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9 de agosto de 2013

Memória e Contexto - Parte 3:

No final de 2012, o Grupo MaternaMente foi convidado a falar sobre gestação e parto no programa Memória e Contexto, da TVTO Memória e Contexto tem por objetivo ativar o pensamento e a ação crítica por meio de conteúdos apresentados com o apoio do acervo da TVT e através dos testemunhos de quem viu ou viveu os fatos. No estúdio, convidados e apresentadora refletem sobre a conjuntura atual em um bate-papo informal mesclado com música. No programa que foi ao ar em 12 de dezembro de 2012, com uma hora de duração, a repórter Maria Amélia Rocha Lopes nos recebeu junto à pedagoga Fátima Gonçalves Benevides, integrante do Projeto Menina Mãe da Associação Paulista de Medicina, subsede Santos. A discussão sobre humanização da assistência foi intercalada com deliciosas intervenções musicais ao vivo do artista João Macacão. Recentemente os links para o programa foram disponibilizados online pelo canal, o que nos motiva hoje a refletir sobre os temas novamente. Convidamos você a pensar junto com a gente sobre os nós-críticos que ainda precisamos desatar para termos assistência digna, respeitosa e segura para mulheres nesta etapa de suas vidas.





O que mais me chama a atenção nesse bloco do programa são as imagens do parto hospitalar. Nelas é possível perceber várias intervenções sendo executadas sobre os corpos das mulheres. A gente poderia brincar de um "jogo dos 7 erros"... Pause o filme nas imagens de mulheres parindo e anote tudo que conseguir identificar como procedimento desnecessário, inseguro, doloroso e/ou não baseado em evidência. Eu já contei bem mais que sete...
É comum, entre nós, as mulheres pensarem que tais procedimentos ou condutas são tecnologia agregada para o bem da dupla mãe-bebê, pois são executadas por profissionais de saúde de alta qualificação e dentro de espaços destinados a cuidar das pessoas. Visto que parece ser impossível dissociar parto e esse pacote de intervenções, é também comum que as mulheres que já passaram por uma experiência ruim de parto ou ouviram o relato de alguém, passem a desejar para si a possibilidade de excluir esse sofrimento no nascimento de seus filhos.
Esse é o contexto ideal para a propagação da ideia da cesárea eletiva como alternativa "respeitosa" e indolor. Não fossem as intervenções danosas criadas pela própria assistência, seria bem mais difícil convencer mulheres a terem seus corpos abertos por uma cirurgia altamente invasiva e de grande porte para trazer seus bebês ao mundo. Esse é portanto um cenário duplamente perverso, pois impõe sofrimento para vender conveniências.
Ainda assim, é uma falácia afirmar que as mulheres desejam as cesáreas que por isso abundam no setor privado. Durante a conversa, quis mencionar dois estudos brasileiros que mostram claramente que a maioria das mulheres, no início da gestação, deseja parir. Entretanto, ao final, muitas mudam de ideia e desejam cesáreas. O que lhes acontece durante o trajeto do pré-natal que propicia essa mudança no desejo? Acho que você já sabe a resposta.
Caso queira aprofundar a leitura no tema, recomendo ler os estudos sobre os quais não houve tempo pra falar durante o programa. Nos links abaixo, você os encontra. Boa leitura e boa reflexão!

www.scielosp.org/pdf/csc/v13n5/17 - Estudo executado em hospitais privados da cidade do Rio de Janeiro

www.scielo.br/pdf/rsp/v38n4/21076.pdf - Estudo executado em hospitais públicos dos estados de São Paulo e Pernambuco

2 comentários:

Raquel Nantes Tavares disse...

Olá!

Gostaria de compartilhar o link do programa "Pra Você Ver", da TV dos Trabalhadores, que ontem (09/08) exibiu uma série de reportagens sobre parto humanizado! Nele está incluída a matéria sobre violência obstétrica, que gravamos coma ajuda do MaternaMente... se puderem ajudar com a divulgação, agradecemos!

Grande abraço,

Raquel Nantes Tavares
(11) 98212-1010
raquel.nantes@tvt.org.br
pauta.jornalismo@tvt.org.br

http://www.tvt.org.br/watch.php?id=14198&category=217

Deborah Delage disse...

Olá, Raquel! Desculpe a demora em responder. Como você pode ver, já disponibilizamos a divulgação da reportagem. aproveito para elogiar o profissionalismo e a coerência da matéria! Muito grata por dar visibilidade a este tema que nos é tão caro!

 

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