Em 2005, o curso de Obstetrícia foi retomado na USP, no seu campus na Zona Leste da cidade de São Paulo. Eu particularmente comemorei a possibilidade de contar com mais essa profissional - a obstetriz - no atendimento às parturientes.
Ocorre que nem tudo são flores: a saúde e o bem-estar da mulher nem sempre vêm em primeiro lugar. Conflitos diversos - como reserva de mercado, corporativismo, conservadorismo, cegueira de gênero, etc. etc. etc. - envolvem o atendimento ao parto no Brasil. E, assim, o curso de Obstetrícia pode ser extinto na USP.
Reproduzo, a seguir, a carta que alunas, ex-alunas e professoras do curso redigiram para solicitar sua atenção para o problema. No final, há um link para acessar o abaixo-assinado eletrônico em prol do curso de Obstetrícia. Leia a carta e participe do abaixo-assinado. Mesmo que você não pretenda ser assistida por uma obstetriz, essa profissional representa importante opção de atendimento qualificado - em São Paulo e em outras cidades brasileiras.
Pedido de apoio para a continuidade da Graduação em Obstetrícia na Universidade de São Paulo
A saúde da mulher encontra no Brasil números alarmantes. A OMS recomenda que o número de cirurgias cesáreas não ultrapasse 15%, porém, na rede pública brasileira este número alcança a marca de 48% e na rede particular de 70% a 90%. Apesar do incentivo do Ministério da Saúde do Brasil pelo parto normal e pela humanização dos mesmos, as taxas permanecem altas. Sendo assim, em resposta a este quadro, o curso de Obstetrícia foi reaberto na Universidade de São Paulo em 2005, 34 anos depois de sua extinção na mesma universidade.
Ressurgiu determinado a formar profissionais da saúde, capacitados para prestar uma assistência humanizada à população brasileira no que se refere assistência pré-natal, parto e pós parto, compreendendo a saúde da mulher, família e comunidade.
Acreditamos que uma atenção humanizada não é uma especificidade da obstetrícia, certamente profissionais médicos e enfermeiros podem e devem humanizar seu olhar e suas práticas. Contudo, a formação específica de Obstetrícia capacita os profissionais para praticar uma atenção individualizada à mulher e à família, compreendendo-a em seus processos de gestação, parto e amamentação como fisiológico, mas também e igualmente importantes, como processos emocionais, sociais, culturais, espirituais e como sementes para um mundo melhor.
No entanto, apesar de se propor a colaborar com a melhora da atenção a saúde da mulher, desde a sua reabertura, o curso enfrenta muitas dificuldades, dentre elas o impasse em relação a regularização da profissão de obstetriz. No diálogo com as instituições que poderiam regulamentar os profissionais formados nesse curso, viu-se a necessidade de ampliar a formação dos mesmos, o que gerou uma reformulação em sua grade curricular, que a partir de 2011 passa a ser realizado em 4 anos e meio em período integral. Assim, o curso foi tratando de dar respostas, aprender e recordar sempre qual a sua função e a importância que representa na possibilidade de contribuir na melhoria da atenção a saúde no Brasil.
A esses impasses soma-se o fato do curso de Obstetrícia estar situado em um campus recente da USP. Sendo um campus novo, os cursos situados nele têm pouca divulgação e consequentemente menor procura do que cursos tradicionais. Devido a isso, hoje a Obstetrícia enfrenta um problema ainda mais grave do que a regularização de seus profissionais: corre o risco de ter seu vestibular suspenso, o que abre a possibilidade do fechamento do mesmo. Além disso, há também a possibilidade de redução das vagas para acesso ao curso (hoje 60 vagas são disponibilizadas por ano). Entendemos, no entanto, que a realidade da assistência obstétrica no Brasil justifica a manutenção das 60 vagas atuais, permitindo a formação de um maior número de profissionais capacitados na assistência humanizada à saúde da mulher.
Como consequência indireta e não menos importante, a suspensão do vestibular e possível fechamento do curso diminui as chances das pessoas que vivem na Zona Leste de São Paulo, região caracterizada por população de menor poder aquisitivo e, dado o quadro das universidades do Brasil, com menor chances de cursar uma faculdade pública, em geral com maior prestígio no país.
Enfim, estamos falando da possível extinção da profissão Obstetriz e de sua capacidade de mudar a realidade obstétrica brasileira. Hoje os alunos formados podem trabalhar mediante uma ação judicial, porém enfrentam uma oposição das instiuições reguladoras que dificulta o ingresso destes profissionais no mercado de trabalho.
Pedimos, então, o seu apoio para evitar que a Obstetrícia tenha seu vestibular suspenso e sua formação ameaçada.
Para isso você deve acessar o abaixo-assinado eletrônico e preencher com seu nome, e-mail e algum documento (RG ou CPF). No site é possível deixar comentários também e o preenchimento da ficha completa (com mais dados) é opcional.
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4 comentários:
Assinado, amiguinha sumida. A Grace Simpsom em breve precisará dos préstimos desta profissão.
pronto, abaixo-assinado devidamente, errr, assinado!
isso vale a pena!
Urruuuuu!!
Obrigada, meninos!!
A humanidade agradece. ;o)
Assinado! Estava querendo fazer o curso. Pelo Sisu consegui fazer minha inscrição, espero que esta linda profissão não seja extinta! bjs.
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