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22 de agosto de 2011

Escolhas de vida

Ontem visitei uma amiga que está no fim da gravidez, completou hoje 37 semanas. Eu a conheço há muitos anos, desde que tínhamos 15 anos e sequer pensávamos em formar família. Desde então, muita água rolou, nós fizemos faculdade, arrumamos uma profissão, mudamos... de endereço e de vida.

Ela me recebeu em sua casa com muita alegria e simpatia, como sempre. Mas já foi logo anunciando que a sua cesárea já está marcada para o dia 31, quando então terá 38 semanas e 2 dias. Ela queria muito que o bebê ficasse em sua barriga mais uma semana, mas então será feriado de 7 de setembro, e a maternidade já está lotada para esse dia.

Todas essas novidades em avalanche me tiraram a voz - e agora penso, aliviada, que isso foi providencial. Afinal, minha amiga já fez sua escolha e ela é compartilhada pela médica. Nada mais prático, conveniente e civilizado do que um nascimento com data e hora marcados. Basta pegar a malinha e ir para a maternidade, tranquila e penteada.

Quando consegui me recompor, percebi que deveria preservar a amizada de tão longa data. E para isso era fundamental oferecer apoio, não crítica, à escolha que minha amiga fez. Então, busquei serenidade do fundo do meu coração para selecionar e passar algumas informações que poderiam ser úteis a ela. "Política de redução de danos", eu martelava na minha cabeça. E foi o que tentei fazer.

Saí de lá com o coração muito triste por perceber que algumas mulheres simplesmente não percebem a oportunidade que deixam passar ao agendarem uma cesariana sem qualquer indicação médica. Deixam de viver uma experiência ímpar, indescritível, e muito gratificante, muito construtiva para a vida de mãe. A mistura de alegria, medo e ansiedade quando começa o trabalho de parto... as contrações involuntárias, que tomam conta do corpo e fazem tudo acontecer magicamente... a percepção de que o bebê é um ser humano que quer vir ao mundo, que tem vontade, que tem força...

Mas enfim, essa vontade de viver uma experiência incrível que é o parto eu não posso plantar em ninguém, nem nas minhas amigas que conheço há tanto tempo. Mas eu posso, ao menos, mostrar que:

- cesáreas agendadas não são legais para a saúde do bebê, e ao contrário do que os médicos insistem em dizer, faz muita diferença um bebê nascer de 37, 38, 39 ou 40 semanas;

- a maioria das mulheres é capaz de parir e a maioria dos bebês é capaz de nascer de parto normal. E quando eu digo maioria, é mais de 85% dos casos.

Será que a notícia do New York Times tem poder persuasão maior do que eu? Quem sabe ela importe, além do enxoval e dos brinquedos, um pouco das evidências científicas... o modelo obstétrico americano não é dos melhores, e as críticas a ele são basicamente as mesmas que fazemos ao modelo brasileiro. Quem sabe...

Eu me iludo, eu sei, pois cada pessoa é dona de si para fazer as próprias escolhas...

2 comentários:

mperri disse...

Só discordo de uma frase: - toda mulher é capaz de parir e todo bebê é capaz de nascer de parto normal.

Não... não é toda mulher que é capaz de parir e nem todo bebê é capaz de nascer de parto normal. Estou grávida, com mil e uma complicações. Por pouco não empacotei no meu primeiro parto, e, de certo empacotarei se dessa vez não agendar tudo direitinho. Da última vez, entre o primeiro sinal de parto e a cesária, de emergência, foram exatas 4 horas. Dessa vez tomo doses cavalares de Heparina... se eu tiver que ir pra faca num prazo menor do que 12h da última dose, fico na mesa... de eu tiver uma ruptura qualquer, por menor que seja, de episio, num parto normal, num prazo menor do que 12h da última dose, provavelmente não vivo para ouvir o choro do meu filho...
Então, não... não use essa defesa porque ela é falsa... a maior parte das mães pode parir e a maior parte dos bebês pode nascer de parto normal, mas não são todos... e, ao falar isso, você, como os médicos que induzem à cesárea desnecessária, estará sendo irresponsável, porque alguém, como eu, com menos informações, pode acreditar no que você diz... você quer essa responsabilidade na sua mão???
Não generalize nunca quando o assunto é saúde... o risco é grande demais!

Denise disse...

Tem razão, colega! E por isso mesmo já corrigi post. O ímpeto de escrever e desabafar foi graaaande demais, assim como a vontade de mudar o mundo! Não é irresponsabilidade, é pura paixão!

 

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