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25 de julho de 2013

Memória e Contexto - Parte 1: Temos direitos?

No final de 2012, o Grupo MaternaMente foi convidado a falar sobre gestação e parto no programa Memória e Contexto, da TVTO Memória e Contexto tem por objetivo ativar o pensamento e a ação crítica por meio de conteúdos apresentados com o apoio do acervo da TVT e através dos testemunhos de quem viu ou viveu os fatos. No estúdio, convidados e apresentadora refletem sobre a conjuntura atual em um bate-papo informal mesclado com música. No programa que foi ao ar em 12 de dezembro de 2012, com uma hora de duração, a repórter Maria Amélia Rocha Lopes nos recebeu junto à pedagoga Fátima Gonçalves Benevides, integrante do Projeto Menina Mãe, da Associação Paulista de Medicina, subsede Santos. A discussão sobre humanização da assistência foi intercalada com deliciosas intervenções musicais ao vivo do artista João Macacão. Recentemente os links para o programa foram disponibilizados online pelo canal, o que nos motiva hoje a refletir sobre os temas novamente. Convidamos você a pensar com a gente sobre os nós críticos que ainda precisamos desatar para termos assistência digna, respeitosa e segura para mulheres nesta etapa de suas vidas.



No primeiro bloco do programa, falamos de direitos. Fátima chamou a atenção para o fato de as escolas muitas vezes colaborarem para a evasão de adolescentes que engravidam, desestimulando-as a vir à escola para "evitar dar mau exemplo". As adolescentes têm o direito de se afastar da escola em licença-maternidade e podem fazer suas provas em casa, mas muitas vezes esses direitos lhes são negados. Tive um sentimento imediato de indignação ao ouví-la comentar sobre isso, e não pude deixar de pensar em como essa negação de direitos é fundamentada na visão de gêneros que temos na nossa sociedade. Lembrei-me também de uma professora que costuma dizer que, se a gravidez acontecesse no corpo dos homens, talvez aborto não fosse crime, mas um sacramento... De nossa parte, lembrei o quanto era importante estar ciente de que a assistência respeitosa e baseada em evidências científicas se inscreve no campo dos direitos humanos, mas gostaria de ter citado outras normas jurídicas além da Lei 11.108/05, conhecida como Lei do Acompanhante. Quem mandou falar demais? Rsss...


As imagens que foram ao ar me deixaram bastante pensativa... Algumas de 2011, mostrando a assistência em São Bernardo do Campo já na era da implantação da Rede Cegonha. Outras de 2004, no município de Santo André, onde minha filha havia nascido um ano antes. Naquela época, eu ainda estava evitando pensar em como tinha sido o nascimento dela. E hoje não consigo deixar de pensar sobre quão pouco mudou... ou nada, mesmo. As profissionais entrevistadas deixam transparecer em suas falas uma assistência que recorta a mulher em seu "pedaço mãe" e que parece mais se preocupar mesmo com o produto da gestação - o bebê - e menos com elas, que aparecem passivas, inclusive recebendo "sermão". 

Entre os discursos há um hiato de sete anos, e a promessa é sempre a mesma: humanizar a prática profissional. Muitas perguntas me vêm à cabeça: mas o que de fato é humanizar, para essas pessoas? como @s profissionais da assistência lidam com protagonismo da usuária? como quebrar as relações de poder instaladas dentro de cada instituição de saúde? como enfrentar a violência institucional/obstétrica? Sem encarar estas e outras questões, ninguém tira do abstrato para o concreto a tal da humanização. Quando será que alguém - leia-se profissionais da assistência e da gestão - vai se assentar em roda com as mulheres e colocá-las no centro da gestão do cuidado?

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