstétrico..
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e
eu promulgo a seguinte lei:
Artigo 1º - Fica proibida, no âmbito do Estado, a
cobrança de qualquer valor ou taxa, pelas maternidades
particulares, para permitir que o pai ou acompanhante
assistam ao parto dentro do centro obstétrico.
Parágrafo único - A vedação do “caput” refere-se
aos valores cobrados a título de higienização, esterilização
e demais procedimentos necessários para que a
pessoa possa adentrar o centro obstétrico, independentemente
da nomenclatura dada à cobrança, excluídos
os valores cobrados a título de outros serviços ofertados
pela maternidade.
Artigo 2º - vetado.
Artigo 3º - Esta lei entra em vigor na data de sua
publicação.
Palácio dos Bandeirantes, 11 de abril de 2011.
GERALDO ALCKMIN
Giovanni Guido Cerri
Secretário da Saúde
Eloisa de Souza Arruda
Secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania
Sidney Estanislau Beraldo
Secretário-Chefe da Casa Civil
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 11
de abril de 2011.
11 de abril de 2011
A luta continua
Texto publicado na seção de Opinião do Estadão mostra que a polêmica em torno do curso de Obstetrícia ainda vai dar o que falar.
Não se trata apenas de discutir a extinção ou não de mais um curso de graduação. Trata-se de debater o modelo de assistência que temos hoje e as opções que desejamos oferecer para as gerações futuras.
Abaixo, reproduzo o texto do Estadão.
USP Leste e o curso de obstetrícia
10 de abril de 2011 | 0h 00
Desde que formou suas primeiras turmas de graduação, a partir de 2010, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) - a USP Leste - vem enfrentando problemas com alguns cursos de caráter interdisciplinar, destinados a acompanhar a crescente diversificação das profissões. O caso mais grave é o do curso de obstetrícia, cujos formandos só estão conseguindo obter registro profissional por meio de liminares judiciais.
Criado em 2005, o curso é o único do País na área. Com duas turmas já formadas, ele oferece 330 vagas, tem duração de quatro anos e meio e forma especialistas capazes de "cuidar da saúde de gestantes, parturientes, puérperas, recém-nascidos e familiares". Mas, desde 2008, o Conselho Regional de Enfermagem se recusa a reconhecê-lo.
Nos últimos três anos, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) divulgou vários pareceres contrários à concessão de registro profissional para os obstetras formados pela EACH. A última manifestação da entidade ocorreu na semana passada. Segundo ela, a obstetrícia não é uma atividade profissional regulada por lei. O único dispositivo legal que estabelecia diretrizes para a profissão de "obstetriz" (sic) foi revogado há vários anos.
Por isso, os formandos de obstetrícia da USP Leste estão num limbo jurídico. Apesar de diplomados, não conseguem registro na área de sua formação, uma vez que, por falta de lei específica, não há um Conselho Federal de Obstetrícia. Por outro lado, a entidade mais próxima de seu campo de especialização - o Cofen - alega que o currículo da USP Leste não dedicou a necessária carga horária à enfermagem. Para o Cofen, os obstetras da USP Leste carecem de "formação completa". Já para os alunos, o curso os prepara para lidar não só com partos, "mas, também e igualmente, com processos emocionais, sociais, culturais e espirituais para um mundo melhor".
Dentro da USP, os órgãos colegiados começaram a debater uma ampla reforma curricular na EACH, para que ela possa "atender às demandas sociais, científicas e tecnológicas da sociedade". Nos escalões superiores da maior universidade brasileira, a ideia que vai predominando é a de incorporar a graduação em obstetrícia ao curso de enfermagem, sob a justificativa de que as duas áreas do conhecimento são convergentes. Alunos e professores de obstetrícia classificam a proposta como "saída covarde", acusando a cúpula da USP de ceder às pressões corporativas do Cofen. E, na EACH, a comissão de graduação decidiu manter as vagas previstas para obstetrícia no próximo vestibular.
"Se formos diluídos na enfermagem, não conseguiremos construir um campo de conhecimento próprio", diz a coordenadora do curso de obstetrícia, Nádia Narchi. Depois de várias passeatas para protestar contra uma eventual fusão, alunos e professores conseguiram o apoio do governador Geraldo Alckmin. Embora a direção da USP tenha distribuído nota alegando que a lei confere aos órgãos colegiados autonomia para fazer "a avaliação permanente da graduação" e que a revisão curricular dos cursos da EACH é um "processo natural", Alckmin afirmou que "a modernidade exige equipes multiprofissionais" e que, em matéria de saúde, nem tudo precisa ser feito por médicos. "Sou favorável à manutenção do curso", diz ele.
Esse embate revela os problemas que as universidades de ponta têm de enfrentar para se modernizar, criando cursos interdisciplinares. Os conselhos corporativos têm razão quando alegam que não podem conceder indiscriminadamente registros profissionais. Alunos e docentes de obstetrícia da EACH também estão certos quando afirmam que, se a USP puder oferecer somente cursos que os conselhos reconhecem, ela não conseguirá alargar as fronteiras do conhecimento e atender ao mercado de trabalho. O impasse não pode ser superado nem por critérios corporativos nem por injunções políticas. A solução deve sair de um amplo debate, no qual devem prevalecer as duas principais marcas da USP - a preocupação com o princípio do mérito e a prioridade para as transformações da tecnologia.
Não se trata apenas de discutir a extinção ou não de mais um curso de graduação. Trata-se de debater o modelo de assistência que temos hoje e as opções que desejamos oferecer para as gerações futuras.
Abaixo, reproduzo o texto do Estadão.
USP Leste e o curso de obstetrícia
10 de abril de 2011 | 0h 00
Desde que formou suas primeiras turmas de graduação, a partir de 2010, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) - a USP Leste - vem enfrentando problemas com alguns cursos de caráter interdisciplinar, destinados a acompanhar a crescente diversificação das profissões. O caso mais grave é o do curso de obstetrícia, cujos formandos só estão conseguindo obter registro profissional por meio de liminares judiciais.
Criado em 2005, o curso é o único do País na área. Com duas turmas já formadas, ele oferece 330 vagas, tem duração de quatro anos e meio e forma especialistas capazes de "cuidar da saúde de gestantes, parturientes, puérperas, recém-nascidos e familiares". Mas, desde 2008, o Conselho Regional de Enfermagem se recusa a reconhecê-lo.
Nos últimos três anos, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) divulgou vários pareceres contrários à concessão de registro profissional para os obstetras formados pela EACH. A última manifestação da entidade ocorreu na semana passada. Segundo ela, a obstetrícia não é uma atividade profissional regulada por lei. O único dispositivo legal que estabelecia diretrizes para a profissão de "obstetriz" (sic) foi revogado há vários anos.
Por isso, os formandos de obstetrícia da USP Leste estão num limbo jurídico. Apesar de diplomados, não conseguem registro na área de sua formação, uma vez que, por falta de lei específica, não há um Conselho Federal de Obstetrícia. Por outro lado, a entidade mais próxima de seu campo de especialização - o Cofen - alega que o currículo da USP Leste não dedicou a necessária carga horária à enfermagem. Para o Cofen, os obstetras da USP Leste carecem de "formação completa". Já para os alunos, o curso os prepara para lidar não só com partos, "mas, também e igualmente, com processos emocionais, sociais, culturais e espirituais para um mundo melhor".
Dentro da USP, os órgãos colegiados começaram a debater uma ampla reforma curricular na EACH, para que ela possa "atender às demandas sociais, científicas e tecnológicas da sociedade". Nos escalões superiores da maior universidade brasileira, a ideia que vai predominando é a de incorporar a graduação em obstetrícia ao curso de enfermagem, sob a justificativa de que as duas áreas do conhecimento são convergentes. Alunos e professores de obstetrícia classificam a proposta como "saída covarde", acusando a cúpula da USP de ceder às pressões corporativas do Cofen. E, na EACH, a comissão de graduação decidiu manter as vagas previstas para obstetrícia no próximo vestibular.
"Se formos diluídos na enfermagem, não conseguiremos construir um campo de conhecimento próprio", diz a coordenadora do curso de obstetrícia, Nádia Narchi. Depois de várias passeatas para protestar contra uma eventual fusão, alunos e professores conseguiram o apoio do governador Geraldo Alckmin. Embora a direção da USP tenha distribuído nota alegando que a lei confere aos órgãos colegiados autonomia para fazer "a avaliação permanente da graduação" e que a revisão curricular dos cursos da EACH é um "processo natural", Alckmin afirmou que "a modernidade exige equipes multiprofissionais" e que, em matéria de saúde, nem tudo precisa ser feito por médicos. "Sou favorável à manutenção do curso", diz ele.
Esse embate revela os problemas que as universidades de ponta têm de enfrentar para se modernizar, criando cursos interdisciplinares. Os conselhos corporativos têm razão quando alegam que não podem conceder indiscriminadamente registros profissionais. Alunos e docentes de obstetrícia da EACH também estão certos quando afirmam que, se a USP puder oferecer somente cursos que os conselhos reconhecem, ela não conseguirá alargar as fronteiras do conhecimento e atender ao mercado de trabalho. O impasse não pode ser superado nem por critérios corporativos nem por injunções políticas. A solução deve sair de um amplo debate, no qual devem prevalecer as duas principais marcas da USP - a preocupação com o princípio do mérito e a prioridade para as transformações da tecnologia.
8 de abril de 2011
Tá todo mundo comentando
Mariana é uma mulher de 28 anos que há poucos dias deu à luz uma menina saudável, a quem deu o nome de Joana. Mariana é filha da apresentadora Ana Maria Braga. Mas esse detalhe, acreditem, não é o que torna a história dela diferente da de muitas outras mulheres brasileiras. O que distingue Mariana de outras mulheres que se tornam mães em nosso país é a forma como ela recebeu sua filha.
Mariana escolheu um parto domiciliar e no aconchego de sua casa deu à luz, amamentou, deu banho. Do lado do marido, ao alcance do enteado, sob o faro dos cachorros de estimação.
As fotos publicadas no uol não deixam dúvidas: foi tudo muito intenso, repleto de vida e de felicidade. Ela sentada, amamentando, sorrindo, eis uma boa definição de plenitude.
Uma pena que Mariana e sua história sejam exceção no nosso país. Muitas de nós sequer conhecemos essa possibilidade. Muitas de nós sequer poderemos optar por um parto. Muitas de nós sequer saberemos o nome do profissional que nos atendeu. Pois é. Algumas maternidades são tão "produtivas" que, em sua linha de fabricação, muitos profissionais de saúde (obstetras, pediatras, anestesistas, enfermeiros) sequer têm tempo de dizer seu nome à parturiente. E se o tivessem, será que o fariam?
Mariana escolheu um parto domiciliar e no aconchego de sua casa deu à luz, amamentou, deu banho. Do lado do marido, ao alcance do enteado, sob o faro dos cachorros de estimação.
As fotos publicadas no uol não deixam dúvidas: foi tudo muito intenso, repleto de vida e de felicidade. Ela sentada, amamentando, sorrindo, eis uma boa definição de plenitude.
Uma pena que Mariana e sua história sejam exceção no nosso país. Muitas de nós sequer conhecemos essa possibilidade. Muitas de nós sequer poderemos optar por um parto. Muitas de nós sequer saberemos o nome do profissional que nos atendeu. Pois é. Algumas maternidades são tão "produtivas" que, em sua linha de fabricação, muitos profissionais de saúde (obstetras, pediatras, anestesistas, enfermeiros) sequer têm tempo de dizer seu nome à parturiente. E se o tivessem, será que o fariam?
1 de abril de 2011
Violência no parto em debate
Na quarta-feira, 6 de abril, às 13 horas, na Câmara Municipal de São Paulo (Viaduto Jacareí, 100 - Metro Anhangabaú) - 8º andar - Salão Nobre - acontecerá um evento importante que tratará do Parto Humanizado.
Gustavo Venturi, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, apresentará pesquisa em parceria com a Fundação Perseu Abramo sobre a violencia no parto - matéria recentemente veiculada na Folha de S.P. - que despertou muitas reflexões nos diversos cenários de assistencia ao parto e entre os profissionais e
usuários dos serviços de saúde.
A pesquisa será apresentada e debatida por especialistas envolvidos com a formação de profissionais para a assistencia ao parto e por gestores de serviços e organizações publicas. Entre eles: Profa. Dra. Nadia (Curso de Obstetricia); Dra. Anke Riedel (Casa Angela); Dra Ma. Aparecida Orsini (Coordenadora do Programa Mãe Paulistana) e representante do governo federal que falará sobre o projeto Rede Cegonha (a confirmar). A organização e coordenação Vereadora Juliana Cardoso e
assessoria.
Convidamos a todos e todas para participar desta atividade e marcar presença nas discussões acerca do cuidado à mulher durante o processo de parto.
Divulguem! A entrada é franca!
Gustavo Venturi, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, apresentará pesquisa em parceria com a Fundação Perseu Abramo sobre a violencia no parto - matéria recentemente veiculada na Folha de S.P. - que despertou muitas reflexões nos diversos cenários de assistencia ao parto e entre os profissionais e
usuários dos serviços de saúde.
A pesquisa será apresentada e debatida por especialistas envolvidos com a formação de profissionais para a assistencia ao parto e por gestores de serviços e organizações publicas. Entre eles: Profa. Dra. Nadia (Curso de Obstetricia); Dra. Anke Riedel (Casa Angela); Dra Ma. Aparecida Orsini (Coordenadora do Programa Mãe Paulistana) e representante do governo federal que falará sobre o projeto Rede Cegonha (a confirmar). A organização e coordenação Vereadora Juliana Cardoso e
assessoria.
Convidamos a todos e todas para participar desta atividade e marcar presença nas discussões acerca do cuidado à mulher durante o processo de parto.
Divulguem! A entrada é franca!
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