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11 de abril de 2013

As estrias na gravidez e as microdecisões no dia a dia

Aconteceu comigo. E se você está aqui, deve ter acontecido com você também.

Não sei em que ponto exatamente da gravidez caiu a ficha de que a assistência ao parto no nosso país é bem pouco comprometida com as evidências científicas. O resultado esperado do parto é que mãe e filho sobrevivam - e já está bom demais. Querer mais do que isso, em nosso país, é ser caprichosa.


Eu não quis cumprir essa expectativa e por isso fui em busca de alternativas. Eu basicamente queria fugir da episiotomia, de princípio, e então, aos poucos, descobri que o parto poderia ser muito mais do que um simples meio de meu filho vir ao mundo... mas, para que essa experiência fosse de fato prazerosa, transformadora e mesmo transcendente, como eu passei a desejar, notei que precisaria pensar muito bem cada passo de meu caminho.

Foi assim... foi assim que entendi que esta vida é feita de inúmeras escolhas diárias, das mais simples às mais complexas. Algumas triviais, outras nem tanto, mas todas elas carregadas de significado, de contexto, de causas, de consequências.
A massagem é gostosa e por isso faz bem! Mas quem disse que isso evita estrias?

Esses dias minha cunhada me contava que teve inúmeras estrias na primeira gestação, ainda adolescente. Mas que na segunda gestação, uma década mais velha, não passou por esse problema. "Acho que naquela idade, adolescente, o corpo não estava mesmo preparado para ter filho...", ela me disse. "A pele não estava pronta pra esticar tanto na barriga". Fiquei bem pensativa. Oras, por que raios ela teve tantas estrias em uma gestação e, na outra, não?

Minha primeira hipótese foi a do cuidado que ela mesma teria tido... na segunda gestação, casada, com maior poder aquisitivo, pensei, ela provavelmente teve acesso a cremes, óleos ou loções mais eficazes para evitar estrias.

Hum... e então me ocorreu de pesquisar sobre o assunto. E qual não foi minha surpresa ao descobrir que não há estudos de boa qualidade que comprovem a eficácia de qualquer produto que seja para prevenir estrias na gravidez? Nenhum! Há um ou outro estudo com pouquíssimas pessoas que relatam melhores resultados com uma dada substância, mas esses achados caem e não têm qualquer significado depois de uma análise estatística mais criteriosa.

Puxa vida. E pensar que eu gastei uma pequena fortuna com cremes e óleos durante a gravidez, na expectativa de que isso evitaria estrias! De fato eu não tive uma estria sequer na gravidez. Mas também é fato que eu já não tinha estrias antes. E mesmo hoje devo ter uma ou outra estria...

A conclusão dessa história trivial? Uma busca rápida na biblioteca Cochrane teria me poupado algumas centenas de precisos reais! 

2 comentários:

Marcelo "Muta" Ramos disse...

Eu ainda não passei por nada disso, mas mesmo assim estou aqui, hahaha. =P

Mas é incrível ir descobrindo o quão falhas são as informações... Em geral isso já é ruim, mas parece ainda pior no caso do parto/gravidez aqui no Brasil...

Anônimo disse...

Nunca estive grávida, mas vou me lembrar muito bem deste arquivo se um dia passar por esta experiência. E prometo dar bom fim aos reais economizados.

 

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