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7 de junho de 2012

Encontro necessário

Encontrei outro dia, em um espaço de trabalho, a obstetra que tirou Sophia de dentro de mim. É, eu sei: ainda devo a mim e a todas que me conhecem desse nosso meio o meu relato de "parto".

Pois é, a última vez em que a vi foi no dia do aniversário de um ano da minha menina, tanto tempo atrás. Naquele momento ainda não estava em busca de nada, explicação alguma, apenas envolta em meu próprio mundo ocitocinado pelo aleitamento em demanda livre, embora o restante de meu mundinho caísse em pedaços ao meu redor.

Então, encontrei a moça. Já sabia das muitas voltas de sua vida, de seus dois filhos e já havíamos nos encontrado pelo FB. Mas antes, ficava pensando: o que será que vou sentir ao encontrá-la? Já tive tantos sentimentos diferentes, ao longo desses quase nove anos...

Lá estava ela, algumas fileiras à minha frente, à minha esquerda. Pois eu não pude esperar. Enquanto um dos palestrantes arrumava o datashow, fui pedindo licença, saindo do meu canto, até alcançá-la. Eu precisava saber. Agachada no chão, ao lado dela, toquei no seu joelho com um "oi!".

Os olhinhos amigos dela se iluminaram ao me ver, nos abraçamos naquela posição estranha, ela assentada, eu agachada, essas coisas que mulheres fazem. Deixei meu corpo sentir o dela, o único caminho para chegar ao conhecimento.

E foi isso. O encontro de duas mulheres, com suas conquistas e tragédias pessoais. Cujas vidas se cruzaram lá atrás em um contexto em que não se sabiam opositoras, para além do trabalho e da amizade que já compartilhavam.


Sei agora que sou livre. Do medo que tinha de odiá-la. Para falar com ela do que faço, se ela quiser saber. Para conversar da vida e d@s noss@s filh@s, como mulheres que experimentam essas vivências como qualquer outra. De sermos eu, a gestante, ela, a médica. Passou.

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